quarta-feira, 21 de maio de 2014

Onde está o professor/pesquisador?


Tem mais ou menos uns 20 anos que eu ouvi pela primeira vez a expressão professor/pesquisador. No início eu achava que ela se aplicava a professores universitários, que dedicam uma boa parte do seu tempo à pesquisa acadêmica. Depois eu descobri que o professor/pesquisador era aquele professor comum, que leciona da educação básica que ganha um salário igual ao meu e que não ostenta, necessariamente, um título de doutor ou mestre.

Esse professor tem duas qualidades fundamentais: ele é curioso e criativo. Ele não se contenta com aquilo que vem no livro didático, ele tem uma sede insaciável de conhecimento e está sempre inventando uma coisa nova. Os colegas acham que ele não é muito normal, os alunos o adoram porque ele pode surgir a qualquer momento com uma novidade. 

Esse professor não passa pesquisas como dever de casa, que vão resultar numa busca rápida no google. Ele quase deixa seus alunos doidos, pois faz com que eles produzam conhecimento ao invés de apenas copiar. E, no final das contas, não é que os alunos gostam?

O professor/pesquisador não recebe nada a mais por isso. O salário dele é igual ao dos seus colegas, mas ele não é. Está sempre cheio de energia, e quando fica cansado acaba dizendo que não vai inventar mais nada que lhe dê trabalho. Uma semana depois, lá está ele com um novo projeto na cabeça. Esse professor passa por tudo que os outros professores passam, mas a vontade de produzir é um estímulo para que ele se apegue mais ao seu trabalho. Ele não precisa ser famoso, não precisa escrever livros ou dar entrevistas na televisão para se sentir realizado. 

Onde está o professor pesquisador?

Ele está nas escolas, sejam elas públicas ou particulares, centrais ou periféricas. Ele está sentadinho do seu lado, só que nem sempre você sabe disso. Ele costuma ter um defeito: é modesto demais. Não divulga seus trabalhos, não arquiva suas pesquisas e acha que o que ele faz todo mundo faz igual. 

Tudo isso que eu escrevi, quase que poeticamente, é pra lembrar aos meus colegas professores/pesquisadores, que estão sempre se atualizando, lendo, tendo ideias maravilhosas de que eles são o futuro da nossa educação. Não importa se ele ou ela trabalha na educação infantil ou no ensino médio. O que importa é o seu empenho em fazer o melhor, em buscar ser melhor, em produzir conhecimento e não ficar preso a um livro didático, por melhor que ele seja.

Escrevo este post e dedico aos meus colegas professores, pessoas com quem eu trabalho no dia a dia que eu vejo fazendo coisas lindas e que nem têm ideia de como fazem diferença. Não é dia do professor, mas não vou me limitar a festejar esse profissional maravilhoso em uma data determinada em um calendário. Seria muito pouco criativo.