sábado, 29 de fevereiro de 2020

OS SUL-COREANOS JÁ PREVIAM A EPIDEMIA DO CORONAVÍRUS?


Assisti recentemente a uma série coreana  chamada "Terius Behind me" (내 뒤에 테리우스). É uma daquela séries de ficção para a gente relaxar no final se semana. Conta a história de um espião acusado injustamente de traição, que busca por vingança e que, no meio disso, se envolve com uma dona de casa e seus dois filhos pequenos (essa é a parte cômica). 

No enredo, uma trama que envolve espionagem, política e a indústria bélica da Coréia do Sul e da China. Uma mistura de filme de ação/espionagem, com uma comédia leve.  A série foi exibida em exibida na Coréia do Sul, com muito sucesso, entre 27 de setembro a 15 de novembro de 2018, tendo como protagonistas o ator e rapper So Ji Sub e a atriz Jung In-Sun

So Ji Sub e Jung In-Sun
Não tem aquela história de que a "vida imita a arte?". Pois é, mais do que nunca eu acredito nisso. Lá pelo episódio 20 eu simplesmente pulei da poltrona para escrever esta postagem. Por que? Preparem-se para um spoiler: em um dos episódios a organização secreta, cujas  conspirações quem servem, de pano de fundo para a a série, tenta usar uma versão aprimorada do coronavírus durante um atentado. O objetivo é forçar o governo a comprar uma vacina fabricada por um laboratório farmacêutico. 

O K-drama foi exibido no segundo semestre de 2018. Vamos supor que as gravações começaram no final de 2017 e que o roteiro foi escrito entre 2017 e 2016. No mínimo, há 3 anos atrás, o coronavírus já era considerado relevante os suficiente na Ásia para se tornar tema de uma narrativa ficcional.  Um amigo comentou comigo que desde 2007 já havia estudos sobre a possibilidade do vírus provocar uma epidemia.Então, imagino que material para transformar isso em ficção não faltou. 

O mundo pode ser pequeno, como diz o ditado, mas certamente nós do Ocidente, temos um remoto conhecimento do que acontece no Oriente. Talvez por isso o pânico causado pelo coronavírus, neste início de 2020, tenha ganhando proporções tão grandes enquanto que lá, vejam só, já era tema de série de TV há dois anos atrás. 
Os atores mirins surpreendem e roubam a cena!
Mas sobre a série em si, recomento. Ela é divertida.Destaque para as crianças: elas são encantadoras. Elas são encantadoras e muito naturais. Acompanharam muito bem os adultos (ou seria o contrário?) e deram uma equilibrada na narrativa, que ficava mais leve quando elas estavam em cena. Coloque em mente que a série não vai oferecer ao expectador aquela tensão romântica característica dos k-dramas. Em contrapartida, há muita ternura entre os personagens, sejam crianças ou adultos.

"Terius behind me" tem alguns clichês básicos, claro, mas muitos momentos ternos e surpreendentes. A atriz Jung In Sun trabalha muito bem. Quanto a So Ji Sub, eu tenho opiniões contraditórias com relação a ele. Acho que ele é adequado para os papeis que faz (vi mais uma série além desta com ele), mas não é um ator para o qual eu daria prêmios. Mas ele construiu uma carreira sólida no mundo pop, cantando, posando para fotos e sabendo escolher suas participações em séries. Já passou dos 40 anos e mantem sua popularidade, algo muito difícil para a maioria dos atores sul-coreanos, que depois de certo tempo são descartados pela indústria do entretenimento. Isso merece respeito. 

sábado, 22 de fevereiro de 2020

CHANTAL MONTELLIER CONTRA A PEDOFILIA


Semana passada, a quadrinista e escritora francesa Chantal Montellier lançou o livro “Dans la tête de Gabriel Matzneff”, pela editora Les Cahiers de l’Égaré, no qual se propõe a analisar a vida,a obra e o pensamento de Gabriel Mastzneff, um romancista e poeta francês que aborda em suas obras temas polêmicos, como a pedofilia.

Ah, mas eis o detalhe: ele defende a pedofilia em seus escritos tendo, por vezes, declarado gostar dos "mais jovens" em entrevistas que deu ao longo da sua carreira. O conteúdo dos seus livros (e foram muitos) foi baseado em suas aventuras sexuais com menores de idade. Apesar disso, ele recebeu incentivo financeiro do Estado e até prêmios e críticas positivas à sua obra. 

Agora, aos 83 anos, ele está sendo investigado pelo Ministério Público francês por violação de menor” depois da publicação do livro “Le Consentement”, da escritora Vanessa Springora, que na obra conta como viveu uma relação amorosa com Matzneff quando tinha dos 13 anos  aos 14 anos de idade. 

