Ainda tenho ouvido
muita gente dizendo que o Brasil precisa de intervenção militar e que a ditadura
tem que voltar. Eu nasci durante a ditadura e era criança quando houve o endurecimento do regime. Minhas lembranças sobre a política são vagas e começam
no governo de João Batista Figueiredo. Lembro-me dos pronunciamentos do
Ministro Jarbas Passarinho e de ver na televisão resumos semanais das
atividades presidenciais.
Não vi a repressão
de perto. Venho de uma família humilde e que não se envolvia e pouco entendia de política. Mas sei que meu pai tinha medo e sabia o que poderia acontecer com
quem fosse considerado um inimigo do Estado. Lembro-me que, aos nove anos cheguei à minha casa, depois da
escola, dizendo que quando crescesse seria comunista. Meu pai quase teve uma
parada respiratória. Palavras dele:
- "Não repete
isso, senão a polícia vai vir aqui em casa, levar você e papai nunca mais vai
te ver".
Nem todas as pessoas entendiam de política ou eram adeptas
de uma ou outra ideologia, mas todos sabiam o que acontecia com quem desafiava
o regime. Mas será que sabiam mesmo?
Sabiam o nível de
sadismo ao qual os torturadores poderiam chegar?
Das mulheres grávidas
torturadas e dando a luz na prisão?
Das crianças
tiradas das mães ao nascer e que nunca mais foram encontradas?
Das pessoas que
enlouqueceram ou se mataram por não suportar a crueldade de torturadores?
Muito do que aconteceu nos porões da ditadura ainda não foi
revelado. O desconhecimento dos fatos é o que leva muitas pessoas a apoiarem
regimes autoritários e ditatoriais. A apoiarem golpes, como se apenas a tomada
do poder pela força ou por mecanismos jurídicos discutíveis fosse solução para os problemas do país. Em
minha opinião, a solução é o povo se educar, conscientizar, tomar a palavra pela
razão e não pela força.
Vou dar minha contribuição para este processo de educação, de
conscientização, compartilhando um vídeo que foi ao ar pelo SBT em 2014.
Assistam e entendam porque a ditadura e o fim da liberdade são ruins. Não
porque eu disse, mas porque você vai ouvir da boca de quem sentiu na pele o que
um regime sem limites pode fazer com o cidadão.
Quem sabe assim não
se valorize mais a democracia, onde podemos errar, mas temos sempre a
possibilidade de consertar o erro, por meio do voto e da pressão popular e não
pela força e pela imposição de um governo que vai contra o desejo do povo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário