domingo, 19 de abril de 2020

UMA BREVE HISTÓRIA DO FEMINISMO

Capa da publicação
brasileira (2019)
Leitura da semana, "Uma breve história do feminismo no contexto euro-americano", foi uma grata surpresa. Obra em quadrinhos, sob o traço da quadrinista Patu e roteiro da cientista política Antje Schrupp, lançada originalmente na Alemanha, em 2015, narra a história do feminismo de forma sintética, mas sem abrir mão da qualidade acadêmica. Ou seja, apresente o feminismo para leigos, mas não deixa a desejar a livros teóricos sobre o tema. 

Capa da publicação
 alemã (2015)
Não é uma HQ para crianças, mas indicada para alunos do ensino médio. Não é um quadrinho apenas para mulheres, mas para todos, uma vez que entendermos que o feminismo representa um posicionamento social que independe da origem biológica. Aliás, um dos pontos fortes da obra é esclarecer muito bem o que são relações de gênero e como elas são construídas. Em tempos em que os estudo de gênero esbarram em muito preconceito e em ideias deturbadas do que são papeis de gênero, é uma obra necessária. 

Na breve introdução da HQ, chamou-me a atenção um trecho escrito pela autora, quando ela fala do conceito de humanidade e busca sua raiz no livro do Gênese, no Antigo Testamento:


(...) a palavra hebraica “Adam”, não é um nome masculino, mas significa simplesmente “ser humano”. Adão não tinha um sexo. Com a criação de Eva, portanto, não foi só a mulher que veio ao mundo, mas muito mais do que isso, a distinção entre os sexos: o ser humano de sexo neutro “Adam” tornou-se mulher e homem.

A equiparação de Adão com o homem já mostra, no entanto, onde está o problema: em muitas culturas os homens são confundidos com o ser humano em si.


A introdução nos prepara para uma obra que pretende desmistificar o feminismo e as relações de gênero, dentro do contexto histórico/cultural/intelectual do ocidente, conforme remete o próprio título. 

A introdução nos prepara para uma obra que pretende desmistificar o feminismo e as relações de gênero, dentro do contexto histórico/cultural/intelectual do ocidente, conforme remete o próprio título.

A HQ se divide em pequenos capítulos que pontuam aspectos históricos e teóricos do feminismo de forma didática. Por exemplo, no que diz respeito à história, apresenta o feminismo na Antiguidade, na Idade Média, em momentos importantes da história do pensamento  como o iluminismo. Sempre partindo de uma ou mais figuras femininas, como a filósofa Ptolemaida, a matemática Hipátia, de Alexandria, a abadessa alemã Hidelgarda de Bingen e a escritora Mary Wollstonecraft.

Ao abordar o movimento feminista, apresenta ao grande público nomes como Simome de Beauvoir Luisa Muraro, e Judith Butler, assim como temas como transversalização de gênero e feminismo Queer. Um livro tão completo que fica difícil apontar algo que, por acaso, esteja faltando.

A obra é feliz em trazer para o palco principal mulheres que se destacaram ao longo da história, rompendo barreira impostas pelas relações de gênero e em defesa da participação das mulheres em campos da sociedade nos quais elas estavam alienadas. 

Destaque para a habilidade da autora de realizar um história das mulheres e do feminismo e que dialoga com o caso específico alemão, oferecendo outras perspectivas dentro do contexto europeu. O único ponto negativo foi a opção do formato da obra, pela editora Blucher (14x21), que dificultou sua leitura, pois a fonte do texto ficou muito pequena, assim como desvalorizou a arte de Patu.

Nenhum comentário: