"Thimble
Theatre" (Teatro de Dedal) foi uma série em quadrinhos criada por Elzie
Segar, em 1919. A série foi inicialmente
formada por histórias curtas que ocupavam quatro a seis quadrinhos. Logo
depois, com a entrada de outros personagens, as histórias acabaram ganhando
continuidade. Originalmente a série girava em torno da família de Olivia Palito
(Olive Oyl, cuja tradução seria Óleo de Oliva).
Da série lançada em
1919 participavam Olívia, seu irmão Castor Oyl, personagem pequeno e malfamado,
sua mãe Nana Oyl e seu pai Cole Oyl.
Olívia, na época, já tinha um namorado, Ham Gravy. O quinteto dividiu
espaço nas tiras durante cerca de 10 anos.
"Thimble
Theatre" trazia histórias ao mesmo tempo cotidianas e fantásticas. Segar vai
conceber um tipo diferente de história em quadrinhos, uma que não termina
apenas numa tira ou página, mas que possuí continuidade. Segundo Francis
Lacassin, coube a Segar criar uma história em quadrinho cotidiana com
continuidade[1].
The Olive Oyl Family. Disponível em: http://www.oliveoilsource.com/article/olive-oyl-family,
acesso em 23 dez. 2016.
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Foi nesta série que
surgiu um dos personagens mais populares dos quadrinhos e da animação: o
Marinheiro Popeye. Mas ao contrário do que muitos possam pensar o marinheiro
comedor de espinafre não foi um dos personagens originais da série, tendo sido
introduzido apenas em 1929. O personagem fez tanto sucesso que acabou se tornando a estrela das tiras.
Com a inclusão de Popeye, as histórias mudaram de título, passando a se chamar "Thimble Theatre: Starring Popeye the Sailor" e , em 1936, apenas como “Popeye”. Com a entrada de Popeye as tiras ganharam outro viés, voltado para o fantástico, para a fantasia. Na década de 1930 o fantástico estava em alta, como uma forma de amenizar os efeitos da crise econômica que tomou conta de boa parte do mundo capitalista.[2]
Com a inclusão de Popeye, as histórias mudaram de título, passando a se chamar "Thimble Theatre: Starring Popeye the Sailor" e , em 1936, apenas como “Popeye”. Com a entrada de Popeye as tiras ganharam outro viés, voltado para o fantástico, para a fantasia. Na década de 1930 o fantástico estava em alta, como uma forma de amenizar os efeitos da crise econômica que tomou conta de boa parte do mundo capitalista.[2]
Ham Gravy foi retirado de cena em 1930 pelo
marinheiro caolho: levou uma surra de Popeye. Gravy foi para o Oeste, virou vaqueiro e ocasionalmente reaparecia em histórias "solo" curtas na revista do Popeye, nas mãos de Bud Sagendorf [3].
Fez uma participação na edição especial feita em 1999, em comemoração aos 70 anos de Popeye,
assinada pelo roteirista Peter. Já nas primeiras páginas da história, Ham
Gravy reaparece pedindo a Olivia que desista do seu
casamento com Popeye.
Popeye & Thimble Theater. Disponível em: http://greatbutforgotten.blogspot.com.br/2014/08/popeye-thimble-theater.html, acesso em: 23 dez. 2016. |
Sua revista foi
publicada regularmente até o início da década de 1980, depois disso, Olívia,
Popeye e Blutus retornariam apenas em edições especiais. No Brasil, a Pixel
publicou em 2016 uma coletânea de histórias assinadas por Bud Sagendorf,
publicadas entre 1948 e 1954, “Popeye Clássico”.
Com a entrada de
Popeye a série sofreu muitas mudanças, e passou a ter como personagens
principais Olívia, Popeye e Blutus. Este último foi inspirado no grande
comerciante barbudo dos filmes de Charles Chapim[4].
No entanto, Segar não pode aproveitar muito o sucesso de seus novos personagens.
Diagnosticado com leucemia, ele morreu em 13 de outubro de 1938, aos 43 anos de
idade.
Revista O Tico-Tico. Rio de Janeiro, 06
de fev. 1935, p. 11.
Após a morte de
Segar em 1938, a tira foi continuada por vários roteiristas e ilustradores, o
mais notório deles é Bud Sagendorf, ex-assistente de Segar. Ao final da década
de 1960, Popeye havia se tornado um ícone da cultura pop, sendo publicado em
mais de 25 países. Para o cinema haviam sido produzidos 220 episódios de
animação e para cinema outros 234 curtas. Além disso, haviam os licenciamentos
de produtos, que iam de peças de vestuário a guarda-chuvas, totalizando na
época cerca de 50 milhões de dólares[5].
