sábado, 22 de junho de 2019

NOSSO LUGAR SECRETO 独家记忆番外


Eu fiz no mês passado a resenha de uma série chinesa, um dorama ou C-drama (clique aqui para conferir!). Eu estava meio enjoada de séries estadunidenses e resolvi experimentar outras coisas. Posteriormente, tomei gosto e assisti a outras séries, até muito melhores. Não me dei ao trabalho de resenhar uma vez que já havia muita coisa sobre elas na internet. Por exemplo, Eternal Love (Ten Miles Of Deach Blossoms) foi fantástico, mas não resenhei porque já havia muita coisa escrita sobre esse C-drama e não havia um propósito em repetir "mais do mesmo".

Mas ontem eu terminei de assistir um C-drama chamado "Nosso lugar secreto"  (Somewhere Only We Know) e, como de hábito, resolvi ler o que havia sido escrito sobre ele e comparar com as minhas impressões. Qual foi a minha surpresa ao descobrir que não havia nada escrito ainda. A própria Netflix fez uma resumo tão enxuto da série que, sinceramente, não chega nem perto do que ela realmente pode oferecer ao assinante. Então, me dei ao luxo de fazer essa pequena resenha (sem spoilers) da série, para amigos e conhecidos que tiverem interesse e quiserem conferir.

A série é um lançamento de 2019, mas ela se passa entre os anos de 2012 e 2013. O ambiente em que a trama se desenrola é basicamente a Universidade de Tung Hu (acho que é um nome fictício, pois não consegui encontrar nada sobre ela). A série gira em torno dos relacionamentos e problemas familiares de quatro amigas, que dividem um dormitório:  Zhao Xiao Tang (Sun Jia Ling), Bai Lin (não achei o nome da atriz),  Song Qi Qi (Deng Yu Li) e Xue Tong ( Li Ting Ting). Quatro moças entre seus 20 e 22 anos de idade, com personalidades diferentes e que enfrentam  muitos desafios na vida profissional e pessoal. 

Embora a série, com 24 episódios, comece focando no romance entre  Mu Cheng He (Chao Zhang) e Xue Tong, as quatro amigas acabam dividindo o protagonismo em tramas paralelas.


Os C-dramas que eu assisti até agora falam de romances inusitados, com altos e baixos, e uma enorme carga dramática. Normalmente o roteiro segue a regra: casal se apaixona, tentam separar o casal com tramas mirabolantes - e geralmente há uma mulher como vilã - e casal finalmente fica junto. Isso tudo regado a muitas lágrimas. O que essa série vai ter de diferente? 

Ao contrário das outras ela é uma série mais adulta e que explora intensamente o lado psicológico dos personagens. São pessoas comuns, vivendo uma vida comum e com problemas comuns. Também não há aquele excesso de maquiagem que eu percebo nas outras séries. Os atores estão, literalmente, de cara lavada. Possui uma carga emocional muito grande, claro, como vai acontecer em quase todos os seriados chineses que estão no Netflix.

É uma pequena novela que fala dos altos e baixos da vida, sem tramas para separar ou unir casais. Existe uma causa e efeito para tudo e as situações mais dramáticas surgem justamente para demonstrar que o custo e mesmo o benefício que o amadurecimento vai trazer para os personagens. Num determinado momento, uma personagem comenta que o preço de ficar mais velha são os desafios (problemas) que vão se multiplicando e isso é o preço se tornar adulto.

Eu, particularmente, gosto das séries que têm um pouco (ou bastante) fantasia, mas esta me pegou de surpresa. Fui fisgada pela sua simplicidade e pela forma como explora despretenciosamente o dia a dia de pessoas comuns. Outra coisa que me chamou a atenção nos c-dramas, de forma geram, foram os relacionamento entre homens e mulheres. Há muitos abraços e poucos beijos. 

Sexo é geralmente tratado de forma velada e raramente sugestionado. Mas nesta série fica claro que há relacionamento sexual entre os personagens e isso é encarado como algo normal e saudável. Mas é bom frisar que esses relacionamentos são heteroafetivos. Ele não possui o puritanismo marcante em outras séries chinesas, embora seu foco esteja muito mais nas relações sentimentais e do que em aspectos físicos do relacionamento heteroafetivo. 

Enfim, eu recomento a série pela sua sensibilidade e pela sua simplicidade. Boa opção para quem, como eu, enjoou de novelas, mas que eventualmente sente falta de assistir a um bom drama. 

