quarta-feira, 28 de maio de 2014

Leitura da semana: Tabuleiro dos Deuses


Minha leitura básica de rodoviária. 

Depois de um dia de aula no mestrado eu enfrento uma hora de espera na rodoviária para voltar para casa, isso sem contar os prováveis engarrafamentos que eu posso vir a pegar antes de conseguir sair do Rio de Janeiro. É nessas horas que eu estou sempre armada de um livro. 

Não gosto de estudar em rodoviária. Leitura de livro teórico para mim requer um ambiente mais controlado, até para que ela seja uma leitura proveitosa.

Já os livros de ficção (eu definitivamente não os estou desmerecendo, pelo contrário) eu leio em qualquer lugar porque eles exigem menos concentração e nenhuma anotação. O meu livro de rodoviária deste mês é da minha autora preferida, Richelle Mead e chama-se Tabuleiro dos Deuses. 

É uma série nova, um pouco diferente de tudo que eu já li da autora. Aliás, comento sobre os livros dela em outro post (Se quiser saber mais, clique aqui). A série chama-se A Era X e é uma série de ficção. Uma espécie de distopia.

Uma distopia ou antiutopia é um conceito filosófico adotado por alguns autores onde se retrata uma sociedade ou um universo ficcional oposto a uma utopia. Esses universos distópicos geralmente possuem governos autoritários que exercem um grande poder sobre a sociedade. Faz o estilo Jogos Vorazes ou Divergente, só que direcionado a um público adulto.

Quando digo para adultos não quero dizer que é um livro que tem muitas passagens envolvendo sexo ou coisa do tipo (engraçado o fato das pessoas sempre acharem que se é para adultos tem que ter cena de sexo).  Richelle escreve para jovens e adultos e estou para dizer que os livros juvenis dela tem mais cenas de sexo ou cenas sensuais do que os para adulto. 

A diferença acho que está na forma como os tópicos são abordados e no uso de palavreado mais forte. Além disso, fala-se de drogas e alcoolismo como coisas muito cotidianas para os protagonistas e vários assuntos polêmicos são tratados mais abertamente e sem rodeios. Fora isso, não tem muita diferença das outras séries que ela já escreveu.

Quanto enredo, temos dois protagonistas: Justin e Mae. Pessoas completamente diferentes que se vêem envolvidas em uma trama com deuses antigos e assassinatos. Tudo isso num futuro não muito distante, onde o mundo se recupera de um apocalipse biológico que causou muitas mortes, a ruína da "civilização" e o abandono das religiões. Aliás, é um mundo dividido entre uma área que mantém o conforto e os benefícios da tecnologia e o resto do planeta, mergulhado em pobreza, caos e selvageria.

É uma boa leitura e é bem provável que eu siga a série, se ela mantiver o ritmo do primeiro livro. Fica a sugestão, para quem quiser ler algo para distrair nessas férias e gosta de uma boa ficção. 


Programação do II Fórum Nacional de Pesquisadores em Arte Sequencial

Saiu hoje a programação do II Fórum Nacional de Pesquisadores em Arte Sequencial. O encontro vai contar com a presença feras como a pesquisadora  Chistine Atchison, mestre em artes pela Queen’s School of Religion, Kingston University, Kingston, Kingston, Reino Unido. 

Confira a programação!

Clique na imagem para ampliar!

Confira o cronograma!

15 de junho de 2014 (prazo estendido)

·  Encerramento das inscrições para apresentação oral nos Simpósios Temáticos.

30 de junho de 2014

·    Divulgação dos resumos aprovados para apresentação oral via e-mail.

10 de julho de 2014

·   Prazo final para pagamento da taxa para aqueles e aquelas que tiveram seus resumos aprovados.

31 de julho de 2014

·  Prazo final para envio de texto completo (artigo científico) para submissão ao comitê científico dos anais do evento. (Confira o tópico “Normas para a produção do artigo científico”).

20 de agosto de 2014

·Divulgação dos textos completos aprovados para publicação nos anais do evento (Online).

01 de setembro de 2014

·  Encerramento das inscrições para ouvintes.

8 a 12 de setembro de 2014

·Publicação dos textos completos do II Congresso Internacional da Faculdades EST.
·   Realização do II Congresso Internacional da Faculdades EST

Para se inscrever vá ao site do II Congresso Internacional da Faculdades EST, clicando aqui. 