Para quem não conhece Chantal Montellier, ela é ativista política e feminista. O tipo de pessoa que não corre de uma briga. Eu não li ainda o livro, mas tenho expectativas a respeito dele a partir do que conheço da obra de Chantal Montellier. Ela vai bater com força e vai dizer coisas que muitas pessoas não querem ouvir. De fato, essa personalidade forte da autora lhe trouxe muitos problemas no meio dos quadrinhos e, como ela mesmo afirmou por diversas vezes, uma exclusão que não se justifica.

Mas é isso que eu gosto nela. Chantal tem muitos inimigos, e não se deixa intimidar por eles. Ela expressa em seus livros e seus quadrinhos a indignação que muitos de nós não têm coragem de admitir publicamente. Imagino que durante décadas os leitores e editores de Gabriel Mastzneff justificaram suas posições radicais como simples liberdade de expressão, reforçando as ações de um predador sexual que agiu livremente sem temer qualquer punição. Acredito até que, muitos deles, compartilham das opiniões do autor, caso contrário não leriam seus livros.

O processo contra Mastzneff, cujo julgamento foi marcado para 28 de setembro de 2021, e o próprio livro de Chantal Montellier, abrem o debate acerca de quem realmente somos e de quem queremos ser. De como as pessoas podem agir de forma omissa, de como a sociedade pode ser hipócrita. Um balde de água fria sobre aqueles que levantam a bandeira do moralismo mas que têm em sua cabeceira os livros de Gabriel Mastzneff.


sábado, 15 de fevereiro de 2020

IMPRESSÕES DA CATALUNHA: SABADELL

Parque de Sabadell - por do sol.
Em janeiro eu passei alguns dias na cidade de Sabadell, na província de Barcelona, Catalunha,  região autônoma da Espanha, a convite de um amigo que mudou recentemente para lá. Sabadell é uma cidade de porte médio, com cerca de 200 mil habitantes e foi uma das sedes das Olimpíadas de 1992[1]. Ela fica cerca de 40 minutos de trem de Barcelona, saindo da Praça da Catalunha.

Não é uma daquelas cidades antigas que guardam resquícios da Idade Média. Na verdade, é uma cidade bem moderna, cuja economia gira em torno do comércio e da indústria. Sabadell foi pioneira na Revolução Industrial Espanhola e, no século XIX, chegou a ser apelidada de "Manchester catalã” [2]. Bem próximo de onde fiquei hospedada há uma pracinha onde ainda de vê as chaminés de uma antiga fábrica, possivelmente uma tecelagem, em meio a prédios modernos.
 
Igreja de San Felix, originalmente uma capela construída no século XV e que foi passando por modificações até o século XX. Sua arquitetura é um misto de gótico e barroco - Centro de Sabadell.
A cidade é grande e eu fiquei no centro comercial, próxima ao Parque de Sabadell. Particularmente achei Sabadell muito acolhedora e charmosa. Não é uma cidade histórica como aqueles que eu gosto de visitar, mas é uma cidade muito agradável, com ruas arborizadas e ambiente acolhedor. O comércio da cidade é muito dinâmico, com lojas de franquias populares na Europa, cafés e restaurantes. 

O que me causou estranheza e, sinceramente, eu não consegui me adaptar, foram justamente os horários de funcionamento do comércio. À tarde quase tudo fecha durante duas horas (a famosa sesta - hora de descanso após o almoço), para reabrir mais tarde. É realmente muito estranho, principalmente porque não dá para saber exatamente o que vai estar aberto à tarde. Nisso, a Catalunha acompanha a Espanha.
Loja de presunto ibérico ou presunto pata negra.
Centro comercial de Sabadell


Aliás, eu estava na Espanha ou não estava? Eis a questão. Se eu fosse perguntar isso a um catalão certamente ele iria me dizer que não. Uma das primeiras experiências que eu tive em Sabadell foi assistir a uma sessão do Parlamento Catalão na televisão. Eu estava almoçando em um restaurante e, enquanto meu pedido não vinha eu assisti os deputados discutindo sobre a libertação de presos políticos.  Vou ser bem sincera, aquilo me deixou muito curiosa e intrigada e, ao longo da semana, eu fui colhendo informações e observando as manifestações, muitas delas silenciosas, dos habitantes de Sabadell.

Ao contrário de Barcelona, era possível ver os sinais do movimento catalão a todo canto. Nas janelas dos edifícios havia bandeiras da Catalunha. O símbolo da libertação catalã esta desenhado nas calçadas, nos postes, nas escadas e era usado como ornamento nos casados das mulheres e dos homens.
 
