quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Finalmente! Lançamento do Livro "Fragmentos da História"



Gostaria de comunicar a todos o Lançamento do livro Fragmentos da Memória: o Leopoldinense (1881), que ocorrerá no dia 08 de novembro de 2014, no museu "Espaço dos Anjos", em Leopoldina (MG).

O livro foi escrito com a colaboração dos alunos do oitavo ano do Colégio Imaculada Conceição, a partir de uma pesquisa realizada no jornal O Leopoldinense, publicado em Leopoldina no final do século XIX.

Ele é o primeiro de três volumes. Os demais estão ainda em processo de produção. A ideia de trabalhar com fragmentos de jornais nasceu no blog Brasil: História e Ensino, quando comecei a escrever pequenos textos a partir de notícias que encontrava em jornais leopoldinenses (algo que já há algum tempo a pesquisadora Nilza Cantoni já faz no seu respectivo blog). Satisfeita com o resultado resolvi levar a experiência para a sala de aula, aproveitando-me dos recursos disponíveis na escola (sala de informática) e do fato dos meus alunos terem acesso a internet.

Esse primeiro livro utilizou, como já foi dito, o jornal  "O Leopoldinense", especificamente o ano de 1881 e contou com 21 pequenos textos escritos por alunos do oitavo ano. O próximo, ainda em processo de edição, usa o jornal "Minas Geraes", com publicações da década de 1890. O terceiro volume, que começou a ser trabalhado esta semana, tem como objeto o jornal "O Pharol", publicado em Juiz de Fora, com notícias veiculadas entre os anos de 1900 a 1926.

Embora esse primeiro volume tenha notícias diretamente relacionadas a Leopoldina, a pesquisa em si possibilita a aproximação da história local com a história geral. Nos outros volumes, estamos ampliando nosso campo de investigação para outras cidades e até outros Estados, embora o município de Leopoldina esteja sendo constantemente referenciado. 

Um presente para a comunidade. 
O livro será distribuído gratuitamente (800 exemplares, aproximadamente) para os alunos do Fundamental II e Ensino Médio do Colégio Imaculada Conceição e para todas as bibliotecas escolares da cidade de Leopoldina que tiverem interesse em adquiri-lo.

Isso foi possível graças ao patrocínio que recebemos da Academia Leopoldinense de Letras, do Colégio imaculada e de membros da nossa comunidade, como o vereador Oldemar Montenari e jornalista Luiz Otavio Meneghite e a pesquisadora Nilza Cantoni. Nosso agradecimento especial a Cristiano Fófano, que fez a arte da capa e que sempre apoia nossas iniciativas.

No entanto, como não conseguirmos ainda atingir a cota total de patrocínios estaremos disponibilizando para venda, a quem se interessar, 70 exemplares do livro no valor de 10 reais cada. Os interessados podem efetuar a compra no dia do lançamento ou deixá-lo reservado via e-mail (nogueira.natania@gmail.com).

É bom deixar claro que é uma publicação sem fins lucrativos. Quem adquirir um dos 70 exemplares estará possibilitando que uma escola ou um uma biblioteca receba outro gratuitamente.

O livro será lançado, também,em versão e-book, até o final do ano. Os outros dois volumes estão programados para lançamento no primeiro semestre de 2015 e também terão sua versão em e-book. 

Análises da obra 

Finalizando esta postagem, eu gostaria de deixar aqui fragmentos de textos que analisaram o nosso livro e que respaldam a relevância desse trabalho para a nossa comunidade e para o ensino da história local. 


Esse "livrinho", como o denominou modestamente sua organizadora, tem esse precípuo objetivo: revelar a vida de uma cidade, Leopoldina, seu cotidiano e hábitos de consumo, graças aos anúncios de jornal. Mas não só.

Ele nos mostra outros retratos: aqueles dos jovens e futuros cientistas que se deixaram levar pelo encanto da pesquisa histórica. Que se debruçaram sobre a bela massa de periódicos brotada na Atenas de Minas Gerais, produzindo a partir daí uma forma de conhecimento, uma interação com o passado. Também vemos aí suas verdes biografias: quem são, onde nasceram e estudaram. Um ou outro demonstrando sensibilidade maior para a interpretação dos documentos, e, em todos eles, a marca do trabalho bem feito, bem realizado, executado com prazer. Do trabalho coletivo de investigação à interpretação individual dos documentos, os textos autorais demonstram as mediações entre o saber contido nos livros e o saber construído por um grupo motivado. 

