Li Österberg
pertence àquela geração de mulheres que revolucionou os quadrinhos suecos, com
temáticas ligadas ao feminismo, com quadrinhos mais filosóficos e politizados. Formou-se
pela "Escola de Quadrinhos de Hofors", onde estudou por três anos. As escolas de
quadrinhos na Suécia oferecem uma formação completa para quem deseja se
profissionalizar na área. Li Österberg conta que produzia croquis uma vez por semana e que lá
conheceu diferentes gêneros de quadrinhos. Havia, também, visitas de artistas veteranos
que compartilhavam sua experiência Professional.
Sua
profissionalização veio em 1998 quando participou da antologia “Allt för
konsten" (Todas as artes), publicada pela Optimal Imprensa, e premiada
pelo Prêmio Urhunden[1],
em 1999.
Da
mesma forma que muitos outros quadrinistas suecos da sua geração,
Li Österberg produziu quadrinhos autobiográficos. Segundo
ela, este tipo de quadrinhos era uma tendência na Suécia, na década de 1990, e parecia “quase
impossível ser publicado com qualquer outra coisa”. Atualmente ela raramente
faz este tipo de quadrinho, dedicando-se mais à ao realismo e à fantasia.
Em seus quadrinhos autobiográficos, Li Österbergs
fala de suas experiências, sua timidez, neuroses, fobias sociais e de sua
família. Um dos seus primeiros quadrinhos deste gênero foi “Sagan om
flickan som bara ville Rita” (História sobre a garota que só queria desenhar).
Mas vai ser com o fanzine “Agnosis”,
que teve 15 números, iniciado por volta de 2004, que ela vai trilhar mais
intensamente a autobiografia.
Li Österberg
seguiu um caminho inverso com relação à produção de quadrinhos. Ela começou a
produzir fanzines depois de ter se profissionalizado.
“Na época,
nenhum editor parecia suficientemente interessado em meus quadrinhos. Então,
para publicá-los eu tinha a mim mesma. Eu escolhi o nome Agnosis, o oposto do termo gnose
(conhecimento), para o meu fanzine, já que meus quadrinhos costumavam ter
pessoas confusas que tentavam entender o mundo e a elas mesmas. Eu realmente
gostei de fazer fanzines. Isso diminuiu a minha ansiedade com relação ao meu
desempenho e me tornou mais criativa. E eles foram bem recebidos no mundo dos
quadrinhos suecos, o que eventualmente levou sua publicação. Eu diria que Agnosis foi muito importante tanto para
mim pessoalmente quanto para minha carreira”.
Em 2003 ela
lançou o álbum “Johanna”, também
pela Optimal
Imprensa. O projeto nasceu em 2000, em parceria com o
escritor e quadrinista Patrik
Rochling, para ser uma webcomic feminista e acabou
crescendo. A protagonista, a rebelde Johanna, tem suas histórias contadas da
adolescência á idade adulta e retrata diversas situações cotidianas, muitas
delas divididas com outra personagem, Klara.
Com o tempo “Johanna” foi dividindo
seu protagonismo com outros personagens secundários.
Em 2014 foi publicada uma coleção completa de “Johanna”, com o material publicado entre 2003 e
2012.
Como Li Österberg é fã de mitologia grega desenvolveu um projeto
chamado “Nekyia” (2012), onde Hermes e Hades são dois dos protagonistas. O
gosto pela mitologia vem do grande conhecimento que ela tem sobre da história e
religião. Conta que seu interesse por mitologia surgiu ainda na infância,
quando adorava mitos e contos de
fadas. Na adolescência a mitologia grega se tornou uma obcessão.
“Eu gostava do fato deles serem tão falhos
e humanos. E eles tinham algumas deusas realmente legais e poderosas (o que eu
não percebia naquela época era que algumas dessas deusas poderosas possuíam
traços bastante misóginos). Mais de dez anos depois, voltei aos mitos gregos e
comecei a fazer histórias em quadrinhos sobre eles novamente, desta vez numa
tentativa de misturar o gênero realista com o gênero de fantasia”.
Atualmente
ela trabalha um novo projeto com Patrik Rochling, onde ele escreve o roteiro,
num estilo realista com personagens fictícios. Continua sua série sobre deuses
gregos, onde mistura realismo e fantasia, abordando temas como sonhos perdidos,
controle de natalidade e a busca por um lugar no mundo. Dessa série já foram publicados
três livros e o quarto está em produção.
Quem
quiser conhecer mais sobre o trabalho de Li Österberg é só clicando
aqui!
OBS: Agradecimentos a Li Österberg, que me concedeu uma entrevista via e-mail no dia 23 de abril de 2017 e que pacientemente me tirou muitas dúvidas depois.
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