Símbolo separatista catalão.
Podia-se ver mensagens escritas em paredes, faixas pedindo a libertações de presos políticos e a libertação da Catalunha. O sentimento separatista ali é muito forte e, pelo visto, compartilhado pela maior parte da comunidade. Aliás, uma comunidade muito acolhedora.

Uma das coisas que me emocionou, em tempos tão obscuros quanto os que estamos vivendo, foi uma faixa colocada em um prédio público (acho que da prefeitura, não tenho certeza agora), em que o povo de Sabadell faz uma saudação aos refugiados. Sabadell se coloca de braços abertos a acolher aqueles que não têm para onde ir.

Se eu fizesse uma lista das cidades onde eu  gostaria de morar, certamente Sabadell estaria no topo dela, seja pela atitude positiva de seu povo, seja pelo sentimento de acolhimento que a cidade me passou. 

Falei muito do movimento Catalão, mas não expliquei o que ele é.  A região da Catalunha é uma província autônoma que pertence à Espanha. Ela fica bem ao Sul da França. O povo catalão é um grupo étnico que ocupa aquela região, que deseja se separar da Espanha e formar uma nação independente. Eles têm, inclusive, seu próprio idioma e seu parlamento[3]. 
Fiquei arrepiada com a legenda: "Se há pão, não há guerra."
O povo catalão teria ocupado a região por volta do século XII e o território passou a fazer parte da Espanha no século XVIII, após a guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714). Uma região que se destacava do restante da Espanha desde o início. A Catalunha foi uma das primeiras regiões a se industrializar na Europa, seguindo o exemplo da Inglaterra, numa  época em que o restante da Espanha ainda era majoritariamente agrícola. 

A ocupação da região no século XVIII nunca foi aceita pelo seu povo e a Catalunha se considera uma nação oprimida pela Espanha, daí o desejo e independência. Os separatistas ainda alegam que região, economicamente próspera, é explorada pela Espanha, pagando elevados impostos e não recebendo de volta benefícios que correspondam às suas contribuições[4].

Assim, ir à província de Barcelona não é necessariamente estar na Espanha. Povo, cultura, ideais políticos são muito diferentes. Enquanto não conquista sua autonomia, a Catalunha trabalha para manter viva sua identidade, e o faz muito bem. Mas, apesar de não ser difícil se comunicar com o catalão, às vezes é um tanto confuso. Ao mesmo tempo, se fala o espanhol com os turistas e o catalão com os nativos. Um pedacinho da Torre de Babel da Europa, que reúne num território relativamente pequeno etnias tão diversas.






[1] Sabadell. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sabadell>. Acesso em: 14 fev. 2020.
[2] Idem
[3] Movimentos Separatistas da Catalunha. Mundo Educação. Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/movimentos-separatistas-na-catalunha.htm>. Acesso em: 14 fev. 2020.
[4] Nacionalismo Catalão. Disponível em<https://pt.wikipedia.org/wiki/Nacionalismo_catal%C3%A3o>. Acesso em: 14 fev. 2020.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

ARTIGO SOBRE ARTES E CIÊNCIAS EM LEOPOLDINA

Imagem capturada do Jornal Leopoldinense
Disponível em: <https://leopoldinense.com.br/noticia/4573/cine-theatro-alencar>
Uma novidade para quem estuda ou se  interessa pela História de Leopoldina. O pesquisador Alan Vilela Barroso, aluno do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC), da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), publicou um artigo  sobre as produções teatrais e circenses exibidas nas casas de espetáculos de Leopoldina (MG), como Theatro Alencar, no final do século XIX e início do século XX.

Um trabalho muito interessante e inédito sobre a nossa história e que deve ser lido e compartilhado. O artigo completo, com o título "HISTORIOGRAFIA DAS ARTES CÊNICAS EM LEOPOLDINA: anos finais do século XIX; anos iniciais do século XX", pode ser acessado clicando aqui! 

O autor registrou sua pesquisa também em um blog, inclusive com vídeos, que pode ser acessando clicando aqui!

domingo, 9 de fevereiro de 2020

VISITANDO MONTSERRAT, CATALUNHA


Uma das coisas que eu mais queria nestas férias era conhecer Montserrat. Foi indicação do amigo Ricardo, que está sempre indo para lugares novos e interessantes. Quando pesquisei sobre o local fiquei encantada e logo coloquei na minha programação.