Mary del Priore
Historiadora e escritora 


Considerando o currículo, percebe-se um trabalho interdisciplinar (usou o conhecimento de informática, de gêneros textuais, de modos e costumes); transdisciplinar (extrapolou a disciplina história, abriu para outros conhecimentos) e; pluridisciplinar (estudando o objeto escolhido – as notícias do antigo jornal – sob a ótica da tecnologia, da história, da cultura, das tradições, da Língua Portuguesa, entre outros). Cabe ainda ressaltar a contribuição do livro na identidade dos leopoldinenses, que em uma leitura de fácil entendimento podem se reconhecer valorosamente, reconhecendo sua cultura, sua história nas artes, na economia e na educação. Por fim, a idéia de identificar cada um dos alunos/autores em notas de rodapé, dissertando brevemente a história de vida de cada um, faz deles ao mesmo tempo personagens, merecidamente reconhecidos como “fragmentos da nossa história”. 

Claudia Conte dos Anjos Lacerda
Professora e Pedagoga com Especialização em Educação Inclusiva 


Para além da pesquisa do tipo acadêmica que você orientou, os estudantes cumpriram uma trajetória que eu especifiquei naquele projeto de pesquisa que desenvolvi aqui em Petrópolis. Como você sabe, um dos pilares de sustentação era a ludicidade. Mas não a palavra chavão que muitos professores usam para justificar brinquedos e brincadeiras em sala de aula ou as brinquedotecas. Eu tive que mergulhar fundo no principal teórico do tema, o Huizinga, autor de Homo Ludens.

Mas não só o Huizinga têm a ver com o trabalho que você fez com seus alunos. No meu projeto havia a construção de um jornal e, por isto, foi fundamental estudar Freinet. Benjamin também esteve entre os meus teóricos principais. A dissertação da Honna tinha sido sobre ele e, claro, ela ajudou-me a ter um outro olhar que vai muito além do que se fala dele em história.

Mas o ponto fundamental é a ludicidade, entendida não apenas como o prazer da atividade mas analisando os jogos cotidianos como elementos culturais. Para Huizinga, o elemento lúdico está na base do desenvolvimento da civilização. Talvez a maioria dos pais dos seus alunos não tenha noção de quanto o elemento lúdico vai ajudar os filhos deles na construção de uma ética realmente civilizadora.
 


Nilza Cantoni
Pesquisadora, historiadora e especialista em educação




Como um veículo de viagem no tempo, Natania levou registros históricos para o deleite e curiosidade da sala de aula e germinou curiosidade, enraizou pertencimento. Só este detalhe já transforma o trabalho numa proposta pedagógica valiosíssima, sem contar de seu trato enquanto uso de fontes históricas. Alunos não apenas leram tópicos e discurso sobre o passado, eles viram esse passado borbulhar ativo em anúncios, sobre escravos, sobre entretenimento, sobre produção e comércio, sobre a vida da cidade de Leopoldina no século XIX em seu jornal mais circulado: o Leopoldinense.

O livro objetivamente é a constatação de uma prática de ensino aplicada e seus mais desejosos frutos, pois os alunos partícipes de tal empreitada reagem aos estímulos das fontes e da metodologia da autora. É a história em sala de aula dialogada, desfrutada de uma maneira ímpar e que garante não apenas como sugestão, mas como certeza, o uso de fontes em sala de aula para se conhecer o passado, seu passado, nosso passado.

Um trabalho primoroso da pretensão bem encaixada e nos esmeros com os dados, útil para todo aquele que pretenda do ensinamento que a Natania nos dá. Ali tem a fonte original, tem a análise da mesma em diálogo com alunos, tem contextualização, tem a localização da fonte. São todos os instrumentos e demonstrações do quão atrativo pode ser dar aula de história com primor e criatividade. 