O Fórum está inserido nas atividades do II Congresso Internacional da Faculdades EST, na forma de um dos Simpósios Temáticos (é o ST02) dentro do Congresso, que terá como tema “Religião, Mídia e Cultura”. Ao se inscrever no ST automaticamente você está se inscrevendo no II FNPAS. 

É sempre bom lembrar que o tema é livre. Apenas as mesas são focadas na questão mítico-religiosa. Para as comunicações serão aceitos trabalhos sobre arte sequencial nos mais variados temas, mas mais diversas áreas.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Onde está o professor/pesquisador?


Tem mais ou menos uns 20 anos que eu ouvi pela primeira vez a expressão professor/pesquisador. No início eu achava que ela se aplicava a professores universitários, que dedicam uma boa parte do seu tempo à pesquisa acadêmica. Depois eu descobri que o professor/pesquisador era aquele professor comum, que leciona da educação básica que ganha um salário igual ao meu e que não ostenta, necessariamente, um título de doutor ou mestre.

Esse professor tem duas qualidades fundamentais: ele é curioso e criativo. Ele não se contenta com aquilo que vem no livro didático, ele tem uma sede insaciável de conhecimento e está sempre inventando uma coisa nova. Os colegas acham que ele não é muito normal, os alunos o adoram porque ele pode surgir a qualquer momento com uma novidade. 

Esse professor não passa pesquisas como dever de casa, que vão resultar numa busca rápida no google. Ele quase deixa seus alunos doidos, pois faz com que eles produzam conhecimento ao invés de apenas copiar. E, no final das contas, não é que os alunos gostam?

O professor/pesquisador não recebe nada a mais por isso. O salário dele é igual ao dos seus colegas, mas ele não é. Está sempre cheio de energia, e quando fica cansado acaba dizendo que não vai inventar mais nada que lhe dê trabalho. Uma semana depois, lá está ele com um novo projeto na cabeça. Esse professor passa por tudo que os outros professores passam, mas a vontade de produzir é um estímulo para que ele se apegue mais ao seu trabalho. Ele não precisa ser famoso, não precisa escrever livros ou dar entrevistas na televisão para se sentir realizado. 

Onde está o professor pesquisador?

Ele está nas escolas, sejam elas públicas ou particulares, centrais ou periféricas. Ele está sentadinho do seu lado, só que nem sempre você sabe disso. Ele costuma ter um defeito: é modesto demais. Não divulga seus trabalhos, não arquiva suas pesquisas e acha que o que ele faz todo mundo faz igual. 

Tudo isso que eu escrevi, quase que poeticamente, é pra lembrar aos meus colegas professores/pesquisadores, que estão sempre se atualizando, lendo, tendo ideias maravilhosas de que eles são o futuro da nossa educação. Não importa se ele ou ela trabalha na educação infantil ou no ensino médio. O que importa é o seu empenho em fazer o melhor, em buscar ser melhor, em produzir conhecimento e não ficar preso a um livro didático, por melhor que ele seja.

Escrevo este post e dedico aos meus colegas professores, pessoas com quem eu trabalho no dia a dia que eu vejo fazendo coisas lindas e que nem têm ideia de como fazem diferença. Não é dia do professor, mas não vou me limitar a festejar esse profissional maravilhoso em uma data determinada em um calendário. Seria muito pouco criativo.


sábado, 17 de maio de 2014

O QUE FAZ UM PROFESSOR FELIZ?

Eu sei que a carreira do magistério é muito difícil. O professor passa por momentos de desânimo, o nosso salário não é lá grandes coisas se comparado a de outros profissionais, outras ocupações, mas tem suas compensações. Eu tinha uma professora que falava sempre que o magistério era uma vocação, uma entrega. Que o professor para realmente educar tem que se envolver com os alunos e com a escola. 

A gente sabe que, nos dias de hoje, esse envolvimento tem sido cada vez menor. Muitos jovens professores estão assumindo a carreira não por vocação, mas por falta de opção. Professores mais antigos, desgastados de desanimados, falam em abandonar o magistério, em se aposentar, acabam até adoecendo porque não se sentem motivados. E isso realmente é muito ruim, porque sem motivação, entrar numa sala de aula é realmente um suplício. Eu mesma, este ano, cheguei a deixar escapara em voz alta numa turma do oitavo ano a seguinte frase; "Eu não queria estar aqui!".

