domingo, 9 de fevereiro de 2020

VISITANDO MONTSERRAT, CATALUNHA


Uma das coisas que eu mais queria nestas férias era conhecer Montserrat. Foi indicação do amigo Ricardo, que está sempre indo para lugares novos e interessantes. Quando pesquisei sobre o local fiquei encantada e logo coloquei na minha programação.

Montserrat fica perto de Barcelona, na Catalunha, cerca de uma hora de trem. Para chegar a Montserrat basta pegar um trem Plaça Espanya. Lá se vende as passagem, entradas para museu e até, para quem quiser, o almoço no restaurante do Mosteiro. Vale a pena já ir com tudo comprado. O passeio todo, com a refeição já comprada, fica numa média de 50 euros. 
 
Estação de Monistrol de Montserrat - ao fundo a "Montanha Sagrada".
O trem vai até a estação Monistrol de Montserrat onde se pode optar por subir a montanha de trem cremalheira (um trem menor) ou de teleférico. Nós fomos de trem cremalheira. Foi rápido, cerca de uns 15 minutos, e dá para admirar a paisagem, que é fabulosa.

Mas foi suado, viu! Demos a falta de sorte de, justo no dia do nosso passeio, a viagem de ida ter sido de quase duas horas a mais do que o previsto. Um trecho da ferrovia estava em obras. O desvio que tivemos que fazer teve um preço. Por exemplo, eu não consegui visitar o Museu de Montserrat e completei apenas 80% do passeio que havia programado. Daí fica a dica: sempre saia para os passeios mais cedo, imprevistos pode e vão acontecer. 

Mas vamos falar um pouco do que torna este lugar tão especial, para atrair mais de dois milhões de turistas por ano, mesmo estando afastado 50 km de Barcelona.

Praça da Basílica de Montserrat
Montserrat é um maciço rochoso considerado a montanha mais importante da Catalunha. Ela também é conhecida como “Montanha Sagrada”.  Segundo a lenda, no ano de 880, a imagem de uma Nossa Senhora apareceu em uma gruta da região. Mais tarde esta imagem recebeu nome de Nossa Senhora de Montserrat — a Virgem Negra, também conhecida como La Moreneta, padroeira da Catalunha.  A crença local conta que a imagem foi esculpida por São Lucas e deixada na montanha por São Pedro, no ano 50 da era cristã[1].

Durante as invasões muçulmanas na península Ibérica, no século VIII, ela foi escondida por devotos numa caverna e encontrada no século IX por um grupo de crianças. Posteriormente, um bispo tentou remover a imagem da montanha, mas não conseguiu movê-la, interpretando o fato como sendo a vontade dos céus de que a imagem lá permanecesse.[2]
Um dos muitos espaços de devoção da Basílica de Montserrat.
Por conta disso, decidiu-se construir o mosteiro no alto da montanha, próximo do local no qual a imagem apareceu. A imagem está na Basílica de Montserrat e os turistas podem se ajoelhar e fazer uma rápida oração aos pés da Santa. Eu passei por este ritual. E olhe, foi de arrepiar. Quem me conhece sabe que não sou do tipo de pessoa que está sempre em igreja ou participando de grupos religiosos. Mas tenho minha religiosidade e quando vou a lugares de devoção sinto uma energia diferente. 

Foi de arrepiar poder estar em frente da imagem de Nossa Senhora de Montserrat. Tanto que, logo depois, da experiência, em um corredor, lateral, do lado de fora da basílica, acendi uma vela e a coloquei ao lado de muitas outras, deixadas pelos devotos. Uma curiosidade, todo ano, no dia 27 de abril, comemora-se a festa de Nossa Senhora de Montserrat. Dia 27 de abril é, também, o aniversário de Leopoldina (MG), município onde eu resido.
 
Vista do Mosteiro e da Basílica de Montserrat - foto tirada da estação do funicular.
Mas, as lendas em torno da montanha não param por aí. Montserrat também é considerado um dos locais onde o Santo Graal teria sido escondido. Pois é, o cálice sagrado, aquele do filme “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989), e do livro “O Código Da Vince” (2003), de Dan Brown. O Santo Graal é o cálice usado por Jesus Cristo na Última Ceia, e onde, José de Arimateia colheu o sangue de Jesus durante a crucificação.

Uma das coisas que eu achei descobri, enquanto escrevia este texto, é que  Heinrich Luitpold Himmler, comandante militar da SS e um dos homens mais poderosos dentro do Partido Nazista (inclusive um dos responsáveis diretos pelo holocausto), chegou a ir a Montserrat, em 1940, em busca do Santo Graal, afirmando que o cálice lá estava[3]. Himmler, assim como muitos alemães, acreditavam nas lendas medievais que diziam que o Santo Graal, estava escondido em Montserrat. Os nazista recolhiam relíquias sagrada e obras de arte a mando de Hitler, que deseja criar uma grande tesouro histórico como umas das estratégias para se legitimar no poder como líder mundial[4]

Se as lendas sobre o local já não são suficientes para aguçar a curiosidade dos turistas que visitam a região, Montserrat ainda conta com mais dois trunfos: a beleza da paisagem e a arquitetura monumental do complexo criado em torno da imagem e da religiosidade do povo catalão.

