sexta-feira, 13 de maio de 2016

VAGANDO PELA NA EUROPA – PARTE FINAL

Acho que a pior parte de um texto é o encerramento. Então peço desculpas antecipadas caso não consiga fazer uma finalização tão apaixonada quanto os textos anteriores. Em minha defesa devo dizer que escrevi muito na última semana e que pode me faltar fôlego para encerrar meu relato de viagem.

Para esta última parte, eu reservei alguns prazeres gastronômicos e algumas passagens que não foram tão boas. Afinal, nada é perfeito. Vou começar com a culinária. Na Holanda, passei pouco tempo e devo dizer que me servi apenas de sanduíches enquanto no tempo de durou nossa escala. Mas foram ótimos sanduíches, diga-se de passagem.

Lanche em Amsterdã.
O primeiro, eu comi em uma pequena, mas aconchegante, lanchonete no centro de Amsterdã, acompanhado de um delicioso cappuccino e um doce recheado de limão. O segundo, eu comprei em um quiosque dentro do aeroporto. Eu, em geral, gosto de comida de aeroporto. Sempre há muitas opções de lanches rápidos. Refeições, nem tanto.

Em Lisboa almoçávamos quase todos os dias fora. No geral, optamos por peixe e, claro, bacalhau (bacalhau também é peixe, eu sei). A nossa primeira refeição não foi boa, devo confessar. Foi num restaurante dentro do Oceanário. Eu estava com fome, portanto não reclamei, mas não era exatamente o que eu gostaria de ter comido. Mas nos dias seguintes creio que fizemos boas escolhas. O café da manhã, eu comia em bares ou padarias. Normalmente muito simples, mas gostoso.


Bacalhau com Batatas.
Gostei dos pães portugueses, minhas acompanhantes nem tanto. Gosto do pão escuro, elas estranharam e sentiram falta do pão francês. Mas mataram a saudade na França onde, devo confessar, os pães são realmente deliciosos. E os croissants? Amanteigados e com a massa superfina e leve.

Café da manhã em Lisboa.
Outra coisa que gostei muito, em Portugal, foi das azeitonas e dos embutidos. Deliciosos. As azeitonas, em geral, temperadas. Adoro azeitonas, de todos os tipos. Quanto mais forte o sabor, melhor. Na sexta, dia 29 de abril, houve uma feira de produtos portugueses na Praça Figueiras. É a Figueira Marca-te, uma feira que acontece toda última sexta de cada mês. Uma parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa, a Associação Dinamização Baixa Pombalina e a Junta de Freguesia Santa Maria Maior, este é um evento criado para divulgar os produtos e produtores regionais.


Alguns dos produtos vendidos no Figueira Marca-te.
Foi por acaso que fomos até lá, mas valeu muito a pena. Eram embutidos, azeitonas, pães, sangrias com vinho do porto (deliciosas), bacalhau em lata (sim, sem conservantes e mergulhado em azeite puro) e doces. Tudo muito gostoso. Doces eu confesso que comi poucos. Gostei muito de experimentar o doce a base de ovos moles, embora seja um pouco enjoativo. 


Lanchinho básico no Figueira Marca-te
O que mais comi foram os pastéis de nata. Descobrimos um lugar chamado “Fabrica de Pastéis de Nata” e sempre que podíamos íamos lá. Os pastéis de nata, além de frescos e bem feitos, eram mais baratos do que em confeitarias e havia a opção de pedir um pastel de nata com degustação de vinho do Porto por um precinho bem camarada.


Vai Pastel de Nata com Vinho do Porto aí?
Aliás, pastel em Portugal não é o mesmo que no Brasil. Acho que o significado mais próximo seria “bolinho”. Outro pastel que consumi bastante foi o de bacalhau, recheado com queijo de ovelha, pois. É muito bom, seja acompanhado de um chop, seja acompanhado de vinho do Porto. Falando em Porto, prometo que minha próxima viagem para Portugal vai começar por lá. Achei que oito dias seriam suficientes para conhecer todos os lugares que eu queria, mas não foram. Melhor assim, tenho mais razões para voltar.

Pastel de Bacalhau com chop na Praça do Comércio.
Milagrosamente, voltei mais magra de Portugal. Pois é, nem eu entendi. Possivelmente foi porque andava o dia todo, subia ladeiras e escalava ruínas. Só isso explica este fenômeno.

O RUIM
Bem, deixei o ruim para o final, mas não se preocupem, não é nada fora do normal, mas é sempre bom deixar os possíveis futuros viajantes preparados para possíveis eventualidades.

Pra começar, esqueçam aquela ideia de que tudo na Europa é diferente do Brasil. Não é bem assim. Veja bem, meu primeiro choque foi durante o passeio de trem do aeroporto ao centro de Amsterdã. No trajeto eu vi muitos, mas muitos mesmo, exemplos de vandalismo como pichações em muros e casas. O mesmo eu pude presenciar em Lisboa, no trajeto de trem entre Lisboa e Sintra, inclusive nas estações de trem. E Paris não é diferente. Aliás, as estações de trem de Paris são lindas, por fora. Mas por dentro, em algumas, dá pra sentir o cheiro forte de urina nos corredores e também encontramos pichações e camelôs em vários pontos.


Não e só no Brasil que jogam lixo na rua, pessoal!
Subemprego não é coisa só de periferia. A gente vê muito imigrante africano, asiático e até brasileiro, vendendo lembrancinhas nas esquinas dos pontos turísticos. Na Torre Eiffel são tantos dá até pra ficar meio desnorteada. Outro engano achar que o emprego está sobrando por lá. Pra os imigrantes sobram as piores tarefas, quando conseguem, e para o próprio europeu, emprego está difícil. Foi o que me disseram alguns portugueses com quem conversei por aqueles dias. Portugal, então, está ficando sem seus jovens, que procuram emprego em outros países.

E eu tive mais exemplos de pobreza extrema do que eu gostaria de ter. Coisa do tipo ver mendigos deitados na porta de igrejas, pedindo esmolas ou mesmo gritando pelas ruas contra o governo e sua situação social. Vi pichações contra o governo em paredes de prédios da periferia e do centro. Coisa muito parecida como que, infelizmente, estamos habituados no Brasil.

Prédio abandonado e vandalizado, próximo ao centro turístico. 
Outra coisa, cuidado com a bolsa e carteira nunca é demais. Bolsas à vontade em cadeiras de restaurantes ou de bares são um convite aos meliantes de plantão. Nunca deixe nada seu exposto e cuidado com celulares e câmeras. Isso vale tanto para Portugal quanto para França.

Turistas são visados e pelos batedores de carteiras. Violência, pelo que me contaram, há pouca, mas furtos há muitos. E cuidado com os taxistas. Da mesma forma que aqui no Brasil, lá também existem os espertalhões. Minha amiga, por exemplo, foi enganada por um que lhe cobrou 30 euros por uma corrida na qual ela pagaria no máximo 10 euros.

Mas, no geral, tirando pequenas coisas do dia a dia que muitas vezes são inevitáveis, foi um dos melhores passeios que fiz na minha vida (quase melhor do que ir a Machu Picchu). Recomendo que escolham Portugal como roteiro de passeio em algum momento da sua vida em que você esteja precisando se libertar das tensões diárias.

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