Savio Roz
Historiador e pesquisador



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

1º ENCONTRO LAYD'S COMICS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Neste fim de semana eu participei do 1º Encontro organizado pelas editoras do site Layd's Comics.  Foi uma maratona de atividades que ocuparam todo o dia 25 de outubro: mesas redondas, painéis e outras atividades que envolveram um número acredito, de 150 a 200 pessoas. participaram do encontro pesquisadores e pesquisadoras sobre representações femininas nos quadrinhos, cartunistas, fanzineiros e editores. 


Um ambiente muito alegre, amistoso, onde pudemos ouvir depoimentos, trocar ideias, responder perguntas, etc. o evento girou em torno do debate e o que mais me chamou a atenção foi a participação do público, extremamente positiva. Foram feitas perguntas relevantes e o diálogo sobre o tema igualava público e palestrantes convidados, todos bem afinados. 



Acho que não seria exagero dizer que tivemos ali uma produção coletiva de conhecimento sobre um tema que vem ganhando destaque em diversas pesquisas: as representações femininas nos quadrinhos.

Enfim, se eu fosse detalhar TUDO que aconteceu no encontro, teria que abrir outro blog. Mas em síntese, as organizadoras estão de parabéns pela qualidade do evento e eu me sinto duplamente agradecida, tanto pelo convite quanto pela possibilidade de rever amigos e pela chance de ampliar meus contatos na área. 

Que venham outros encontros!

sábado, 18 de outubro de 2014

FALANDO SOBRE FANZINES NA GIBITECA DE SANTOS


Gibiteca de Santos
No domingo passado, dia 12 de outubro, eu participei de uma mesa redonda sobre fanzines na Gibiteca de Santos. Para quem não sabe o que são fanzines, uma explicação rápida. Fanzine é uma publicação impressa independente, onde o autor expressa suas ideias e pensamentos. São revistas (magazines) feitas por fãs (fan). O Fanzine surgiu nos anos de 1930 nos Estados Unidos e no Brasil começaram a ser publicanos na década de 1960. Por meio dos fanzines os autores divulgam poesias, quadrinhos e até suas ideologias de vida. O Fanzine é uma publicação geralmente sem fins lucrativos. 

Foi algo bem informal, na verdade, um momento de compartilhar experiências de trabalho. Eu particularmente gostei muito. Não trabalho diretamente com fanzines, mas na Gibiteca Escolar nós temos uma produção relativamente grande de material de alunos, estimulados por professores a criarem suas próprias revistas em quadrinhos.
 
Exposição de Boozines - fanzine totalmente feita à mão
Foi muito interessante compartilhar a nossa experiência e, ao mesmo tempo, ter contato direto com pessoas que fazem do fanzine uma forma de expressão artística, cultural e intelectual. Havia, também, professores universitários que colocaram sua experiência com o fanzine no universo acadêmico, o que reforçou minha convicção de que todo estimulo à criatividade é um estímulo à aprendizagem, não importa de na educação infantil ou no curso superior.

Veja bem, na escola municipal onde trabalho nos não negligenciamos o ensino do conteúdo, mas valorizamos muito um ensino voltado ao lado cultural, participativo e engajado dos alunos. Embora o conteúdo seja necessário acreditamos que ele é melhor assimilado quando o aluno consegue enxergar a realidade que o cerca a partir de um horizonte mais amplo. Estimulamos a leitura de revistas em quadrinhos para despertar a curiosidade e a criatividade dos alunos. Incentivamos a dança e música como formas de expressão. Atividades lúdicas podem ser prazerosas, mas são muito mais do que isso. Elas nos conduzem a questionamentos, nos fazem sonhar, nos tornam mais criativos.
 
Palestrantes
Acho que os fanzines, como quadrinhos, música e dança tem um papel importante nessa formação intelectual e cultural do jovem e mesmo do adulto (não é porque temos um diploma em mãos ou porque somos chefes de família que devemos esquecer de alimentar nossa mente e nosso espírito). Eles rompem com a rigidez do conteúdo formal e são uma caminho para a construção do conhecimento, processo esse que eu acredito ser o ponto crucial da aprendizagem.