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Eu não conhecia Marielle Franco até ontem, 15 de março, quando soube da notícia da sua morte. Uma morte violenta, numa cidade cada vez mais marcada pela violência. Tampouco conheço, ainda, o trabalho dela. Não posso atestar pelo caráter de Marielle, mas posso falar sobre os rótulos que a cercavam.
Marielle era uma mulher negra, nascida na favela, que venceu todas as barreiras impostas pela sociedade. Ela estudou e se formou em sociologia e se proclamava feminista. Proclamar-se feminista, para mim, é desejar um mundo sem desigualdades de gênero, ou seja, um mundo justo para TODOS. É lutar contra a violência reproduzida pelo patriarcado, que vitima mulheres e homens.
No entanto, ser feminista pode ter outros sentidos, dependendo do "entendedor". Para uns, são mulheres que se acham melhores que os homens; para outros, são mulheres que não gostam dos homens ou ainda mulheres "mal amadas" ou frígidas. Ser chamada de feminista, tem sido quase que uma ofensa, dependendo da boca de quem a palavra sai. Certamente, há quem diga que Marielle buscou o fim trágico que teve, afinal, por que ela tinha que dar suas opiniões em público? Guardasse-as para si! Defender os direitos reprodutivos, denunciar a violência contra as mulheres? Falta de serviço!?
No entanto, ser feminista pode ter outros sentidos, dependendo do "entendedor". Para uns, são mulheres que se acham melhores que os homens; para outros, são mulheres que não gostam dos homens ou ainda mulheres "mal amadas" ou frígidas. Ser chamada de feminista, tem sido quase que uma ofensa, dependendo da boca de quem a palavra sai. Certamente, há quem diga que Marielle buscou o fim trágico que teve, afinal, por que ela tinha que dar suas opiniões em público? Guardasse-as para si! Defender os direitos reprodutivos, denunciar a violência contra as mulheres? Falta de serviço!?
Marielle era do PSOL, partido de esquerda, logo ela era uma esquerdista. E esse tem sido o maior pecado que pode uma pessoa cometer num país onde a esquerda está passando por um dos seus piores momentos, em toda a história do Brasil. Chamar alguém de esquerdista tem sido a forma sarcástica encontrada por muitos para descontar sua raiva com situação atual do país. É, também, uma forma de insuflar a desunião nacional e tirar proveito do caos, afinal, alguém tem que levar a culpa. Pois é, Marielle não era apenas uma simpatizante da esquerda, era uma esquerdista assumida. Se não o fosse, talvez não tivesse morrido. A culpa é dela, muitos devem estar dizendo, pois escolheu o "lado errado".
Marielle defendeu os moradores da favela que a elegeram e colocaram nela não apenas seus votos, mas suas esperanças. Ela denunciou abusos da polícia contra moradores. Ah, então ela defendia bandido, porque quem mora na favela ou é traficante ou colabora com traficante. Por tudo isso, muitos vão concluir: Marilene traçou o próprio destino. Ela fez aquilo que NÃO deveria fazer: ela buscou justiça para as mulheres, para os pobres e pra todos nós.
Eu não conhecia Marielle até ontem, e me arrependo muito, porque precisamos de mais "Marielles", de mais militantes, homens e mulheres, que abracem as causas sociais. Eu lamento a morte de Marilene e lamento ainda mais a morte lenta e anunciada da nossa fragilizada democracia, onde as leis se dobram à vontade dos poderosos. Onde lutar pelos mais fracos incomoda aqueles que não conseguem enxergar para além do próprio umbigo.
Eu não conhecei Marielle Franco, mas agora o mundo todo conhece.
Eu não conhecei Marielle Franco, mas agora o mundo todo conhece.
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