sábado, 27 de agosto de 2016

POKÉMON GO: PROBLEMA OU SOLUÇÃO


Jogo Pokémon Go virou uma febre mundial. Pessoas de todos os tipos e todas as idades podem ser encontradas pelas ruas das cidades em busca dos monstrinhos digitais. Segundo especialistas, o jogo marca o início do uso de simulações, realidade aumentada e inteligência artificial em grande escala. Um avanço tecnólogo diretamente ligado à indústria do entretenimento. A partir dele podem-se agregar informações digitais à realidade para criar um mundo onde o real se mistura com o fictício.

Para quem não sabe, Pokémon surgiu como um jogo de videogame para o console portátil Game Boy da Nintendo, lançado no Japão em 1996 em duas versões Red e Green. Seu criador foi Satoshi Tajiri. A história gira em torno de um menino que vive em um mundo onde os jovens saem de casa cedo para se tornarem treinadores de pokémons. O treinador deve coletar o maior número desses monstrinhos e colocá-los para lutar contra os monstros de outros treinadores.

Uma temática simplista, mas que foi bem acolhida pelos consumidores de games, principalmente os mais jovens. No início, a Nintendo não apostou muito na ideia, mas em um ano foram vendidas cerca de um milhão de unidades do jogo e Pokémon acabou dando origem a outros produtos conquistando enorme popularidade.

Nos Estados Unidos o anime foi lançado pela Warner Bros, tornando-se uma das animações mais populares do país. Pokémon se tornou um dos maiores produtos da cultura popular japonês já exportado para países ocidentais. Um fenômeno midiático que está se reinventando na forma do Pokémon Go.

Mas quais os impactos deste jogo numa sociedade que tende a ser mais focada a cada ano na realidade virtual?

Lançado há poucos meses, Pokémon Go já se tornou alvo de debates entre educadores e até religiosos. Muitos contra, outros a favor do jogo que, ao que tudo indica, fará parte da rotina de muita gente durante um bom tempo.

Em Minas Gerais, por exemplo, Pokémon Go está sendo visto com preocupação pelo Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG), que já está organizando encontros com diretores e pedagogos para analisar o que eles consideram “um problema”. Já outros educadores são mais otimistas e veem no jogo um potencial pedagógico que pode e deve ser explorado pela escola.

Fico ao lado dos otimistas. O jogo não tem que ser um problema, pelo contrário. O jogo pode, por exemplo, aproximar alunos e professores. Eu jogo Pokémon Go, sem nenhuma vergonha diga-se de passagem, e meus alunos me dão dicas de como aproveitar melhor o jogo. Isso tem me permitido uma aproximação maior com eles e, da parte eles, mais entusiasmo nas aulas uma vez que deixo de ser apenas a professora e passo a ser uma pessoa que compartilha com eles o mesmo interesse.

Pokémon Go tem ainda uma função socializante. Jogos digitais são, em geral, solitários e selados entre quatro paredes. Quando há outras pessoas participando é de forma distante, representadas muitas vezes por avatares. Pokémon Go força os jogadores a saírem de casa, a se encontrarem com outros jogadores, a conhecerem outras pessoas, a frequentarem espaços públicos como praças.
 
Caçando Pokémon na praça com alunos do terceiro ano do ensino médio. Eu estava em casa a noite e eles me chamaram para lanchar, depois foram me ensinar a caçar Pokémon na praça da cidade.
Os pais também estão saindo com seus filhos de casa. Os jovens e mesmo os adultos estão deixando de ser sedentários. Um colega professor comentou comigo outro dia que caminhou durante a semana quase 30 km. Ele está deixando de ir de carro para o trabalho e caminhando para poder capturar Pokémons. Eu diria que Pokémon, neste caso, faz muito bem à saúde.

Há quem reclame que pessoas estão entrando em museus apenas para caçar os monstrinhos. Mas que bom que estão entrando! Alguém já parou para pensar que, em algum momento, a pessoa pode parar para admirar uma obra ou dar atenção a uma exposição? Que ela pode querer passar a frequentar aquele espaço por outros motivos além do jogo?

Claro, estamos lendo notícias sobre pessoas que se acidentam, que são atropeladas ou mesmo que ficam presas em cemitérios por conta do jogo. Notícias deste tipo podem passar uma impressão negativa e apresentam um quadro exagerado e alarmante que não pode ser considerado regra geral.

Considerando prós e contras, eu particularmente acho que Pokémon Go veio para mostrar que jogos podem trazer benefícios tanto sociais quanto educacionais. Fico imaginando se seus inventores tinha isso em mente. Se tinham, merecem um prêmio!

Finalizando, para mostrar como Pokémon Go pode ser útil em sala de aula, separei algumas dicas de atividades  envolvendo o jogo, formuladas pelos professores Rafael Lucena, professor de biologia do Stoodi; Roger Tavares, professor da UFRN, atualmente no pós-doutorado em Portugal; e Leonardo Freitas Alves, professor de português da rede privada, em Brasília (veja a postagem original, com todas as sugestões, clicando aqui):

LINGUAGEM
  • Pedir que seus alunos escrevam histórias baseadas em uma aventura vivida por um dos pokémons de sua coleção;
  • Pedir que seus alunos escrevam um diário sobre o que viram e aprenderam jogando, incluindo pontos históricos ou turísticos;

MATEMÁTICA/ FÍSICA/ QUÍMICA
  • Usar as características do pokémons do jogo para ensinar probabilidade, aplicando-a sobre o cálculo das chances de determinados pokémons vencerem os oponentes em combates;
  • Usar conceitos da velocidade e trajetória da física para calcular a distância e tempo da captura dos pokémons;

BIOLOGIA
  • Evolução: como os conceitos de evolução se relacionam com a evolução dos pokémons do jogo?;
  • Diversidade biológica: por que alguns pokémons são mais comuns que outros? Qual a relação entre seus poderes e as reais capacidades dos animais a que os pokémons são comparados?;

GEOGRAFIA
  • Usar o jogo para discutir posicionamento e direção; abordando por exemplo a discussão sobre em qual ponto cardeal está o ponto de interesse mais próximo no jogo;
  • Pedir para que os alunos desenhem um mapa com a área onde localizaram seus pokémons.


LINKS CONSULTADOS

DINIZ, Ana Beatriz. Pokémon Go e Educação: preparem-se, muita coisa vai mudar. Disponivel em:  http://zip.net/bptsfP, acesso em 27 ago. 2016.

EDUCAÇÃO em tempos de ‘Pokémon Go’. Disponível em:  http://zip.net/bbtrwj, acesso em 27 ago. 2016.

POKÉMON e suas Origens no Videogame. Disponível em: http://zip.net/bctrKg,

PROFESSORES aproveitam febre do Pokémon Go; veja mais de 20 dicas. Disponível em: http://zip.net/bltq6Y, acesso em 27 ago. 2016.



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