domingo, 4 de junho de 2017

CHANTAL MONTELLIER NO BRASIL

Amaury Fernandes, Marta, Chantal e eu!

Um mês depois, eu pude reunir fôlego para escrever algumas palavras sobre a experiência de me encontrar com Chantal Montellier no Rio de Janeiro, durante a Semana Internacional de Quadrinhos (SIQ), realizada entre os dias 02 e 05 de maio deste ano. Ao contrário do que se fala dos franceses, eu nunca tive qualquer problema em me relacionar com eles. Das poucas vezes que fui à França eu fui bem tratada e recebida e não foi diferente com Chantal Montellier.

Nós começamos a ter contato no final de 2015, quando estendi minhas pesquisas sobre mulheres nos quadrinhos para a França. Na época eu tinha interesse em saber mais sobre a revista “Ah! Nana!”, publicada no final da década de 1970. Ela, de imediato, me deu todo o suporte e, quase sem em conhecer, me indicou para publicar em uma revista francesa. A partir dela eu fiz contatos com pessoas como o jornalista Yves Frémion e com a quadrinista italiana Cecília Capuana.  

Finalmente, eu iria conhecer aquela que havia se tornado um exemplo para mim, tanto pelo se talento quando pelo seu idealismo. E nós sabemos que vivemos uma época em que ter e manter ideais é uma tarefa árdua.

Chantal Montellier veio ao Brasil a convite de Octavio Aragão e de Amaury Fernandes, organizadores do SIQ, como principal atração do evento, patrocinada pela Maison de France. Aproveitando sua vinda ao Brasil, a Editora Veneta republicou o único quadrinho de Chantal Montellier no Brasil, “O Processo”, uma adaptação da obra de Kafka. Estamos aguardando o próximo, opções não faltam!

E ela realmente roubou a cena. Entre entrevistas, lançamentos e palestras ela cumpriu com maestria todos os seus compromissos e ainda fez muito mais. E não podemos esquecer da sua preocupação constante em estar atendendo à demanda do seu público, que incluiu quadrinistas, estudantes de arte e jornalismo, professores e curiosos.

Não pode faltar livro autografado!
A experiência foi fisicamente desgastante, mas intelectualmente enriquecedora. Ela abriu meus olhos para muitos elementos acerca da História das Mulheres, dentro e fora dos quadrinhos, que até então eu não havia mensurado. Conhecimento adquirido, laços de amizade reforçados, eu poderia dizer que os três dias que passei em companhia desta grande dama dos quadrinhos foi decisiva para definir os caminhos que eu desejo tomar com relação à pesquisa. Foram importantes ainda para entender que o estudo das mulheres nos quadrinhos não deve nem pode ter fronteiras. 

A História das Mulheres tanto quando a História dos Quadrinhos é universal, ela não pertence ao Brasil, à França ou aos Estados Unidos, ela pertence a todos. É uma História marcada por lutas, por avanços e retrocessos. É a História das brasileiras, das francesas, das suecas, das inglesas, das japonesas, das estadunidenses e das angolanas.  

Ser mulher em nosso mundo e ser várias mulheres em imersas em várias realidades, mas que enfrentam desafios muito semelhantes. Seja nos anos de 1940, nos anos de 1970 ou atualmente, é uma História que se define pela construção de uma memória compartilhada. E Chantal Montellier compartilhou parte desta memória conosco naqueles três dias em que ela se revezou entre entrevistas e palestras.

Um comentário:

stéphano bahia disse...

dia de todas mulheres... independente da nacionalidade