ADENDO: eu recebi alguns comentário, que vou responder em seguida mas, de antemão eu adiando que concordo com relação ao final. O único ponto negativo: o final. Ele foi muito abrupto, mereciam ali mais um ou dois episódios. Mas acho que li algo sobre a série ter sido abreviada, o que pode explicar o final ter sido tão brusco.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DE LEOPOLDINA: IGREJA DE PROVIDÊNCIA - 1898

Igreja de Santo Antônio, em Providência (não tenho certeza se é a mesma que recebeu a benção em 1898, preciso verificar).

Lendo a Gazeta de Leopoldina, de 12 de junho 1898, deparei-me com um pequeno trecho que falava de uma festa em Providência, distrito de Leopoldina (MG), para a benção da nova Igreja. As festividades ocorreram entre 12 e 13 de junho. Segundo a Gazeta, do dia 19 de junho, trata-se da primeira Igreja do povoado. O jornal dese dia dedicou uma longa descrição das festividades, em primeira página. Leia um trecho:

(...) Conquanto de pequenas dimensões, todavia já preenche um fim sobremaneira elevado.

Acha-se colocada em um ponto belíssimo e fora construída por meio de auxilio dos fieis, tendo concorrido com o maior óbulo, afinal, o dr. Antônio Pedro, que assumira a direção dos seus trabalhos, para  o que não poupou esforços.

É S. Antônio seu padroeiro. Ele - que é um santo milagroso por excelência, mede um metro e é uma imagem perfeitíssima. 

A igreja o obtivera-o, por meio de um ato de devoção, da virtuosa esposa do dr. Antônio Pedro (...).
(Gazeta de Leopoldina, 19 de junho de 1898, p. 01)

Festas religiosas eram eventos concorridos e que reuniam pessoas de todos os estratos sociais, dando destaque, claro, aos membros da elite local. Muitas vezes eles doavam dinheiro para as obras das igrejas, compravam vitrais, encomendavam e doavam estátuas de santos, como foi o caso da doação feita pela esposa do dr. Antônio Pedro, cujo o nome não foi citado. 

As mulheres tinha sua identidade sobreposta pela do homem. Ela era simplesmente a filha do fulano, a esposa do beltrano. Mesmo quando seu nome é citado, ela ainda fica atrelada à sua condição de esposa ou filha de alguém. Note que isso ocorre ainda nos dias de hoje.

A missa do dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, foi celebrada pelo vigário Júlio Fiorentini, que, segundo Nilza Cantoni e José Luiz Machado[1],  mudou-se para Leopoldina no ano de 1896 e aqui viveu até sua morte, em 1924. o Padre Julio Fiorentini foi nomeado o vigário da Comarca de Leopoldina, criada em março daquele ano, pelo Bispo de Mariana, D. Silvério Gomes Pimenta. (Gazeta de  Leopoldina, 27 de fevereiro de 1898, p. 02).

O distrito de Providência foi criado pelo Decreto estadual nº 61, de 09 de maio de 1890 e ratificado pela Lei estadual nº 2, de 14 de setembro de 1891,  e anexado ao município de Leopoldina. Segundo Nilza Catoni, o nome do distrito é o de uma das fazendas que surgiram ali por volta dos anos de 1830, a partir de terras que foram doadas para a família Monteiro de Barros. A elas estavam incluídas, na época da sua criação, as terras do distrito de Santa Izabel, atual Abaíba[2].

Uma curiosidade é que a Paróquia Santo Antônio, de Providência, só foi criada em 1914 e época estava subordinada ao bispado de Juiz de Fora de Juiz de Fora. Com a criação da Diocese de Leopoldina, em 28 de março de 1942, Leopoldina, que estava submetida à Arquidiocese de Mariana, ganha as paróquias de Argirita e Providência. A elas, posteriormente, uniram-se outras. Outra curiosidade é que a construção da Catedral de Leopoldina foi uma forma da diocese, que foi criada durante a II Guerra Mundial, agradecer pelo armistício, daí o monumento em homenagem à Nossa da Paz, que fica ao lado da Catedral[3].



[1] CANTONI, Nilza. MACHADO, José Luiz. Nossas Ruas, Nossa Gente: Logradouros Públicos de Leopoldina. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/89281432/Nossas-Ruas-Nossa-Gente-Logradouros-Publicos-de-Leopoldina>. Acesso em: 07 jun. 2019.

[2] CANTONi, Nilza. Providência. Disponível em: <http://cantoni.pro.br/blog/2014/05/providencia/>. Acesso em: 08 jun. 2019.

[3] Diocese de Leopoldina. Disponível em: <http://dioceseleopoldina.com/diocese-de-leopoldina/>. Acesso em: 08 jun. 2019.