Os quadrinhos feministas revolucionaram a indústria
dos quadrinhos na Suécia. Na última década, as mulheres passaram a ocupar lugar
de destaque na produção nacional. Especialistas como Fredrik Strömberg
acreditam que elas, atualmente, lideram o mercado com uma produção original e
muito politizada. A televisão e as redes sociais tiveram um papel muito
importante neste sentido, pois permitiram que os artistas pudessem mostrar seus
trabalhos sem dependerem exclusivamente das editoras.
E os suecos gostam de quadrinhos politizados. Por
isso quadrinistas como Malin Biller, por exemplo, com suas tiras provocativas
fazem muito sucesso nos jornais. Embora aquele país tenha um mercado reduzido
para os quadrinhos, até porque a Suécia é um país pequeno, com menos de 10
milhões de habitantes (9.799 milhões), seus quadrinistas vêm ganhado o mundo.
Muitos já foram publicados em países como Estados Unidos, França, Alemanha e
Portugal. Eles, também, já estão ganhando o Brasil. Este ano a AVEC Editora
publicou Alena, do Sueco Kim W. Andersson. Há ainda a possibilidade de
termos, em breve, os mangás suecos de Natalia
Batista.
Tanta efervescência cultural em um país tão pequeno
se deve principalmente a uma oxigenada política que teve início no final do
século XX. A Suécia vem rompendo com o conservadorismo adorando uma educação
voltada para uma visão mais politizada da sociedade e baseada na igualdade de
gênero.
Das artistas desta nova geração que abraçaram os quadrinhos feministas,
temos Elin Lucassi. Lucassi já trabalhou como professora, é cartunista, editora e escritora, tendo trabalhado, também como bibliotecária. Ela
conta que começou a desenhar na escola, fazendo caricaturas de professores e
desenhando situação engraçadas nas quais ela se envolvia.
Seus quadrinhos são
feministas e marcados por um estilo de desenho único e uma narrativa
inteligente. Lucassi trabalha com temas que giram em tornos de
preconceito, sexismo e racismo, entre outros, com muito humor, mas, ao mesmo
tempo, de forma muito séria. Apesar dos avanços dos últimos anos a sociedade
sueca ainda é muito paternalista e estes temas precisam ser discutidos.
Lucassi respondeu a algumas perguntas que fiz sobre
sua profissão e sobre as mulheres e os quadrinhos na Suécia, no dia 26 de maio.
Respostas curtas, mas que estão me ajudando a compor um panorama mais amplo do
que é o mercado dos quadrinhos na Suécia e sobre a inserção feminina naquele
mercado.
Segundo Lucassi, embora na Suécia estes problemas
sejam combatidos eles ainda estão presentes. Nas palavras dela “As pessoas têm,
por exemplo, a necessidade de formar um nós e um deles, o que pode levar ao
racismo”. Além disso, Lucassi destaca que não é fácil ganhar a vida como
quadrinista e, devido ao tipo de quadrinho que ela faz acaba recebendo críticas
mais exaltadas de grupos conservadores.
Mas, de uma forma geral, o efeito de
tantas lutas encabeçadas pelo movimento feminista tem sido positivo. A autora
afirma que as mulheres quadrinistas têm sido muito solicitadas e vê recebendo
mais atenção pelo seu trabalho.
Encerrando minha breve entrevista eu tinha que
perguntar a ela sobre o que achava do uso dos quadrinhos na educação. Ela me
respondeu que a partir a sua experiência como professora e trabalhando durante
um tempo como bibliotecária, ela acredita no potencial dos quadrinhos como
ferramenta didática. Atualmente, ela trabalha como editora de livros digitais educativos
e usa com frequência cartuns. Segundo ela, é muito importante ensinar as crianças
a lerem a partir das imagens.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Elin
Lucassi, o leitor pode acessar o site Politsm,
onde Lucassi publica regularmente seus quadrinhos, ou pode seguir sua coluna na
Litteratur Magazine.
Tudo em sueco, mas sempre se pode traduzir a página ou usar o tradutor para ler
suas tirinha.
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