Montserrat fica perto de Barcelona, na Catalunha, cerca de uma hora de trem. Para chegar a Montserrat basta pegar um trem Plaça Espanya. Lá se vende as passagem, entradas para museu e até, para quem quiser, o almoço no restaurante do Mosteiro. Vale a pena já ir com tudo comprado. O passeio todo, com a refeição já comprada, fica numa média de 50 euros. 
 
Estação de Monistrol de Montserrat - ao fundo a "Montanha Sagrada".
O trem vai até a estação Monistrol de Montserrat onde se pode optar por subir a montanha de trem cremalheira (um trem menor) ou de teleférico. Nós fomos de trem cremalheira. Foi rápido, cerca de uns 15 minutos, e dá para admirar a paisagem, que é fabulosa.

Mas foi suado, viu! Demos a falta de sorte de, justo no dia do nosso passeio, a viagem de ida ter sido de quase duas horas a mais do que o previsto. Um trecho da ferrovia estava em obras. O desvio que tivemos que fazer teve um preço. Por exemplo, eu não consegui visitar o Museu de Montserrat e completei apenas 80% do passeio que havia programado. Daí fica a dica: sempre saia para os passeios mais cedo, imprevistos pode e vão acontecer. 

Mas vamos falar um pouco do que torna este lugar tão especial, para atrair mais de dois milhões de turistas por ano, mesmo estando afastado 50 km de Barcelona.

Praça da Basílica de Montserrat
Montserrat é um maciço rochoso considerado a montanha mais importante da Catalunha. Ela também é conhecida como “Montanha Sagrada”.  Segundo a lenda, no ano de 880, a imagem de uma Nossa Senhora apareceu em uma gruta da região. Mais tarde esta imagem recebeu nome de Nossa Senhora de Montserrat — a Virgem Negra, também conhecida como La Moreneta, padroeira da Catalunha.  A crença local conta que a imagem foi esculpida por São Lucas e deixada na montanha por São Pedro, no ano 50 da era cristã[1].

Durante as invasões muçulmanas na península Ibérica, no século VIII, ela foi escondida por devotos numa caverna e encontrada no século IX por um grupo de crianças. Posteriormente, um bispo tentou remover a imagem da montanha, mas não conseguiu movê-la, interpretando o fato como sendo a vontade dos céus de que a imagem lá permanecesse.[2]
Um dos muitos espaços de devoção da Basílica de Montserrat.
Por conta disso, decidiu-se construir o mosteiro no alto da montanha, próximo do local no qual a imagem apareceu. A imagem está na Basílica de Montserrat e os turistas podem se ajoelhar e fazer uma rápida oração aos pés da Santa. Eu passei por este ritual. E olhe, foi de arrepiar. Quem me conhece sabe que não sou do tipo de pessoa que está sempre em igreja ou participando de grupos religiosos. Mas tenho minha religiosidade e quando vou a lugares de devoção sinto uma energia diferente. 

Foi de arrepiar poder estar em frente da imagem de Nossa Senhora de Montserrat. Tanto que, logo depois, da experiência, em um corredor, lateral, do lado de fora da basílica, acendi uma vela e a coloquei ao lado de muitas outras, deixadas pelos devotos. Uma curiosidade, todo ano, no dia 27 de abril, comemora-se a festa de Nossa Senhora de Montserrat. Dia 27 de abril é, também, o aniversário de Leopoldina (MG), município onde eu resido.
 
Vista do Mosteiro e da Basílica de Montserrat - foto tirada da estação do funicular.
Mas, as lendas em torno da montanha não param por aí. Montserrat também é considerado um dos locais onde o Santo Graal teria sido escondido. Pois é, o cálice sagrado, aquele do filme “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989), e do livro “O Código Da Vince” (2003), de Dan Brown. O Santo Graal é o cálice usado por Jesus Cristo na Última Ceia, e onde, José de Arimateia colheu o sangue de Jesus durante a crucificação.

Uma das coisas que eu achei descobri, enquanto escrevia este texto, é que  Heinrich Luitpold Himmler, comandante militar da SS e um dos homens mais poderosos dentro do Partido Nazista (inclusive um dos responsáveis diretos pelo holocausto), chegou a ir a Montserrat, em 1940, em busca do Santo Graal, afirmando que o cálice lá estava[3]. Himmler, assim como muitos alemães, acreditavam nas lendas medievais que diziam que o Santo Graal, estava escondido em Montserrat. Os nazista recolhiam relíquias sagrada e obras de arte a mando de Hitler, que deseja criar uma grande tesouro histórico como umas das estratégias para se legitimar no poder como líder mundial[4]

Se as lendas sobre o local já não são suficientes para aguçar a curiosidade dos turistas que visitam a região, Montserrat ainda conta com mais dois trunfos: a beleza da paisagem e a arquitetura monumental do complexo criado em torno da imagem e da religiosidade do povo catalão.

