quinta-feira, 30 de abril de 2020

DIA NACIONAL DA MULHER: VAMOS LEMBRAR DE MULHERES IMPORTANTES NA NOSSA VIDA

Minha ex-professora, arrasando de shortinho em um desfile cívico lá pelos anos de 1950 ou 1960 (acho). Foto cedida por Katsumi Dan (s/d)

Hoje é dia  Nacional da Mulher,  uma data comemorativa pouco lembrada, mas que tem um significado muito grande principalmente para Leopoldina, MG. O Dia Nacional da Mulher foi instituído em 1980, através da lei nº 6.791, de 9 de junho de 1980, em homenagem a Jerônima Mesquita, ativista pelo direito ao voto feminino, na primeira metade do século XX. Jerônima nasceu no município de Leopoldina e foi uma das figuras mais importantes do movimento sufragista brasileiro. 

Infelizmente, mesmo em Leopoldina, a sua história ainda é pouco conhecida. Recentemente Jerônima Mesquita ganhou espaço na exposição permanente sobre a história de Leopoldina, que pode ser visitada Espaço Cultural Mauro de Almeida, no centro da cidade. Uma homenagem justa, mas ainda insuficiente. A Academia Leopoldinense de Letras também lhe homenageou com a cadeira n.25, ocupada pela professora e historiadora, Amanda Almeida.

Mas neste DIA NACIONAL DA MULHER, eu não pretendo falar dela. Neste dia nacional da mulher, eu quero exaltar importância das mulheres comuns. Daquelas cujos nomes dificilmente vamos encontrar em um livro de história, mas que, certamente, tiveram um papel importante na vida de muitas pessoas. Eu escolhi falar sobre minha ex-professora, Heloísa Nogueira, que faleceu ano passado.

Por que ela?

Heloísa (s/d)
Foto cedida por Ana Cristina Fajardo
Porque ela foi a mulher que mais me inspirou, desde bem jovem. Ela era minha professora de geografia. Heloísa me abriu os olhos para o mundo. Ela levava para suas aulas muito mais do que conhecimento técnico mas, principalmente,  experiência de vida. Heloísa viajava muito, numa época em que eu e a maioria dos meus colegas da escola pública nem sonhava ir para além do Rio de Janeiro, onde eu passava minhas férias.

Quando ela falava de um lugar, ela tinha sempre uma foto para mostrar ou uma experiência para contar. Foi ela que me inspirou a fazer minha primeira viagem para o exterior, quando eu ainda tinha 12 anos de idade. Explicarei melhor: ela, em uma de suas aulas, nos falou sobre a cordilheira dos Andes e contou de sua viagem a Machu Picchu, no Peru. Com 12 anos eu havia me decidido: eu iria lá. Aos 29 anos eu realizei meu sonho e fui.

Uma das paixões dela eram
os animais. Foto cedida
por Katsumi Dan (s/d).
Heloísa era uma professora diferenciada em muitos aspectos. Suas aulas eram divertidas e dinâmicas. Ela era a professora que eu gostaria de um dia ser. Uma mulher que adorava cultura popular e queria nos aproximar dela. Os alunos adoram participar de sua atividades criativas e seu jeito despojado destoava da seriedade e sobriedade de outros professores, lá no início dos anos de 1980. 

Heloísa foi a primeira feminista que eu conheci, embora ela nunca tenha se referido a si mesma como uma, pelo menos na minha frente. Ela era famosa por subverter tabus, por ser "avançada" para a época e por não se importar com aquilo que os outros diziam. Prezava sua liberdade e repudiava preconceitos. Ela foi, também, meu modelo de mulher, por sua foram atrevida de encarar o mundo, sempre de cabeça erguida.
Heloísa comigo, no lançamento do meu primeiro livro, em 2010,

Eu gostaria de, no futuro, poder fazer uma breve biografia desta  mulher forte e independente, que influenciou várias gerações de estudantes, tanto como professora quanto como pessoa. No Dia Nacional da Mulher nada mais correto do que se lembrar de uma mulher que não pode ser esquecida por milhares de estudantes quer tiveram o privilégio de tê-la como professora.


Um comentário:

Valeria disse...

Obrigada pela bela lembrança, Natânia! Heloísa inspirou a mim a vontade de ser mulher por inteiro, independente e dona de mim. Feliz por ter o convívio com essa pessoa especial até bem pouco tempo na saudosa Farmácia São José. A professora Heloísa vive nos corações e sonhos da maioria daquelas que tiveram o privilégio de tê-la como mestra.