domingo, 22 de março de 2020

VAMOS ESCREVER CARTAS

Imagem capturada em: https://blog.myheritage.com.br/2019/10/preservando-cartas-antigas-de-familia/
Em  tempos de pandemia nós temos poucas opções para passar o tempo. Fazer a limpeza de um armário, colocar as coisas em ordem dentro de casa, ler um livro e assistir televisão são algumas das coisas que certamente à maioria das pessoas que tem uma casa para estar (não podemos nos esquecer dos milhões, sem teto e até sem pátria que estão espalhados pelo mundo, vivendo ao relento ou em barracas improvisadas). Outras pessoas, como eu, estão usando seu tempo para escrever.

Estou postando praticamente todos os dias nos meus blogs, além de escrever textos técnicos para os congressos adiados dos quais eu irei participar quando a crise acabar. Mas ontem, depois de assistir a um filme, daqueles bem bobinhos para passar o tempo, eu fiquei com vontade de fazer outra coisa: escrever cartas.

Foi algo que me veio depois de uma cena na qual o protagonista abre uma caixa cheia de correspondências antigas. Eu mesma tenho uma assim, guardada no fundo de um armário. Cartas e cartões que eu recebi durante minha juventude, antes dos e-mails e das redes de mensagens rápidas. Subitamente me veio o desejo de pegar uma folha de bloco e escrever uma carta.

Uma carta para os alunos que eu já tive e que ainda quero ter.
Uma carta para as pessoas em risco que eu ignorei nas ruas.
Uma carta para a natureza tão maltratada pela humanidade.
Uma carta para as mulheres e crianças vitimas de abusos.
Uma carta pra os desabrigados e para os refugiados.

De repente me bateu uma vontade imensa de dizer a eles como me sinto das minhas preocupações, dos meus sonhos e dos meus arrependimentos. Cartas que eu nunca vou enviar, mas que vão ser os testemunhos físicos daquilo das minhas expectativas, dos arrependimentos e sonhos acumulados ao longo de décadas.

Eu quero escrever cartas, mesmo que elas nunca sejam lidas.
É um sentimento melancólico, eu reconheço, mas que me trouxe certo conforto. Escrever de próprio punho cartas que eu espero poder reler daqui a uma década e colocar frente a frente o Eu do passado com o Eu do futuro.

Fica aqui meu convite para quem quer preencher o tempo durante a quarentena: vamos escrever cartas?

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