Anita Garibaldi. Imagem disponível em: http://zip.net/bftrBX, acesso em 28 ago. 2016. |
Esta semana eu estava trabalhando com meus
alunos do 8º ano as Revoltas do Período Regencial e, quando chegamos na
Farroupilha, havia um texto de apoio contanto a história de Giuseppe e Anita
Garibaldi. É incrível a fascinação que as meninas e mesmo os meninos têm pela
personagem. Ficam atentos e querendo saber mais. O que não deveria ser uma
surpresa: Anita vai muito além do arquétipo de heroína que a maioria deles
conhece.
Mulher destemida e que não pensou duas vezes
em correr atrás do que queria. Eu particularmente não vejo a história de Anita
como uma história de amor, mas uma história de luta. Um mulher que lutou para
ser aceita numa sociedade onde as mulheres eram invisíveis. Uma sociedade que,
acima de tudo, não perdoava a rebeldia feminina.
Para quem não conhece a história desta
mulher, prepare-se para uma narrativa que quase beira à ficção.
Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva nasceu na aldeia de Morrinhos,
subúrbio do município de Laguna (SC). Segundo a historiadora
Fernanda Aparecida Ribeiro, sua certidão de nascimento nunca foi
encontrada, mas seus biógrafos acreditam que ela nasceu no ano de 1821. A
primeira documentação oficial em que aparece é sua certidão de casamento,
ocorrido no ano de 1835 na igreja Santo Antonio dos Anjos, em Laguna. Casamento este, aliás, que ocorreu após a morte do seu pai e por insistência
da sua mãe (e provavelmente por motivações econômicas), com sapateiro Manuel Duarte Aguiar.
Anita não foi feliz no casamento, principalmente por conta do seu temperamento:
ela não havia nascido para ser uma esposa cordata. Não chegou a ter filhos do
primeiro casamento, o que deve ter facilitado sua decisão de abandonar o marido quando, em 1837, conheceu Giuseppe Garibaldi. Apaixonaram-se e ela o seguiu quando ele partiu de Laguna. Anita aprendeu a lutar com
espadas e usar armas de fogo, convertendo-se na donzela guerreira que o
acompanharia em vários combates.
Anita ganhou uma biografia em quadrinhos em 2010. Imagem disponível em: http://zip.net/bktrQV, acesso em 28 ago. 2010 |
Um desses feitos ocorreu durante a batalha de Curitibanos, quando Anita
é capturada pelo exército imperial. Presa, foi informada de que Garibaldi
estava morto. Como o corpo de Garibaldi não foi encontrado, Anita desconfiou que estava sendo enganada
e, se aproveitando do descuido dos soldados que deveriam escoltá-la, rouba um
cavalo e protagoniza uma fuga cinematográfica. Em fuga e sendo perseguida,
atira-se no Rio Canoas com seu cavalo. Os soldados acharam que ela tinha
morrido mas ela havia conseguido atravessar o rio. Depois de quatro dias vagando
à míngua, ela consegue chegar à cidade de Vacaria (RS), onde encontra Garibaldi.
Casou-se com o revolucionário italiano em 26 de março de 1842, na paróquia de San Bernardino, no Uruguai. Em 1847, Garibaldi enviou Anita sozinha à Itália, para averiguar a possibilidade de seu retorno. Ele pretendia iniciar sua luta pela Unificação da Itália. Anita morreu depois da Batalha de Gianicolo, por conta de uma moléstia adquirida durante a fuga de Roma. Tinha então 28 anos e quatro filhos. Giuseppe viveria ainda até 1882.
Casou-se com o revolucionário italiano em 26 de março de 1842, na paróquia de San Bernardino, no Uruguai. Em 1847, Garibaldi enviou Anita sozinha à Itália, para averiguar a possibilidade de seu retorno. Ele pretendia iniciar sua luta pela Unificação da Itália. Anita morreu depois da Batalha de Gianicolo, por conta de uma moléstia adquirida durante a fuga de Roma. Tinha então 28 anos e quatro filhos. Giuseppe viveria ainda até 1882.
Sobre a morte de Anita, a historiadora Fernanda Aparecida Ribeiro relata:
“Em
04 de agosto de 1849, Anita falece na Fattoria Guiccioli, em Madriole. Por
causa da aproximação dos austríacos, seu corpo é enterrado às pressas na areia,
nas proximidades do Adriático. Diz a tradição, repetida pelos historiadores,
que dias depois uma menina encontra um braço para fora da sepultura. Avisadas
as autoridades, descobre-se que se trata do corpo da companheira de Garibaldi.
Os restos mortais de Anita ainda passam por vários enterros até serem
finalmente depositados em um monumento em sua homenagem, em Roma, no ano de
1932” (RIBEIRO, 2011,p. 27).
Apesar da morte prematura, Anita
marcou seu lugar na história, sendo considerada uma heroína não apenas no
Brasil como também na Itália e no Uruguai.
Anita poderia facilmente receber o título de “Mulher Maravilha Brasileira”. Uma mulher que enfrenta todas as provações e que não precisa ser salva por um homem: ela mesma se salva. Uma imagem tão heroica de uma mulher brasileira do século XIX é quase surreal. Pode-se até questionar onde está a linha que separa a ficção da realidade.
Anita poderia facilmente receber o título de “Mulher Maravilha Brasileira”. Uma mulher que enfrenta todas as provações e que não precisa ser salva por um homem: ela mesma se salva. Uma imagem tão heroica de uma mulher brasileira do século XIX é quase surreal. Pode-se até questionar onde está a linha que separa a ficção da realidade.
Leitura recomendada:
DUMAS, Alexandre. Memórias de Garibaldi.
São Paulo: L&PM, 2000.
RIBEIRO Fernanda Aparecida. Anita Garibaldi
coberta por histórias. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2001.
Assista!
Um comentário:
Natania, muito bom!!!
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