Jogo Pokémon Go
virou uma febre mundial. Pessoas de todos os tipos e todas as idades podem ser
encontradas pelas ruas das cidades em busca dos monstrinhos digitais. Segundo
especialistas, o jogo marca o início do uso de simulações,
realidade aumentada e inteligência artificial em grande escala. Um avanço tecnólogo
diretamente ligado à indústria do entretenimento. A partir dele podem-se agregar informações digitais à
realidade para criar um mundo onde o real se mistura com o fictício.
Para quem não sabe, Pokémon surgiu como um jogo de videogame
para o console portátil Game Boy da Nintendo, lançado no Japão em 1996 em duas
versões Red e Green. Seu criador foi Satoshi Tajiri. A história gira em torno de
um menino que vive em um mundo onde os jovens saem de casa cedo para se
tornarem treinadores de pokémons. O treinador deve coletar o maior número
desses monstrinhos e colocá-los para lutar contra os monstros de outros treinadores.
Uma temática
simplista, mas que foi bem acolhida pelos consumidores de games, principalmente
os mais jovens. No início, a Nintendo não apostou muito na ideia, mas em um ano
foram vendidas cerca de um milhão de unidades do jogo e Pokémon acabou dando
origem a outros produtos conquistando enorme popularidade.
Nos Estados
Unidos o anime foi lançado pela Warner Bros, tornando-se uma das animações mais
populares do país. Pokémon se tornou um dos maiores produtos da
cultura popular japonês já exportado para países ocidentais. Um fenômeno
midiático que está se reinventando na forma do Pokémon Go.
Mas quais os
impactos deste jogo numa sociedade que tende a ser mais focada a cada ano na
realidade virtual?
Lançado há
poucos meses, Pokémon Go já se tornou alvo de debates entre educadores e até
religiosos. Muitos contra, outros a favor do jogo que, ao que tudo indica, fará
parte da rotina de muita gente durante um bom tempo.
Em Minas
Gerais, por exemplo, Pokémon Go está sendo visto com preocupação pelo Sindicato das
Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG), que já está organizando
encontros com diretores e pedagogos para analisar o que eles consideram “um
problema”. Já outros educadores são mais otimistas e veem no jogo um potencial
pedagógico que pode e deve ser explorado pela escola.
Fico ao lado
dos otimistas. O jogo não tem que ser um problema, pelo contrário. O jogo pode,
por exemplo, aproximar alunos e professores. Eu jogo Pokémon Go, sem nenhuma
vergonha diga-se de passagem, e meus alunos me dão dicas de como aproveitar
melhor o jogo. Isso tem me permitido uma aproximação maior com eles e, da parte
eles, mais entusiasmo nas aulas uma vez que deixo de ser apenas a professora e
passo a ser uma pessoa que compartilha com eles o mesmo interesse.
Pokémon Go tem
ainda uma função socializante. Jogos digitais são, em geral, solitários e selados entre
quatro paredes. Quando há outras pessoas participando é de forma distante,
representadas muitas vezes por avatares. Pokémon Go força os jogadores a saírem
de casa, a se encontrarem com outros jogadores, a conhecerem outras
pessoas, a frequentarem espaços públicos como praças.
Caçando Pokémon na praça com alunos do terceiro ano do ensino médio. Eu estava em casa a noite e eles me chamaram para lanchar, depois foram me ensinar a caçar Pokémon na praça da cidade. |
Os pais também
estão saindo com seus filhos de casa. Os jovens e mesmo os adultos estão
deixando de ser sedentários. Um colega professor comentou comigo outro dia que
caminhou durante a semana quase 30 km. Ele está deixando de ir de carro para o
trabalho e caminhando para poder capturar Pokémons. Eu diria que Pokémon, neste
caso, faz muito bem à saúde.
Há quem
reclame que pessoas estão entrando em museus apenas para caçar os monstrinhos. Mas
que bom que estão entrando! Alguém já parou para pensar que, em algum momento,
a pessoa pode parar para admirar uma obra ou dar atenção a uma exposição? Que
ela pode querer passar a frequentar aquele espaço por outros motivos além do
jogo?
Claro, estamos
lendo notícias sobre pessoas que se acidentam, que são atropeladas ou mesmo que
ficam presas em cemitérios por conta do jogo. Notícias deste tipo podem passar
uma impressão negativa e apresentam um quadro exagerado e alarmante que não
pode ser considerado regra geral.
Considerando
prós e contras, eu particularmente acho que Pokémon Go veio para mostrar que
jogos podem trazer benefícios tanto sociais quanto educacionais. Fico
imaginando se seus inventores tinha isso em mente. Se tinham, merecem um prêmio!
Finalizando, para mostrar como
Pokémon Go pode ser útil em sala de aula, separei algumas dicas de atividades envolvendo o jogo, formuladas pelos professores
Rafael Lucena, professor de biologia do Stoodi; Roger
Tavares, professor da UFRN, atualmente no pós-doutorado em Portugal; e Leonardo
Freitas Alves, professor de português da rede privada, em Brasília (veja a
postagem original, com todas as sugestões, clicando aqui):
LINGUAGEM
- Pedir que seus alunos escrevam histórias baseadas em uma aventura vivida por um dos pokémons de sua coleção;
- Pedir que seus alunos escrevam um diário sobre o que viram e aprenderam jogando, incluindo pontos históricos ou turísticos;
MATEMÁTICA/ FÍSICA/ QUÍMICA
- Usar as características do pokémons do jogo para ensinar probabilidade, aplicando-a sobre o cálculo das chances de determinados pokémons vencerem os oponentes em combates;
- Usar conceitos da velocidade e trajetória da física para calcular a distância e tempo da captura dos pokémons;
BIOLOGIA
- Evolução: como os conceitos de evolução se relacionam com a evolução dos pokémons do jogo?;
- Diversidade biológica: por que alguns pokémons são mais comuns que outros? Qual a relação entre seus poderes e as reais capacidades dos animais a que os pokémons são comparados?;
GEOGRAFIA
- Usar o jogo para discutir posicionamento e direção; abordando por exemplo a discussão sobre em qual ponto cardeal está o ponto de interesse mais próximo no jogo;
- Pedir para que os alunos desenhem um mapa com a área onde localizaram seus pokémons.
LINKS
CONSULTADOS
DINIZ,
Ana Beatriz. Pokémon Go e Educação: preparem-se, muita coisa vai mudar.
Disponivel em: http://zip.net/bptsfP, acesso em 27 ago. 2016.
EDUCAÇÃO
em tempos de ‘Pokémon Go’. Disponível em: http://zip.net/bbtrwj,
acesso em 27 ago. 2016.
POKÉMON
e suas Origens no Videogame. Disponível em: http://zip.net/bctrKg,
PROFESSORES
aproveitam febre do Pokémon Go; veja mais de 20 dicas. Disponível em: http://zip.net/bltq6Y, acesso em 27 ago. 2016.
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