Pois é, nós temos nossos dias ruins, faz parte. Mas não podem ser todos. É sabido que não se consegue nada sem persistência e esforço. Assim, da mesma forma que naquele dia eu não estava com vontade de estar na sala de aula, vieram outros em que eu não queria estar fora dela. O magistério é assim, uns dias são bons, outros nem tanto.

Mas não é assim que é a vida?

Hoje eu estava refletindo sobre esta questão e comecei a pensar no que me faz feliz, como professora e como pessoa. Sim, como pessoa, porque não entendo quem diz que depois que sai da escola, deixa tudo para traz. O que eu faço é parte de mim, como posso simplesmente dividir minha vida?

Lembrei de um episódio ocorrido há uns dois ou três anos. Eu estava na minha escola municipal, estava me sentido mal fisicamente, mas tinha que trabalhar até o início da noite. Entrei numa sala do nono ano, eu me sentei e fiz a chamada. Um aluna veio à minha mesa e perguntou: 

- Professora, a senhora está passando mal?

Bom, não tinha como esconder, era visível, então eu confirmei. A aluna (Ingrid) então pegou o meu livro e disse:

- Então a senhora vai descansar, porque eu vou corrigir o dever e ninguém vai fazer bagunça. 

Foram 50 minutos de silêncio numa sala que geralmente era muito agitada. Eu me emociono com isso até hoje. É uma coisa que me faz feliz, que eu gosto de recordar quando estou começando a me sentir triste.

Em outro episódio, ano passado, eu estava em casa, sozinha, num fim de semana a noite. A campainha tocou. Levei um susto, não esperava ninguém. Eram seis ex-alunos, na faixa dos 15 anos. Eles foram me levar um pacote de amendoim doce, às 22 horas da noite. Estavam com saudades de mim. Resolveram ir me ver. Isso, com certeza me deixa feliz. Poder ter o carinho incondicional dos meus alunos. Que outro profissional tem isso?

E por fim, o motivo que me levou a esta breve reflexão. Ontem eu dei uma prova na escola onde eu leciono pela manhã. Os resultados não têm sido muito bons. Dar aulas em algumas turmas têm sido muito difícil. Muita conversa, falta de interesse e as notas vêm refletindo isso. Só que desta vez, foi diferente. Eu corrigi as provas logo após tê-las aplicado. Cerca de 40% dos alunos praticamente fecharam a avaliação. No total, o êxito das minhas três turmas foi de 95%. Quase não acreditei. 

Isso me fez muito feliz. Não a nota em si, mas saber que eles tiveram interesse em estudar, que se esforçaram para aprender e entender uma matéria que não é lá das mais fáceis. Mas o que me fez mesmo feliz foi a felicidade desses meninos e meninas que estão aprendendo que se esforçar pode trazer uma satisfação muito grande. Aprenderam que não existe o mais ou o menos inteligente, mas aqueles que estão determinados a vencer. Isso me fez feliz, a felicidade deles.


Então, mesmo sabendo que vão haver dias em que eu talvez pense ou fale "Não queria estar aqui", nesses dias eu vou me recordar do pacote de amendoim que eu ganhei no meio da noite, da aluna que se compadeceu de mim e tentou tornar meu dia menos penoso e da alegria daqueles alunos que se encheram de felicidade com o resultado de uma avaliação e comemoraram sua vitória como um atleta olímpico comemora uma medalha de ouro. Essas pequenas memórias sempre vão me fazer uma professora feliz.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

"Discursos visuales, Humor y estereotipos de género/ Discursos visuais, Humor e Estereótipos de Gênero"

Durante XII Jornadas Nacionales de Historia de las Mujeres - VII Congreso Estudios de Género, que se realizará na cidade de Neuquén/Argentina, entre os dias 5 a 7 março de 2015, os quadrinhos serão tema de um Simpósio Temático. O  ST "Discursos visuales, Humor y estereotipos de género/ Discursos visuais, Humor e Estereótipos de Gênero", coordenado pelas professoras Mara Burkart, Veronica Giordani e Conceição Pires tempo objetivo agregar analises interessadas em refletir sobre a construção de estereótipos tanto femininos como masculinos, suas diferentes implicações políticas, culturais e sociais e sua especificidade histórica, ou seja, levar em conta as conjunturas específicas nas quais esses estereótipos atualizam-se, se revigoram ou se transformam. 

