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Imagem disponível em: http://zip.net/bstq86, acesso em 14 de ago. 2016. |
No
Dia dos Pais, meu pai pediu para o almoço com os filhos seu prato preferido:
frango com quiabo acompanhado, claro, de angu. Inspirada pelo cheiro delicioso
que está vindo da cozinha da minha casa, resolvi fazer uma pequena postagem, em
homenagem a todos os pais, falando sobre a origem deste alimento muito apreciado em Minas Gerais e em tantas outras regiões do Brasil, o quiabo.
O
quiabo (cujo nome científico é Abelmoschus
esculentum) é um alimento de origem africana. Surgiu provavelmente entre o
Egito e a Etiópia, mas é também muito consumido no Sudão, Nigéria, Mali,
Guiné-Bissau e Burkina Faso. Nos Estados Unidos ele é considerado um alimento típico
dos Estados do sul.
O quiabo é fruto do quiabeiro, uma planta da família da malva (Malvaceae). Possui origem africana. Também é conhecido como quingombô, gombô, quibombó, quibombô, quigombó, quibombó, quimbombô, quingobó, quingombó e quingombô.
Com
o intenso tráfico de escravos para a América, para trabalhar nas plantações e, posteriormente, na mineiração houve igualmente um intenso
intercâmbio cultural entre os dois continentes, o que possibilitou a vinda de várias espécies de
plantas e animais para o Brasil. Dentre os alimentos que vieram juntamente com
os escravos estava o quiabo.
“A
população negra que vivia no Brasil plantou inúmeros vegetais que logo se
tornaram populares, tais como: quiabo, caruru, inhame, erva-doce, gengibre,
açafrão, gergelim, amendoim africano e melancia, entre outros. Os negros
trouxeram para o país a pimenta africana, cujo nome localizava a origem,
Malagueta”[1].
O
quiabo passou a fazer parte da culinária brasileira,
estando ainda relacionado à rituais de festas religiosas. O Caruru (quiabo
cozido com camarão seco, castanha, amendoim, gengibre e azeite de dendê), por
exemplo, é um prato servido na Bahia no dia 27 de setembro, em homenagem aos
santos Cosme e Damião. O quiabo é um alimento presente nas oferendas a orixás
dentro das religiões de matriz africana, sendo considerado muito mais do que um
simples alimento para os seguidores destas religiões. Veja um exemplo:
“Ajebo ou ajébo é
comida ritual do Orixá Xango ayra. É feito com seis ou doze quiabos
cortado em "lasca", batido com três clara de ovos até formar um
musse, regado com gotas de mel de abelha e azeite doce. Colocado em uma gamela
forrada com massa de acaçá ou pirão de farinha de mandioca, ornado com doze
quiabos inteiros, doze moedas circulante, doze bolos de milho branco e seis
Orobôs. A mesma oferenda pode ser oferecida a outras qualidades de Xangô,
todavia acrescenta-se azeite de dendê e substitui os doze bolos de milho branco
por doze acarajés”[2].
A
culinária mineira, assim como a de muitas outras partes do país foi influenciada
pela culinária africana, indígena e portuguesa. Temperos e alimentos vindos de
vários continentes se encontraram dando origem a pratos que se tornaram característicos
de várias regiões.
Em
Minas Gerais o quiabo está presente desde o início da ocupação da região, no
final do século XVII, com a descoberta do ouro e, posteriormente, dos
diamantes. O quiabo era preparado juntamente com a carne de animais ou
misturado ao angu. Quando chegaram as galinhas e porcos trazidos pelos
portugueses vieram, então, o frango com quiabo e a costelinha com quiabo,
sempre acompanhados de angu.
O
frango com quiabo é um ensopado, tipo de comida característica da culinária portuguesa
trazida para o Brasil pelos colonizadores. Os ensopados eram preparados pelos
colonos com carne de animais de caça ou animais criados em sítios e fazendas,
como galinhas e porcos. Geralmente, eles eram acompanhados de farinha de
mandioca, outro alimento típico da culinária nacional, de origem indígena.
Por
exemplo, a história do Feijão Cru, lenda de fundação do município de Leopoldina
(MG) parte de uma prática culinário comum entre colonos: o cozimento de feijão.
O feijão tropeiro, outro alimento típico de Minas, surgiu do hábito de se
cozinhar feijão e comê-lo acompanhado de farinha de mandioca. Passou-se a
acrescentar à refeição tudo que os viajantes tinham em mãos: carne de caça, toucinho,
carne seca, verduras, etc. Os caldeirões de
ferro eram dependurados sobre fogueiras.
“O
feijão tropeiro recebeu esse nome porque o feijão era servido, na época,
durante as longas viagens em tropas de burro. Quanto às sobremesas, há fartura
de doces e compotas: doce de buriti, de leite, rocambole recheado, geléias com
queijo de minas, doces de amendoim etc”[3].
O historiador Carlos Alberto Antunes dos Santos destaca que o feijão era consumido em praticamente todo o território colonizado por Portugal e fazia parte da agricultura de subsistência.[4] Ao lado dele outros alimentos eram amplamente consumidos, como o milho, a mandioca e a carne seca. Alimentos que tinham maior durabilidade e que podiam ser transportados em longas viagens.
O historiador Carlos Alberto Antunes dos Santos destaca que o feijão era consumido em praticamente todo o território colonizado por Portugal e fazia parte da agricultura de subsistência.[4] Ao lado dele outros alimentos eram amplamente consumidos, como o milho, a mandioca e a carne seca. Alimentos que tinham maior durabilidade e que podiam ser transportados em longas viagens.
Finalizando,
pode-se dizer que experimentar um bom frango caipira com quiabo é uma forma não
apenas de honrar uma tradição mineira mas, também, preservar parte do
nosso patrimônio cultural e enriquecer ainda mais nossa História da Alimentação, responsável pela formação de parte na nossa identidade nacional. Então, bom apetite e Feliz dia dos
Pais.
Uma
curiosidade: Cleópatra, rainha do Egito, usava
o quiabo como produto de beleza.
OUTRAS FONTES CONSULTADAS
A ORIGEM da Culinária
Mineira: 300 anos de receitas bem guardadas. Disponível
em: http://zip.net/bjtqWy, acesso em 14 ago. 2016.
ALIMENTAÇÃO e Cultura. Disponível em: http://zip.net/bytrqc,
acesso em 14 ago. 2016.
DO QUIABO ao
dendê, caruru baiano é marco do sincretismo na gastronomia. Disponível
em: http://zip.net/bftqQF , acesso em
14 ago. 2016.
MINEIRIDADES -
Frango com quiabo e angu é um bom motivo para a gula. Disponível em: http://zip.net/bmtqV3, acesso em 14 ago. 2016.
OFERENDAS e comidas dos Orixas. Disponível em: http://zip.net/bvtrlg, acesso em 14 ago. 2016.
QUIABO. Disponível em: http://zip.net/bntq4D,
acesso em 14 ago. 2016.
[3] ALIMENTAÇÃO e Cultura. Disponível
em: http://zip.net/bytrqc, acesso em 14 ago. 2016.
[4] SANTOS, Carlos Alberto Antunes dos. História da Alimentação no Paraná. Curitiba - Fundação Cultural, 1995, p. 125.
[4] SANTOS, Carlos Alberto Antunes dos. História da Alimentação no Paraná. Curitiba - Fundação Cultural, 1995, p. 125.
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