domingo, 11 de março de 2018

CONHECENDO O INTERIOR DA SUÉCIA: UMA SEMANA EM ÖREBRO

Casa típica sueca,onde passei uma semana maravilhosa!
Eu parti no final do dia 21 de janeiro para a cidade de Örebro, que fica cerca de duas horas de viagem de Estocolmo. Örebro possui aproximadamente 150 mil habitantes e é capital do Condado de Örebro. A cidade ficou conhecida por ser o centro nacional de produção de calçados na primeira metade do século XX. É uma cidade relativamente pequena  para os padrões brasileiros, mas grande para os padrões suecos. Se não me engano é a sexta ou quinta maior cidade da Suécia e tem até sua própria universidade a Örebro University.

Örebro não é uma cidade turística, vou adiantando. Então, que diabos eu fui fazer lá? Bom, eu tenho amigos que moram lá e que me convidaram para passar alguns dias perto da neve. Eu não me hospedei na cidade, fiquei em um pequeno distrito rural, chamado Mullhyttan. Depois de tantos dias correndo de um país para outro e ficando em hotéis, a ideia de estar numa casa em um ambiente familiar era tentadora. 

Caminhando com os amigos Ricardo e Roman, em Mullhytan.
Resumindo, eu fui passar a segunda parte das minhas férias numa comunidade rural com cerca de 700 habitantes. E foi a melhor parte! 

Fiquei hospedada em uma linda casinha típica sueca, rodeada de neve, com uma paisagem maravilhosa. Aliás, como eu cheguei à noite, a primeira coisa que fiz quando pulei da cama pela manhã foi correr para a janela, para poder ver toda aquela neve, que cobria o campo e a floresta. Sim, eu fiquei ao lado de uma floresta. 

Na segunda-feira eu tirei o dia para descansar pela manhã e para caminhar na parte da tarde com meus amigos pela região, inclusive pela floresta. Eu amei cada momento. As casas são lindas. Normalmente vermelhas, verdes ou amarelas. Elas combinam com a paisagem, coberta de neve. Passei por riachos semi-congelados encantadores. Difícil dizer o que era mais bonito. Eu poderia ficar a semana inteira só caminhando pela região fazendo isso e não ia me cansar.


Riacho parcialmente congelado
Como as casas ficam um pouco afastadas umas das outras, não se vê movimentação de pessoas. É tudo muito calmo e silencioso. Talvez por isso seja comum os veados pastarem no prado congelado, tão próximos das casas, despreocupadamente. Mas eu cheguei a conhecer um dos vizinhos mais próximos, um senhor idoso que sempre passeava com seu cachorro pela estrada. 

Apesar de estar na zona rural, acabei passando muito tempo na cidade. Para cada dia da semana eu tinha um compromisso ou uma atividade previamente programada. Como eu tive muitas atividades naquela semana, fica muito difícil colocar tudo em um texto só. Então, vou destacar algumas. As outras eu irei detalhar em postagens em separado.

Venda oferece ovos 24 h e não tem funcionários.
Uma das coisas que me marcou foi sair para comprar ovos. O tem de especial em comprar ovos? Não é bem o ato de comprar, mas a forma como se compra. É self service com auto-pagamento! A pessoa pega os ovos e deixa o dinheiro em um cano. A pequena vendinha de ovos ficar aberta dia e noite, sem funcionários. Achei aquilo fantástico, super organizado, super civilizado e empreendedor. Imagina se a gente pudesse fazer algo assim no Brasil? Quem sabe um dia!?

Na cidade de Örebro eu tirei um dia para passear. Saí para almoçar com amigos e depois fomos caminhar pela cidade. A cidade é encantadora. Tudo muito limpo e organizado. Um conjunto arquitetônico particular, onde os prédios modernos estão misturados com prédios mais antigos. Igrejas charmosas, as mais antigas de estilo gótico.

Peles de raposa e outros 
animais sendo vendidas na 
feira.
Achei muito interessante andar pelas feiras que ficam nas ruas e vendem de produtos típicos a doces e eletrônicos. Lembrando que os países da Escandinávia fizeram parte da Liga Hanseática, uma organização político-econômica que surgiu no final do século XII, por época do renascimento do comércio na Europa. Não acho que seja exagero dizer que as feiras são praticamente uma tradição naquela região. O que me chamou atenção foi a quantidade de barracas que vendem doces e balas e objetos feitos com peles de animais, quando não a própria pele, principalmente de raposa. 