O ST convida a refletir sobre as características do ofício do desenhista, cartunista ou chargista. Durante boa parte do século XX, o trabalho do desenhista foi predominantemente masculino. Somente nos últimos anos, o campo das artes gráficas se abriu à participação das mulheres ou às identidades transgêneros.

Algumas questões que norteam as nossas reflexões são: Quais as implicações da produção de uma mensagem que se alimenta desse binômio estereótipo/humor? Quais os recursos discursivos e visuais empregados para favorecer sua difusão e reprodução? Como afeta a posição do “produtor” e as condições de “produção” no conteúdo do “produto”? Poderiam os estereótipos de gênero ser pensados como formas de estranhamento com respeito as crenças e valores socialmente ancilosadas? Poderiam contribuir à transformação das relações de gênero num sentido de democratização delas mesmas? Ou poderiam ser consideradas formas de desestabilização de movimentos sociais? 
  
Mais informações, clicando aqui!  

Ou diretamente para os emails das organizadoras:

Mara Burkart (UBA/CONICET) - maraburkart@yahoo.com
Maria da Conceição Francisca Pires (UNIRIO/CNPq/FAPERJ) -conceicao.pires@uol.com.br
Verónica Giordano(UBA/CONICET) - veronicaxgiordano@gmail.com

Jornada de História: Currículo da Educação Básica e Formação do Historiador

Clique aqui para fazer sua inscrição!

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Programação do V Encontro de pesquisadores do caminho novo



ATENÇÃO! Os organizadores do evento informam:

Em função da paralisação de atividades dos funcionários da UFJF o local do evento foi transferido para a sede do

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE JUIZ DE FORA

Rua Getúlio Vargas, 455 – 4º andar.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Inscrições para apresentação de trabalhos no II Fórum Nacional de Pesquisadores em Arte Sequencial


Promovido pela Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (ASPAS) em parceria com o Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Arte Sequencial Mídias e Cultura Pop, o II Fórum Nacional de Pesquisadores em Arte Sequencial (FNPAS) terá como tema “Arte Sequencial, Cultura Pop e Religiosidades”.

O Fórum está inserido nas atividades do II Congresso Internacional da Faculdades EST, na forma de um dos Simpósios Temáticos (é o ST02) dentro do Congresso, que terá como tema “Religião, Mídia e Cultura”. Ao se inscrever no ST automaticamente você está se inscrevendo no II FNPAS. Não tem mistério.

O Congresso Internacional da Faculdades EST se realizará entre os dias 8 a 12 de setembro de 2014. O II FNPAS concentrará suas atividades entre os dias 10 e 12 de setembro. 

O FNPAS terá mesas redondas e sessões de apresentações orais. Por estar inserido dentro do Congresso Internacional, o/a inscrito/a poderá participar de toda a programação do congresso, que terá palestras principais internacionais (programação será divulgada no site do evento), cine-debate e outras atividades. A inscrição no FNPAS se dá mediante a inscrição no II Congresso Internacional da Faculdades EST.

Uma das duvidas mais levantadas por vários interessados em participar é com relação ao tema do evento,  "Arte sequencial, cultura pop e religiosidades". Esta vai ser a temática abordada nas mesas-redondas, mas não das comunicações. Comunicações podem envolver outros assuntos, desdes que falem sobre arte sequencial (que envolve HQ, cinema, series, animações, etc.).  Assim, quem pesquisa arte sequencial terá espaço garantido no evento, independentemente do tema da pesquisa (gênero, educação, representações, etc), condicionado,é claro, à aprovação do resumo.

Confira os prazos!

01 de março de 2014

  • Início das inscrições para participação como ouvinte (sem apresentação de trabalho);
  • Início das inscrições para apresentação oral, mediante o envio de resumos.

15 de junho de 2014 (prazo estendido)

  • Encerramento das inscrições para apresentação oral nos Simpósios Temáticos.


30 de junho de 2014

  • Divulgação dos resumos aprovados para apresentação oral via e-mail.

