domingo, 4 de fevereiro de 2018

LA GUERRE DE CATHERINE É PREMIADO NO 46º FESTIVAL DE ANGOULÊME

Um dos quadrinhos premiados este ano durante o 46º Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, que ocorreu entre dos dias 24 e 27 de janeiro, foi "La Guerre de Catherine", de Julia Billet e Claire Fauvel. Ele recebeu o Prix Jeunesse (ou Prêmio Juventude, se traduzirmos ao pé da letra). As autoras já haviam recebido o Prêmio de Ficção Histórica, oferecido pela Fundação Artemísia (clique aqui para saber mais) no dia 11 de janeiro. 

O álbum conta a história de Rachel Cohen, que em 1941, durante a ocupação nazista na França, para escapar das leis anti-judaicas precisou trocar seu trocar seu nome para  Catherine Colin e ir para uma zona livre. Recebendo ajuda de professores e membros da resistência a jovem sobrevive. 

Rachel ganha uma máquina fotográfica de um professor e começa registrar cenas do cotidiano criando um testemunho daquele período sombrio. Foi a forma que Rachel/Catherine, encontrou de resistir ao nazismo. A História em Quadrinhos foi adaptada do romance de Julia Billet, foi inspirado na vida da mãe da autora, Tamo Cohen, estudante da Maison de Sèrvres, cuja vida, e a vida de muitas outras crianças, foi salva durante a II Guerra Mundial pela pela resistência francesa.  

Ela usa o fotografia para proteger a memória de toda uma geração que sofreu com os horrores da guerra. Uma história em quadrinhos que fala da arte de fotografar, da importância da memória e da resistência contra a "desumanização" do indivíduo promovida pelo nazismo. Um alerta para as novas gerações, que têm sido facilmente seduzidas pelo discurso simplista e vazio, repleto de intolerância que, na atualidade,  vêm revigorando a ideologia fascista em todo o mundo. 

Tive a felicidade de me encontrar e trocar algumas palavras com Julia Billet durante a entrega do Prêmio Artemísia. Vibrei ao saber que ela e Claire Fauvel foram premiadas pelo Festival de Angoulême. Afinal, as mulheres premiadas em Angoulême, nas 46 edições do festival, ainda são poucas. Para muitos o festival ainda tem o gosto amargo das declarações da organização, em 2016, sobre a participação das mulheres na produção de quadrinhos (clique aqui para saber mais). 

O fato do álbum  "La Guerre de Catherine" ter sido premiado no Artemísia e, em seguida, ser reconhecido em Angoulême tem um sabor especial, pelo menos para mim. Aponta não apenas para a competência do júri ao escolher e premiar o álbum no Artemísia como invalida mais uma fez os argumentos que, no passado, desqualificavam os quadrinhos feitos por mulheres. 


*****
Assista a um vídeo com o resumo do Prêmio Artemísia de 2018 e conheça uma das ganhadores de Angoulême, Julia Billet.

Nenhum comentário: