A primeira vez que viajei para o
exterior foi em 1998, por sinal, meu destino foi um país europeu, a suíça. Por
lá fiquei por 15 dias, na casa de uma amiga e colega de faculdade, Lúcia,
casada com um Suíço. Conheci castelos e fiz amizades que duram até hoje.
Visitei a Itália e andei pelas ruas e
canais de Veneza. Até fui a uma exposição de Vicente Van Gogh.
Na época não havia tablets ou
mesmo notebooks onde pudesse registrar minhas impressões. Mas havia o papel,
claro, e nos dias frios do outono suíço eu me sentava próxima ao aquecedor, à
noite, e relatava em uma agenda tudo que eu havia visto e vivenciado. Colei coloquei
folders, postais, tickets de entradas em museus, enfim, tudo que pudesse reavivar
minha memória e manter viva aquela experiência.
Ainda tenho meu diário de viagem
e lamentei não ter feito o mesmo desta vez. Por essa razão resolvi postar no
blog alguns relatos sobre minha recente experiência e compartilhá-la com os
amigos. Não que seja uma ideia original. Ano passado, depois da sua visita ao
Brasil e á Rússia, Trina Robbins fez o mesmo, ressaltando o “bom” e o “ruim” das
duas experiências. Vou fazer o mesmo, acrescentar alguns episódios cômicos
porque, quem me conhece sabe, tem que ter alguma trapalhada senão não é comigo,
e falar de alguns lugares onde estive.
Então, caro leitor, prepare-se,
porque quem me conhece sabe que não economizo nas palavras. Tanto que vou
dividir a postagem em partes.
O BOM
Vou começar pelas companhias de
avião. Tanto a KLM quanto a Air France foram ótimas. Das duas preferi a Air
France, tanto no conforto quanto no atendimento. Pra vocês terem ideia, no voo
de retorno foi nos oferecido um cardápio variado no qual poderíamos escolher
entre duas opções de refeição para o almoço, um jantar e ainda a possibilidade
de solicitar um número expressivo de bebidas quentes e frias durante o voo. Pedi um cappuccino, que degustei enquanto escrevia parte deste texto.
O serviço de bordo começou nos
primeiros 20 minutos de voo. Achei que seria servido o almoço, mas começou com
bebidas e aperitivos (biscoitos salgadinhos). De cara, a comissária de bordo
(uma portuguesa muito simpática chamada Gabriela) me ofereceu champagne. Eu
estou viajando na classe econômica e
me serviram champagne francesa! Falei com ela que estava em dúvida, se pedia o
vinho (porque em todos os voos, mesmo os mais curtos, havia vinho francês e/ou
da África do Sul, tinto ou branco). Ela simplesmente me disse: pegue os dois. E
eu peguei e ela ainda me ofereceu mais no almoço. Já beberam vinho há 15 mil
metros de altitude? Depois digo em off como é a sensação.
Champagne e vinho, só de boa qualidade. |
O almoço foi delicioso. Salada,
frango, queijo, pão, torta de maça e abacaxi (vejam, o cardápio). Um dos
comissários ainda ofereceu uma porção extra de pão, que eu não recusei, claro.
Depois do almoço resolvi assistir a um filme. Um pouco mais tarde passaram
oferecendo um picolé delicioso, daqueles com casquinha de chocolate e recheio
de creme. Depois, um sanduíche de queijo e, em seguida, o jantar. por sinal.Caramba,
acho que vou engordar mais no voo do que pelas comidas que provei estes dias na
Europa.
Almoço servido no avião - parece pouco mas é muita coisa! |
E falando em comidas, não posso
reclamar, pois comi muito bem, tanto na Holanda quanto em Portugal e na França.
Claro, algumas coisas foram melhores que outras, mas no geral, não passei fome
e adorei os vinhos. No shopping Colombo, um dos maiores de Lisboa, e que fica
ao lado do estádio do Benfica, eu fui um dia à noite com a minha mãe e tomamos
uma sopa deliciosa e barata. Com relação a preços, come-se bem sem gastar
muito, mas é preciso procurar. Eu nem sempre fazia isso, às vezes escolhia um
restaurante pela localização, a vista que ele tinha e mesmo pela sua aparência.
Pagava caro, mas era um luxo que eu estava me dando na minha condição de turista.
Mas numa segunda vez não farei o mesmo e certamente sairei satisfeita.