10 de julho de 2014

  • Prazo final para pagamento da taxa para aqueles e aquelas que tiveram seus resumos aprovados.

31 de julho de 2014



20 de agosto de 2014

  • Divulgação dos textos completos aprovados para publicação nos anais do evento (Online).


01 de setembro de 2014

  • Encerramento das inscrições para ouvintes.


8 a 12 de setembro de 2014

  • Publicação dos textos completos do II Congresso Internacional da Faculdades EST
  • Realização do II Congresso Internacional da Faculdades EST

Para se inscrever vá ao site do II Congresso Internacional da Faculdades EST, clicando aqui. 

Dúvidas? Escreva para aspascontato@gmail.com 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

CHARGES PUBLICADAS NA GAZETA DE LEOPOLDINA (1951)

Para quem viveu a década de 1980, falar de Guerra Fria era uma coisa quase que rotineira. Os telejornais estavam sempre noticiando alguma tensão entre Estados Unidos e União Soviética. Nos jornais impressos não havia como falar de política externa sem falar sobre Guerra Fria. Para os mais jovens, aquela que foi uma realidade de medo que tomou conta do mundo de 1947 a 1991, nada mais é do que "história". Aliás, eu ainda acho estranho quando um aluno me pergunta: o que é a União Soviética. Acho que é uma reminiscência dos meus tempos de juventude.

Devaneios a parte, chamou-me a atenção, há algum tempo atrás, a presença de charges sobre a Guerra Fria na Gazeta de Leopoldina, mais especificamente no ano de 1951. Charges e/ou quadrinhos naquele periódico eram raros e eu os identifiquei apenas durante curtos períodos. Charges políticas eram mais raras do que as tirinhas humorísticas.

Toda charge, é uma forma de ataque. Ela, normalmente, é uma forma de humor que pode possuir conotações políticas. A charge é crítica, direta e busca obter uma reação impactante do leitor de um jornal ou revista. Mas nem toda charge é feita (apenas) para se rir. Ela também é uma forma de denúncia, de alerta, muito utilizada pelo jornalismo ilustrado.

No caso das charges publicadas no ano de 1951, entre os meses de janeiro e novembro, elas particularmente chamaram minha atenção, pois remetem à política internacional e, muitas delas, são carregadas de agressividade incomum e pouco humor. Podemos encontrar uma explicação para isso no próprio contexto histórico que norteia o ano de 1951.

Naquele ano os Estados Unidos fizerem uma série de testes que resultariam na primeira bomba de hidrogênio, criada a partir da fusão nuclear. O sucesso das pesquisas vieram em 1 º de novembro de 1952, quando os Estados Unidos detonaram com sucesso "Mike”, no Atol Elugelab nas ilhas Marshall do Pacífico, que resultou na vaporização de uma ilha inteira. A bomba de hidrogênio tinha um poder de destruição muito maior do que as bombas usadas pelos Estados Unidos no Japão, em 1945.  Três anos depois, a União Soviética domina essa mesma tecnologia.

Paralelamente à corrida armamentista, entre os anos de 1951 e 1953, temos a Guerra da Coréia. A China comunista pressiona a Coréia a aderir ao regime socialista, o que tem como resultado a divisão do país em Coréia do Sul e Coréia do Norte, que persiste até os dias atuais. O envolvimento dos Estados Unidos e da União Soviética no conflito é evidente. A Coreia do Sul fica sob influência dos Estados Unidos e adota o capitalismo, a Coréia do Norte sob influência soviética se torna um país socialista.

Foram anos de tensão, onde as hostilidades entre o bloco capitalista e o bloco socialista são cada vez maiores. Essas tensões são evidentes nas charges publicadas pela Gazeta de Leopoldina. 

As charges (todas as onze que eu identifiquei) foram reproduzidas de jornais norte-americanos, possivelmente publicadas em grandes jornais brasileiros e reproduzidas pela Gazeta. Seis delas possuíam traços de humor, mas as demais eram nitidamente agressivas, como veremos nas quatro charges abaixo.

