quinta-feira, 22 de março de 2018

EM GOTEMBURGO COM MALIN BILLER


Com a maravilhosa Malin Biller, em Gotemburgo.
É difícil para mim separar trabalho de lazer, porque eu realmente gosto do que eu faço. Por isso, durantes as minhas férias de janeiro, eu tirei um tempinho para fazer novos contatos e ter novas experiências, tanto no campo educacional quanto na pesquisa em quadrinhos. 

Não foi a toa que eu quis ir a Bruxelas, na Bélgica, considerada por muitos a capital europeia dos quadrinhos, por exemplo. Eu me diverti e aprendi muito por lá. Na França, eu fui à entrega do Prêmio Artemísia. Na oportunidade eu reencontrei Chantal Montellier e Cecília Capuana e ainda conheci outros quadrinistas, jornalistas e pesquisadores. Tirei ainda um tempinho para visitar a redação da revista Papiers Nickelés, em Paris, para qual eu contribuo com artigos sobre história dos quadrinhos. 

Na Suécia não foi diferente. Em Estocolmo eu me encontrei com os amigos Ola Hammurlund e Ola Hellstein, que conheci ano passado, na minha primeira ida a Estocolmo. Ola Hellstein, por sinal, me presenteou novamente com um livro sobre quadrinhos, desta vez focado na educação. Por sinal, eu estou ansiosa para começar a ler, se o doutorado e o trabalho na escola me permitiram. Aproveitei para deixar meu livro com ele, para a Serieteket de Estocolmo. 

Uma vez em Örebro, eu aproveitei a oportunidade para dar uma esticadinha até Gotemburgo e encontrar uma pessoa que eu acho apaixonante: a quadrinista sueca Malin BillerEu a conheci da mesma forma como conheci muitas outras pessoas da área. Eu perguntei sobre mulheres que fazem quadrinhos na Suécia, e o nome dela apareceu várias vezes. Então, na cara de pau, eu entrei em contato com ela.
 
Gotemburgo debaixo de chuva, mas isso não atrapalhou muito, só um pouquinho!
Malin, mesmo sem me conhecer, foi muito simpática comigo e respondeu à várias perguntas que eu lhe fiz sobre a participação da mulheres nos quadrinhos na Suécia e sobre seu próprio trabalho. Ano passado, quando organizamos uma exposição de quadrinhos no Centro Cultural de Leopoldina (MG), ela cedeu várias páginas de uma das suas obras, que por sinal fizeram o maior sucesso por aqui. Ela é uma inspiração, tanto pela sua trajetória pessoal quanto pelo que ela representa: a possibilidade de uma mulher fazer quadrinhos e sobreviver da sua arte. Mesmo na Suécia isso é complicado.

Normalmente, homens e mulheres quadrinistas não conseguem sobreviver apenas produzindo quadrinhos. Precisam complementar sua renda dando aulas de arte ou mesmo em atividades que nada têm a ver com a área dos quadrinhos. Álbuns são produzidos muitas vezes de forma independente ou por meio de financiamento coletivo. No caso de Malin Biller, ela é uma jovem artista que conseguiu se consolidar na profissão e se manter fazendo quadrinhos.
 
Então, fui eu para Gotemburgo com o amigo Thomas Karlsson para conhecer pessoalmente Malin. E foi maravilhoso. O tempo não ajudou muito, pois estava chovendo. Mas quem se importa? Não fui lá pelo turismo, apesar de ter ido a museus e conhecido um pouco da cidade. Pretendo, inclusive, retornar a Gotemburgo, num dia ensolarado. Mas fui lá especialmente para conhecer uma das quadrinistas suecas que mais admiro.

Quadrinhos de Malin Biller, exibidos pela primeira vez no Brasil, em Leopoldina (MG), em 2017. A imagem está um pouco embaçada, infelizmente.

Nós nos encontramos em uma livraria no centro de Gotemburgo. Aonde, inclusive, eu cheguei a comprar alguns álbuns enquanto eu esperava. Thomas já havia me dito que me presentearia com alguns, mas eu não resisti, acabei comprando mais. Da livraria fomos para um charmoso restaurante onde almoçamos, conversamos e tomamos café. Não posso dizer por Malin, mas eu adorei cada momento. Foi exatamente como eu imaginei que seria. Fiquei encantada.

Eu tenho uma experiência positiva com os suecos. Das duas vezes que estive na Suécia eu fui recebida de forma calorosa. Talvez porque eu seja uma visitante e só apareça nas férias. Mas os suecos me passam uma sensação muito boa, de acolhimento. Imagino que nossos interesses comuns ajudem, afinal, assunto nunca falta. Aliás, falamos sobre um pouco de tudo, apesar do meu inglês ser horrível (mas tem melhorado bastante).

Conhecer pessoalmente as pessoas sobre quem estudo ou irei estudar é especial para mim. Não chego a considerar isso como um “trabalho”, embora possa até parecer. Para mim é a oportunidade de estabelecer conexões mais amplas que, futuramente, podem beneficiar todas as partes envolvidas, seja no aspecto pessoal ou profissional.

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