quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

AS LUZES DE BRUXELAS

A Grand Place é a praça central da cidade de Bruxelas, conhecida pela beleza arquitetônica, que durante a noite é realçada pelas luzes que iluminam a faxada  dos edifícios. Nela está localizada a Câmara Municipal e a Casa do Rei. Foi reconhecida como patrimônio mundial pela UNESCO em 1998.
Em 2017, eu havia planejado passar uns dias em Bruxelas, capital da Bélgica e da União Europeia. Mas durante a viagem tive um contratempo e mudei meus planos. Este ano eu  não poderia deixar Bruxelas de fora do meu roteiro. Só me arrependo de uma coisa: não ter ficado mais dias. Cinco dias foram pouco. Uns dois dias a mais seriam bem vindos.

TGV - Gare du Nord, Paris (França).
Como estávamos em Paris, optamos por viajar de trem para Bruxelas. E foi ótimo. Fomos de Trem de Grande Velocidade (TGV), saindo da Gare du Nord. O TGV é um dos trens mais velozes do mundo, podendo chegar a 320 km/h. Em duas horas nós estávamos na Gare Midi, 15 minutos depois no hotel.

A localização do hotel era excelente. Perto de restaurantes agradáveis e relativamente baratos e bem próximo dos principais pontos turísticos. A Grand Place foi o primeiro lugar que visitamos e que me deixou uma ótima impressão da cidade. Suas luzes e sua arquitetura fizeram esse primeiro momento parecer mágico. E justamente foram as luzes de Bruxelas, naquele início de noite de inverno, que me conquistaram. 

Eu já disse que a Bélgica é famosa pelos chocolates? Na verdade, os belgas produzem o melhor chocolate do mundo  e eles são os inventores do bombom. O chocolate é bom mesmo! Eu comprei, claro, mas confesso que comi muito chocolate de graça, todos os dias, porque cada loja que eu visitava me oferecia uma porção de  chocolates para degustação.


Não tem como olhar as vitrines e não entrar para conferir as delícias.
Lá nós encontramos, além do melhor chocolate do mundo, a melhor batata frita do mundo. A batata que os belgas usam é a bintje. Ela fica crocante por fora e macia por dentro. Ela é cortada em palitos, mas frita de uma forma diferente: primeiro, em banha derretida; e, depois, em óleo vegetal. Em seguida, é servida em cones de papelão com vários tipos de molho, a maioria à base de maionese.

Eu experimentei essa delícia num dos lugares mais badalados: o Fritkot Bompa, onde a batata é servida com molho tártaro caseiro, e há ainda muitas outras opções de molhos. Tem até um molho Brasil, que é doce. A batata é servida em um cone, em grande quantidade, e sobre ela grossas porções de molho. 
Posando ao lado do cone de batatas fritas
com Ana Cristina Fajardo.

A batata pode vir acompanhada de pratos gordos e saborosos como sanduíches, frango frito ou croquete. Eu optei pelo simples: o cone com molho tártaro. Confesso que quase não dei conta de comer tudo, era muita coisa. Mas encarei o desafio. 

A Bélgica tem também algumas da melhores cervejas do mundo. Eu experimentei, já no primeiro dia, a famosa Delirium Tremens, a cerveja do elefante cor de rosa, considerada uma das melhores cervejas do mundo. Paramos em um bar, todo ambientado como um daqueles saloons de Faroeste. Muito aconchegante por sinal. Mas só consegui tomar uma cerveja porque eu não consigo beber muito e as cervejas europeias são muito mais fortes do que as brasileiras. 
Cerveja Delirium Tremens.

O lugar ideal, e mais barato, para tomar cerveja é no Delirium Café, um dos bares mais populares da cidade (e que pode ser encontrado em várias outras cidades europeias). Lá eu experimentei uma cerveja diferente, da qual agora não me lembro o nome. Não gostei, achei muito azeda. Mas a cerveja de pêssego, essa me conquistou. Uma delícia!


Delirium Café Bruxelas - toda noite lotado!