Vista panorâmica - foto tirada de um dos mirantes.
Vamos começar falando da paisagem. Mesmo antes de subir a montanha ela já enche os olhos. O maciço pode ser visto de longe e, a cada ângulo que se observa, é muito bonito. Parece que foi esculpido a mão. Fotos tendo como fundo esta natureza exuberante e exótica vão ser um dos ponto altos do passeio. 

A região também é ideal para caminhadas, escaladas e outras atividades ligada à natureza. Em Montserrat, ao lado do Mosteiro, há inclusive um hotel, para aqueles que querem desfrutar ao máximo tudo que a montanha pode oferecer. Ah, durante o passeio tivemos a visita de uma raposa, que estava bem próxima de um dos mirantes da montanha.

No que diz respeito à arquitetura, uma das atrações é o Mosteiro de Montserrat, beneditino, erguido na Idade Média, no século XI, e destruído pelas tropas francesas durante as invasões napoleônicas, em 1811. Napoleão Bonaparte vencido, em 1815, a Espanha restaurou a sua monarquia e, em 1844 o mosteiro foi reconstruído. Por esta razão é possível perceber certo ecletismos na construção, misturando elementos medievais com outros, de inspiração barroca, por exemplo.
 
Detalhe da praça da Basílica de Montserrat.
Há inda a Basílica de Montserrat, uma das igrejas mais bonitas que eu tive o prazer de visitar. Logo na entrada ela parece um cenário de filme. É difícil não se encantar com a grandiosidade da arquitetura, as esculturas, as pinturas e o próprio ambiente místico que envolve o local. De quebra ainda pude ouvir um ensaio com órgão, simplesmente divino.

Outra atração é o Museu de Montserrat, que estava oferecendo uma exposição de um dos meus pintores italianos preferidos, Caravaggio, considerado o primeiro grande mestre barroco. Além disso, é um dos museus mais respeitados do mundo, com obras e Picasso, Monet, Dalí e outras coleções, que vão da Antiguidade à Idade Contemporânea. Infelizmente o tempo que gastamos para chegar a Montserrat, por conta dos desvios, não permitiu que eu fosse à exposição.


Acabei priorizando o passeio ao alto da montanha, até a gruta na qual a santa foi encontrada, para aproveitar a luz sol, pois no inverso escurece mais cedo. Pegamos o funicular de Sant Joan, que nos deixou bem no alto da montanha, o que por si só já é uma aventura a parte. Mas apesar de parecer uma subida perigosa, quando visto de baixo, foi muito tranquilo. O funicular de Sant Joan foi construído em 1918 para transportar os peregrinos e visitantes até a ermida de São João e a Santa Gruta onde, segundo a tradição, foi encontrada a imagem da Virgem de Montserrat. A subida dura sete minutos, e o veículo chega a ter numa inclinação máxima de 65,5%[5]
 
Foto da capela construída pouco abaixo da gruta na qual a imagem de Nossa Senhora de Montserrat foi encontrada.
Lá em cima, temos como recompensa uma paisagem maravilhosa, uma trilha para caminhada que vai revelando locais ainda mais bonitos. Ao final, temos  o local onde ao imagem foi encontrada. Se eu não tivesse que voltar aquele dia, teria ficado mais tempo para pode explorar cada cantinho da montanha. Se tivesse ido sozinha, sabendo o que sei hoje, teria tentado uma reserva no hotel e passado pelo menos dois dias por lá.

Super recomento o passeio para quem tiver a oportunidade. Vale muito a pena. Se eu tiver outra oportunidade vou retornar, sozinha, para passar pelo menos dois dias, aproveitando a beleza do local e explorando os lugares que eu pude conhecer na minha primeira viagem.



[1] Montserrat (montanha) Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Montserrat_(montanha)>. Acesso e 07 fev. 2020.

[2] La Moreneta: conheça a história da Virgem Negra de Montserrat. Disponível em: < https://www.unitur.com.br/la-moreneta-conheca-historia-da-virgem-negra-de-montserrat/>. Acesso em 07 fev. 2020.

[3] Mosteiro de Montserrat. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Mosteiro_de_Montserrat>. Acesso em 07 fev. 2020.

[4] BADÔ, Fernando. Caça ao tesouro: as relíquias de Adolf Hitler (2019). disponpivel  em: < https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-conheca-principais-reliquias-adquiridas-por-hitler.phtml> acesso em 07 fev. 2020

[5] Funiculares. Disponível em: <https://www.montserratvisita.com/pt/natureza/funiculares>. Acesso em 07 fev. 2020.

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