Gazeta de Leopoldina. Leopoldina, 18 de fevereiro de 1951.
Gazeta de Leopoldina. Leopoldina, 22 de março de 1951.
Gazeta de Leopoldina. Leopoldina,  06 de maio de 1951.
Gazeta de Leopoldina. Leopoldina, 29 de julho de 1951.
Essas charges são uma amostra a intensa propaganda ideológica feita pelos Estados Unidos contra a União Soviética e todos o bloco socialista. Na primeira, os Estados Unidos apresentam-se como o braço armado do mundo capitalista. Na segunda justificam o uso da força contra os comunistas. A terceira representa um desafio ao mundo comunista, na forma de um discurso proclamado pelo presidente Harry Truman ao Congresso norte-americano. Por fim, temos um ataque direto à China comunista. 

Vamos perceber que o humor está ausente e que a ideia é impactar pelo medo, é desmoralizar o inimigo. Enfim, as ilustração representam uma expressão da política externa agressiva que caracterizou aquele período, uma resposta ideológica à expansão do mundo socialista, que se tornou ainda mais temida com a Revolução Socialista na China.

Essas imagens podem servir como um excelente material para se trabalhar o tema e fazer um link com a história de Leopoldina, que não estava alheia às transformações e mudanças que o mundo sofria e que participou em micro-escala da guerra ideológica que marcou os anos de Guerra Fria.



domingo, 4 de maio de 2014

O professor da Educação Básica e a necessidade constante de atualização


Esta semana, durante uma reunião em uma das escolas onde eu trabalho, foi solicitado aos professores procurem estar constantemente atualizados. Eu particularmente acho desnecessário lembrar ao professor que ele tem que se atualizar, mas fico pensando cá comigo o que a escola acha que é atualização. Ler mais, assistir documentários, fazer cursos, uma especialização, uma pós?

Veio-me, também, um outro pensamento: o professor tem chances de se aperfeiçoar? Muitos dos meus colegas trabalham em duas ou mais escolas, em dois ou mais turnos (eu trabalho em três turnos duas vezes por semana). Para os professores que moram em cidades do interior, como eu, longe de centros acadêmicos, muitas vezes fazer um congresso ou um curso, por exemplo, gera despesas.

Quanto temos a oportunidade de fazer um curso, uma oficina ou um congresso mesmo que a escola nos dispense, nosso salário pode ser descontado. Ou seja, temos gastos com inscrição, despesas com alimentação e viagem e temos remuneração diminuída. Mesmo que seja na nossa cidade, as opções que temos são os fins de semana, porque durante a semana o professor tem que cumprir horário na escola.

Se o curso ou palestra for durante a semana a coisa complica. Muitas vezes uma escola libera e a outra não. Em outros casos há a falta de comunicação e um professor deixa de aproveitar uma boa oportunidade de voltar a ser aluno pelo menos por alguns dias. E ser aluno, vamos reconhecer, é muito bom, principalmente quando você pode escolher as "matérias" que quer aprender.

Claro, há perspectivas melhores. Já recebi, algumas vezes, ajuda de custo da prefeitura para participar de congressos, até mais de uma vez por ano. E foi ótimo. Eu consegui aproveitar ao máximo. Eu me sinto renovada quando tiro uma semana durante o ano para fazer um congresso. Escolho a dedo aquele no qual vou poder tirar o máximo de proveito. Mas outros colegas não conseguem e acredito que a maioria deles nem sabe que pode solicitar o afastamento para uma atividade de aperfeiçoamento.

Existem instituições públicas e até particulares que oferecem cursos a distância, alguns gratuitos, outros pagos para quem quiser se aperfeiçoar em determinado tema. Há, também, o compromisso de Secretarias de Educação e do Governo Federal em oferecer atividades gratuitas a professores. Mas a oferta ainda é pouca e muitas vezes não atende à demanda.

Além disso, existem desafios urgentes. Vivemos num mundo onde tudo muda muito rápido e onde dominar a tecnologia se tornou fundamental para todo profissional, inclusive o professor. Maurice Tardif, pesquisador canadense (com livros publicados em português justamente sobre a questão da formação de professores) a quem tive a oportunidade de conhecer há alguns anos durante um congresso de educação, cita o avanço tecnológico como um dos muitos desafios que os professores enfrentam, em todos os níveis de ensino.