Vista panorâmica - foto tirada de um dos mirantes.
Vamos começar falando da paisagem. Mesmo antes de subir a montanha ela já enche os olhos. O maciço pode ser visto de longe e, a cada ângulo que se observa, é muito bonito. Parece que foi esculpido a mão. Fotos tendo como fundo esta natureza exuberante e exótica vão ser um dos ponto altos do passeio. 

A região também é ideal para caminhadas, escaladas e outras atividades ligada à natureza. Em Montserrat, ao lado do Mosteiro, há inclusive um hotel, para aqueles que querem desfrutar ao máximo tudo que a montanha pode oferecer. Ah, durante o passeio tivemos a visita de uma raposa, que estava bem próxima de um dos mirantes da montanha.

No que diz respeito à arquitetura, uma das atrações é o Mosteiro de Montserrat, beneditino, erguido na Idade Média, no século XI, e destruído pelas tropas francesas durante as invasões napoleônicas, em 1811. Napoleão Bonaparte vencido, em 1815, a Espanha restaurou a sua monarquia e, em 1844 o mosteiro foi reconstruído. Por esta razão é possível perceber certo ecletismos na construção, misturando elementos medievais com outros, de inspiração barroca, por exemplo.
 
Detalhe da praça da Basílica de Montserrat.
Há inda a Basílica de Montserrat, uma das igrejas mais bonitas que eu tive o prazer de visitar. Logo na entrada ela parece um cenário de filme. É difícil não se encantar com a grandiosidade da arquitetura, as esculturas, as pinturas e o próprio ambiente místico que envolve o local. De quebra ainda pude ouvir um ensaio com órgão, simplesmente divino.

Outra atração é o Museu de Montserrat, que estava oferecendo uma exposição de um dos meus pintores italianos preferidos, Caravaggio, considerado o primeiro grande mestre barroco. Além disso, é um dos museus mais respeitados do mundo, com obras e Picasso, Monet, Dalí e outras coleções, que vão da Antiguidade à Idade Contemporânea. Infelizmente o tempo que gastamos para chegar a Montserrat, por conta dos desvios, não permitiu que eu fosse à exposição.


Acabei priorizando o passeio ao alto da montanha, até a gruta na qual a santa foi encontrada, para aproveitar a luz sol, pois no inverso escurece mais cedo. Pegamos o funicular de Sant Joan, que nos deixou bem no alto da montanha, o que por si só já é uma aventura a parte. Mas apesar de parecer uma subida perigosa, quando visto de baixo, foi muito tranquilo. O funicular de Sant Joan foi construído em 1918 para transportar os peregrinos e visitantes até a ermida de São João e a Santa Gruta onde, segundo a tradição, foi encontrada a imagem da Virgem de Montserrat. A subida dura sete minutos, e o veículo chega a ter numa inclinação máxima de 65,5%[5]
 
Foto da capela construída pouco abaixo da gruta na qual a imagem de Nossa Senhora de Montserrat foi encontrada.
Lá em cima, temos como recompensa uma paisagem maravilhosa, uma trilha para caminhada que vai revelando locais ainda mais bonitos. Ao final, temos  o local onde ao imagem foi encontrada. Se eu não tivesse que voltar aquele dia, teria ficado mais tempo para pode explorar cada cantinho da montanha. Se tivesse ido sozinha, sabendo o que sei hoje, teria tentado uma reserva no hotel e passado pelo menos dois dias por lá.

Super recomento o passeio para quem tiver a oportunidade. Vale muito a pena. Se eu tiver outra oportunidade vou retornar, sozinha, para passar pelo menos dois dias, aproveitando a beleza do local e explorando os lugares que eu pude conhecer na minha primeira viagem.



[1] Montserrat (montanha) Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Montserrat_(montanha)>. Acesso e 07 fev. 2020.

[2] La Moreneta: conheça a história da Virgem Negra de Montserrat. Disponível em: < https://www.unitur.com.br/la-moreneta-conheca-historia-da-virgem-negra-de-montserrat/>. Acesso em 07 fev. 2020.

[3] Mosteiro de Montserrat. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Mosteiro_de_Montserrat>. Acesso em 07 fev. 2020.

[4] BADÔ, Fernando. Caça ao tesouro: as relíquias de Adolf Hitler (2019). disponpivel  em: < https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-conheca-principais-reliquias-adquiridas-por-hitler.phtml> acesso em 07 fev. 2020

[5] Funiculares. Disponível em: <https://www.montserratvisita.com/pt/natureza/funiculares>. Acesso em 07 fev. 2020.