Olívia Palito, criada uma década antes, teve uma
carreira mais longa que Popeye e se tornou uma personagem mundialmente
conhecida. Na Espanha, ela é conhecida como Rosario, na França de Huile d’
Olive, na Suécia como Olivia e na Finlândia como Olga.
Nos anos 1930 de chegou se tornar uma estrela de rádio e em 1980 até estrelou um filme, onde foi interpretada por Shelley Duvall.[6] A personagem teria sido inspirada em "Dora Paskel", dona de um armazém em Chester, tanto no tipo físico quando na forma de se vestir.[7] E falando em moda, Olívia possuí produtos licenciados que fazem sucesso entre o público feminino. No mundo da cultura pop ela ainda é um produto lucrativo.
Nos anos 1930 de chegou se tornar uma estrela de rádio e em 1980 até estrelou um filme, onde foi interpretada por Shelley Duvall.[6] A personagem teria sido inspirada em "Dora Paskel", dona de um armazém em Chester, tanto no tipo físico quando na forma de se vestir.[7] E falando em moda, Olívia possuí produtos licenciados que fazem sucesso entre o público feminino. No mundo da cultura pop ela ainda é um produto lucrativo.
No Brasil as
aventuras de Popeye e Olívia foram publicadas pela primeira vez em 1932 no
Jornal Diário de Notícias[8].
Suas histórias também foram publicadas no Suplemento Juvenil, no Tico-Tico e
ganhou sua primeira revista em 1939, pela EBAL (Editora Brasil Estados Unidos),
de Adolfo Aizen. Na época suas eram chamadas de “Aventuras de Brocoió: o
marinheiro Popeye” e Olívia chamava-se Serafina[9].
Apesar de ter sido reduzida à namora do protagonista da revista, Olívia sempre foi uma personagem de destaque. No triângulo amoroso com Popeye e Blutos foi ao mesmo tempo objeto de paixão e, também, uma mulher dominadora. Há quem diga que ela foi vítima constante de violência por parte de Blutos, e de outros personagens masculinos que disputavam sua atenção com Popeye. Mas ela era geniosa e impunha suas vontades sobre o marinheiro que se batia ruidosamente com valentões como Blutos, mas também recebia sua dose de pancadas por parte da namorada. Faria um belo estudo sobre violência física e simbólica.
PS: Dedico esta postagem em memória do saudoso Carlos Engemann, que sempre me dizia que um dia iria escrever um artigo sobre Olívia Palito.
Olívia não precisava de espinafre para mostrar a Popeye quem mandava. |
PS: Dedico esta postagem em memória do saudoso Carlos Engemann, que sempre me dizia que um dia iria escrever um artigo sobre Olívia Palito.
[1] LACASSIN, Francis. Pour um 9ª art la bande dessinée. Paris: Union Générale d’Éditions, 1971, p. 188.
[3] Informação fornecida por Pedro Bouça.
[4] LACASSIN, Francis. Pour um 9ª art la bande dessinée. Paris: Union Générale d’Éditions, 1971, p. 189.
[4] LACASSIN, Francis. Pour um 9ª art la bande dessinée. Paris: Union Générale d’Éditions, 1971, p. 189.
[5]
MARNY, Jaques. Le monde étonnant des bandes dessinées. Paris: Le Cebturion/Sciences Humanes, 1968, p. 16.
[6] OLIVE Oyl – History. Disponível em: http://oliveoyl.com/history/, acesso em: 23 dez. 2016.
[7] POPEYE. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Popeye, acesso em 23 dez. 2016.
[8]
GONÇALO, Junior. A Guerra dos Gibis: a
formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos (1933-1964).
- São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 131.
[9] POPEYE. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Popeye, acesso em 23 dez. 2016.
4 comentários:
Maravilhoso! Nunca imaginaria que a Olívia "nasceu" tão antes do Popeye. E mesmo com ela se tornando a namorada do personagem principal, percebemos nela um poder diferente de outras personagens em papéis semelhantes. Adotei! ��
Como seria a Olivia nos dias de hoje?
Como seria a Olivia no dias de hoje ? caminhando para dias difíceis.
Agora me deu vontade de assistir,com mais de 40 anos na cara kk
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