Achar que todos os professores conseguem dominar os TICs, que todos eles sabem como explorar os recursos disponíveis na internet, é querer se iludir. Dos mais jovens aos mais experientes, todos têm dificuldade. Eu sei disso tanto pelo convívio que eu tenho com colegas de trabalho, quanto pelas mensagens e e-mail que recebo de professores de todas as partes do Brasil, que precisam de material, mas não fazem ideia de como encontrá-lo. Não adianta dar um tablet de última geração a um aluno, se ele não sabe como usá-lo. O mesmo pode ser dito com relação ao professor.

Estamos sempre falando de formação, mas se pararmos para pensar naquilo que ela realmente poder vir a representar para um profissional do ensino, escreveríamos páginas e mais páginas, livros e mais livros, pois trata-se de um tema que vai muito além da superficialidade com o qual ele é tratado. 

Mas uma certeza eu tenho: é preciso estimular o profissional do ensino a buscar por mais conhecimento, por novas experiências.  O professor, assim como aluno, precisa ser valorizado e incentivado, precisa admitir a necessidade de acompanhar as inovações, precisa ser estimulado.

Esse estímulo começa dentro da escola, na troca de materiais entre os colegas de trabalho, na oferta de cursos que podem ser realizados dentro da própria instituição, na divulgação das atividades desenvolvidas pelos professores, na abertura da direção e da administração pública em garantir aos seus docentes a possibilidade de crescer enquanto profissionais. O professor deve ter consciência, também, do esforço pessoal que demanda essa constante buscar por saber mais, por ser mais engenhoso e criativo.


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Minha pequena Leopoldina

Por Joana Amaral

Joana Amaral
Um dia, acordei, abri os olhos e me dei conta de que a nossa cidade possui uma beleza incomparável, com seu ar puro e com uma elegância que só ela tem, apesar de alguns problemas. Já não sinto mais aquela tristeza de ver uma cidade que não cresce, com toda a sua política, que não oferece oportunidades a todos, nem lazer para a população.

A cidade é isto que vemos: o sol brilhando, o céu azul cada vez mais limpo, e como somos uma cidade pequena, não há muita poluição, o ambiente é agradável, o ar exala o perfume da esperança de que, algum dia, tenhamos uma política com mais interesse em investir na nossa pequena Leopoldina.

Apesar da falta de interesse em melhorar nossa cidade, em melhorar nossos pontos de encontro, inovar, há ainda alguns lugares que fazem parte de nosso dia a dia, onde tudo pode acontecer, onde podemos reunir os amigos, a família, como a famosa Sol e Neve; o Spettos, onde há música ao vivo todo final de semana para animar a galera; o bar do Telo, onde há sempre uma ótima programação para os clientes; o nosso ponto turístico belíssimo, que é a Catedral, onde são celebradas belíssimas missas e há outros lugares aqui em Leopoldina que são aconchegantes.

Há também a parte ruim, que envolve a criminalidade, apesar de sermos uma cidade pequena. O pior disso é que todos procuram esconder, mas ele existe e está aí, fazendo vítimas todos os dias. Os bandidos estão à espera de um pequeno descuido, pagando pela própria imprudência, sabendo que é um caminho quase sempre sem volta.

Mas a cidade não tem culpa dos personagens que nela habitam e cada um tem inteira liberdade de escolha de como viver. Ela é assim, calada, observando tudo com um olhar sereno de interior, adorando seu povo. Observando os sentimentos daqueles que a amam e lhes dedicam um grande respeito por tudo o que ela nos proporciona de bom, apesar de tudo.

Em retribuição a nossa dedicação, um futuro próximo proporcionará mais lazer, educação e felicidade. Apesar de todos os problemas, ela está aí, a cada amanhecer, à espera que seus personagens apareçam, como se fosse uma miragem, e comecem a se movimentar, dando vida a essa pequena cidade. Todos que saem querem voltar, pois nós não conseguimos viver sem ela, que estará sempre em nossos corações. Sinto uma vontade louca de correr, de cumprimentar, carinhosamente, homens, mulheres, crianças, receber sorrisos afetuosos e gritar bem alto, na calma e tranquila avenida:

“Te amo muito, minha pequena Leopoldina, eu confio em você, apesar de tudo!” 

Joana recebendo a premiação.

Joana Amaral foi segunda colocada na categoria crônica, no I Concurso Literário promovido pela ALLA. O texto é simples, é singelo e expõe a visão de uma juventude que pode contribuir enormemente para o futuro da nossa cidade.