O Delirium Café é um dos mais famosos de Bruxelas e tem a classificação de ser o nº 02 da vida noturna da cidade. Para chegar lá a melhor referência é a Jeanneke Pis, uma estátua de bronze que é a versão feminina do Manekin, um dos símbolos de Bruxelas. Ela fica localizada praticamente na frente do bar.


Manekin Pis
O Manekin Pis é a estátua de um menino urinando. Algumas pessoas não conseguem entender que graça tem uma estátua de 61 cm de uma criança fazendo xixi. Mas em torno do Manekin há toda uma história que remonta ao século XVII. Difícil para alguém de fora entender, mas ele representa uma forte referência à memória e à identidade da cidade, valorizada pelos seus habitantes. 

Outro símbolo de Bruxelas é o Atomiun que foi construído para a exposição mundial de 1958. Ele possui o formato de um cristal de ferro, ampliado 165 bilhões de vezes. O Atomiun é, ao mesmo, tempo um edifício e uma escultura. Era um dos monumentos de Bruxelas que eu mais queria conhecer. 

Atomiun
São 9 esferas (cada uma com 18 metros de diâmetro) conectadas por 20 tubos. Nem todas estão liberadas para visitação, por questão de segurança. Lá há exposições permanentes, voltadas para os anos de 1950 e para a construção do edifício, e exposições temporárias. Em janeiro estava havendo uma muito interessante sobre surrealismo, que super combina com o local. Na esfera central pode-se ter uma visão panorâmica da cidade. Lá também há um restaurante onde os visitantes podem lanchar ou mesmo fazer uma refeição completa. 

Foi uma experiência diferente de todas que eu tinha tido até então. Eu me senti dentro da Enterprise! Sério, eu lembrei dos episódios antigos de Jornada nas Estrelas, que eu assistia quando era criança. É como você estar em um lugar que é, ao mesmo tempo, antigo e futurístico. Na verdade o Atomiun  representava uma visão do futuro da sociedade europeia do anos de 1950.

Painel homenageando Thorgal
Bruxelas, para quem não sabe é a capital mundial das Bandes Dessinées (Histórias em Quadrinhos). Andando pela cidade podemos encontrar painéis gigantes, pintados em edifícios, que homenageiam personagens populares das Histórias em Quadrinhos franco-belgas. Lá também pode ser encontradas dezenas de lojas especializadas em quadrinhos. Anualmente, ocorre em Bruxelas um dos maiores festivais de quadrinhos do mundo, La Fête de la BD (A festa das Histórias em Quadrinhos). 

Eu estava sempre atenta procurando alguns dos famosos painéis. E sei que não achei nem 10% deles. Os quadrinhos estavam em todo o canto. Até nas muretas que protegiam as obras de reforma das calçadas. No Palácio do Governo, por exemplo, havia uma exposição de cartuns, charges e quadrinhos sobre política. Lá também podemos encontrar museus dedicados às Histórias em Quadrinhos. Eu fui no Musée de la Bande Dessinée, que fica no Centre Belge de La Bande Dessinée.
Um pedacinho de uma das exposições do Musée de la BD, Bruxelas.
O espaço é lindo e as exposições são muito bonitas, também. Uma, que acredito ser permanente, explica de forma didática o que são as Histórias em Quadrinhos, sua história e seus diversos gêneros. As outras mostravam diversas obras de autores franco-belgas, entre homens e mulheres. Tudo isso mesclado com um material audiovisual muito rico. 


No Musée de la BD com Joana e Nuno!
E olhe como são as coisas! Eu lá, em Bruxelas, entrando no Museu das Histórias em Quadrinhos dei de cara com um amigo meu, de Portugal, o Nuno. Ele é cartunista. Ano passado estávamos com um grupo de portugueses que foram para o Festival de Angoulême,  na França. Ele estava a passeio com a namorada, Joana, que por sinal é muito simpática. Foi uma grande surpresa! Eita, mundinho pequeno.

Chamou-me atenção a quantidade de brasileiros que eu encontrei por lá. De todos os países que eu visitei, tirando Portugal, a Bélgica foi onde esbarrei com mais brasileiros. Fiquei surpresa com a quantidade. Trabalhando em lojas, restaurantes, hotéis ou mesmo passeando pela cidade. 

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