Pois é, tadinhos dos bichinhos. Fiquei com dó e não comprei nada. Ia me dar dor na consciência comprar um chapéu de pele de raposa, embora eles fossem lindos, devo confessar. Com relação aos doces, parece que é uma tradição local, comer doces. E os suecos comem muito. Eu ganhei uma sacola com quase um quilo de balas e bombons.

Castelo de Örebro, do século XIV
A atração principal da cidade é o Castelo de Örebro (Örebro Slott), uma fortaleza medieval do século XIV, que fica localizada no centro da cidade, em uma ilhota no rio rio Svartån. Eu tinha visto fotos do castelo e imaginei que ele ficava fora da cidade, mas não, é ali no centro mesmo, cercado pelas águas do rio. 

Terminei o dia encontrando com meu amigo Ricardo na biblioteca de Örebro. De lá seguimos para Mullhyttan. Mais para o fim da semana a casa ficou em função dos preparativos para a Noite do Pastel, um evento que foi promovido pela Associação Sueco-Brasileira de Örebro, que reúne a comunidade brasileira e descendentes de brasileiros da cidade. Eles fazem um trabalho maravilhoso mantendo um pouco das tradições e costumes brasileiros lá fora. Isso é muito importante, principalmente para os mais jovens.


Pastel de massa caseira
 feito na Suécia!
Meus amigos ficaram encarregados da produção de pastéis e eu ajudei no que pude. Foi ótimo, porque eu fiz novas amizades, como Karin e seu filho Stepan. No final das contas, acabei aumentando minha rede de relações na Suécia, que antes era basicamente composta por suecos, mas que agora já tem um bom número de brasileiros.

E fechando minha viagem, no sábado pela manhã fomos fazer um passeio de carro pela região. A neve já estava começando a derreter, então a paisagem era outra, igualmente bonita. Fomos à floresta, numa área para acampamentos, admirar a vista do alto de uma torre de observação de pássaros. 

Depois meus amigos me levaram para uma grande loppis, na cidade de Karlskoga, que fica no Condado de Örebro, cidade onde nasceu e viveu Alfred Nobel, que era dono de uma fábrica de canhões, vejam só! Por conta da fabricação de armas, desde o século XIX, a pequena cidade com certa de 30 mil habitantes  tornou-se um centro produtor e de testes de armamentos. 


A neve derreteu em dois dias e a floresta já foi ficando verdinha. Essa área é uma área para acampamentos e essa casinha no fundo é usada por pessoas que vem nos fins de semana. O uso é gratuito.
Meu amigo explicou que, arrependido de uma vida dedicada à destruição, Nobel determinou em testamento que fosse criado o Prêmio Nobel, criando um fundo especial para isso.

Mas deixando a história um pouco de lado, deixa eu explicar o que é uma loppis. Trata-se de uma espécia de loja de usados, que pode ser em um galpão ou mesmo ao ar livre, como um mercado de pulgas. Lá vende-se tudo que já teve um dono. De eletrônicos a antiguidades. Os suecos adoram comprar nas loppis coisas para a casa.


Conjunto de porcelana que eu ganhei, da loppis. Os suecos adoram acender velas durante as refeições. Eu adorei a ideia e estou fazendo isso aqui, também. Quando recebo amigos acendo velinhas e enfeito a mesa com meus candelabros de porcelana 

Eu encontrei lindos conjuntos de cristais e porcelana, praticamente novos. Ganhei duas peças de presente: candelabros de porcelana fofos dados pelo meu amigo Roman, como presente de despedida. E tudo realmente muito barato. Cálices de cristal custando o equivalente a R$5,00. Eu não comprei pois tive medo de que se quebrassem na viagem. Burrice! Poderia ter levado na bagagem de mão. 

No domingo, eu fui para Estocolmo e de lá peguei um avião rumo a Lisboa e comecei a me despedir das minhas férias. Como presente, tive uma noite de neve. Quando amanheceu, a paisagem estava exatamente como eu encontrei. Foram dias maravilhosos que eu espero poder repetir. Agradecimentos especiais  Ricardo, Roman e pequeno Villen pela recepção caloroso no gelado inverno sueco. Também, a Sérgio, Thomas, Karin e Stefan, pela paciência que tiveram comigo.

Partindo para Estocolmo, de onde peguei um voo para Lisboa. Despedida com muita neve!



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