Bacalhau com batatas, em um restaurante da Rua Augusta, no centro de Lisboa. |
Aliás, a Europa é cara, mas
sabendo-se administrar pode-se fazer um bom passeio sem se gastar muito. Pelas
minhas contas, eu teria me divertido da mesma forma, gastando metade do que eu
gastei e olhe que não gastei muito, pois não sou daquelas que saem comprando
tudo que vê. Gosto de fazer passeios, com eles não economizo. Meus únicos luxos
foram uns óculos de sol, uma jaqueta e dois perfumes franceses (um Armani e um
Lacôme, e estavam na promoção pelo dia das mães, tudo com descontos de 20 a 25%.
Tanto que recebi meros cinco euros de Tax Free.
Aliás, fica a dica para quem for
passear na Europa. Em países da comunidade europeia paga-se um imposto
específico sobre produtos. Se você não é cidadão da comunidade tem direito ao
reembolso deste importo, que pode ser solicitado no aeroporto, mediante a apresentação
de um recibo emitido pelo estabelecimento onde você comprou. Normalmente, tem-se
direito ao reembolso em compras acima de 60 euros.
Falei da comida, do avião, vou
falar agora das pessoas. Todas foram muito amáveis comigo, em todos os países
que fui. E encontrei neles muitos brasileiros, seja a passeio ou que moram e
trabalham na Europa. Em Portugal, onde fiquei mais tempo, era comum encontrar
brasileiros nos ônibus, trabalhando em lojas e restaurantes ou mesmo passeando como
eu. E sabe o que é mais legal? Todos te dão dicas de passeios, indicam
restaurantes, falam os lugares que temos que evitar, nos alertam com relação a
medidas de segurança, etc. Como no Brasil, turistas são visados, principalmente
os orientais que são mais descuidados e estão sempre carregando equipamentos
eletrônicos caros.
Com André Diniz e Pedro Bouça, na fila do cinema! |
Ainda falando das pessoas,
conheci muitas, revi outras, fiz amizades e firmei contatos profissionais. Fui
para Lisboa ficar na casa do meu amigo de longa data, Pedro Bouça, por quem fui
muito bem recebida, e ainda levei minha mãe. Olha o abuso! Pedro reservou um
quarto para nós e ainda me presenteou com duas coleções magníficas de
quadrinhos, uma do Alix (quadrinho histórico que se passa durante o período do
Império Romano, de Jacques Martin, autor que eu gosto muito) e dos Smurfs (em
francês, para que eu possa treinar meu francês que atualmente está
ridiculamente reduzido a poucas frases).
Ele também me presenteou com uma
HQ de Jacques Martin sobre portugal, com dedicatória pra mim e tudo mais!
Aproveitei para buscar a coleção e revistas da Ah! Nana!, periódico da década de 1970 o qual pesquiso e que
comprei pela internet e pedi que fosse entregue na casa dele.
Imaginem o peso que as minhas
duas malas ficaram. Um foi só para trazer as HQs. Com tanta coisa, acabei não
comprando muito, apesar de ter ido a várias lojas da FNAC. Agora, a casa do
Pedro é a maior gibiteca onde eu já estive, sem exagero. Ele tem de tudo! São
basicamente quatro cômodos da casa com armários e parede a parede, todos
lotados. Ele me mostrava todos os dias suas raridades e eu babava. Tinha até
medo de segurar as revistas.
Quadrinhos que eu ganhei do Pedro Bouça!! |
E falando de amigos que
reencontrei com André Diniz, quadrinista brasileiro que se mudou para Portugal
no início do ano. Fiz uma visita à sua casa, onde conheci sua esposa Marcela e
sua filha. Conversamos bastante e depois fomos ao cinema, assistir Capitão
América, Guerra Civil, filme sobre o qual não vou comentar agora, porque merece
uma postagem a parte.
Na escala que fizemos na França
reencontrei o ex-colega de trabalho, Eduardo, que largou o magistério para ser
sacerdote e está em Paris, fazendo mestrado. Ele foi tomar café da manhã
conosco, no hotel e nos conduziu ao aeroporto. Ele é um grande amigo da Ana
Cristina Fajardo, que viajou conosco, juntamente com sua filha Isabela. Foi um
programa de mães e filhas.
Por fim, uma das coisas boas foi
minha palestra na Bedeteca de Amadora.
Tanto pela experiência em si, quanto pelos contatos e amizades que fiz. Gostei
muito do pessoal que gerencia a bedeteca, especialmente da Cândida, com quem
tive mais contato. Fiz amizade com Gelrades Lino, do Clube de Banda desenha e
ainda conheci José Ruy e Fernando Relvas, dois notáveis quadrinistas
portugueses e Nina, uma artista plástica. Fui apresentada a outros, mas foi com
eles com quem conversei e troquei contatos e ideias.
Agora, na parte II, os passeios!
Um comentário:
Natania. Parabéns pela viagem e pelo reato. E gostei que vc ganhou coleção dos Schtroumpfs!
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