Gibiteca Henfil - CCSP |
De lá pra cá eu pude acompanhar textos sobre o encontro e até ler entrevistas com feitas com ela, publicados em vários sites (ao final da postagem eu vou indicar os links para quem tiver interesse em ler). De tanto ler o que outras pessoas já escreveram, tenho medo de ser repetitiva, então, vou tentar ser o mais objetiva possível e fazer um balanço geral do evento.
Pra começar, o público que recebemos foi o da melhor qualidade. Atento, interessado e que, ao que parece, ficou satisfeito com o encontro entre a veterana estadunidense com as nossas jovens cartunistas brasileiras. Estas, segundo Trina Robbins, maravilhosas. Palavras dela "Nunca vi tanto talento reunido em um só lugar!"
Trina Robbins, ao centro, cercada de quadrinistas, pesquisadoras e fãs. |
A quadrinista e pesquisadora Ana Koehler disse, na ocasião, que nós fizemos História. Eu completei que nós estamos fazendo história, afinal os quadrinhos tem se tornado um espaço de expressão para as mulheres em todo o mundo. E não sou que estou afirmando. Estas foram as palavras de Paul Gravett durante a abertura das 3ª Jornadas Internacionais de Quadrinhos da USP. Há um número cada vez maior de mulheres talentosas conquistando espaço no mercado mundial de HQs. É a História acontecendo e nós, mulheres, deixando nossa marca nela.
A ASPAS sempre teve em mente que quem pesquisa quadrinhos deve estar próximo e quem produz. Isto se mostrou verdade várias vezes. Em 2013 nós, em parceria com o MAC, fizemos uma sessão especial como documentário Malditos Cartunistas, seguida de um bate-papo com alguns dos cartunistas que participaram da produção. Agora, na Gibiteca Henfil, nós tivemos a oportunidade de poder ouvir nove cartunistas falarem não apenas do seu trabalho mas do que significa ser mulher e numa área predominantemente masculina. E foi muito produtivo.
Acredito que todos aprendemos muito, que muitos de nós saímos de lá cheios de ideias. Esta interlocução, este encontro entre quem produz e quem pesquisa, é um diferencial que nos permite construir pontes e explorar novas perspectivas com relação aos quadrinhos não apenas como objeto de estudo mas como meio de expressão acadêmica.
CONHEÇA ALGUMAS DAS NOSSAS TALENTOSAS QUADRINISTAS
Camila Torrano é quadrinista e ilustradora, apaixonada por Terror/Horror e graduada em Artes Visuais na USP. Trabalhou para diversas publicações impressas, ilustrou livros, lançou alguns quadrinhos em revistas de publicação independente, e trabalhou por um período para a indústria de games. Lançou em 2012 seu primeiro trabalho solo, a história em quadrinhos “A Travessia” (Escrita Fina Edições). Atualmente trabalha como freelance e continua sua produção de quadrinhos e ilustrações autorais dentro do grupo Fictícia.
Cristiane D. Peter tem
31 anos, natural de Porto Alegre, formada em Publicidade e Propaganda. Como
colorista de quadrinhos, já trabalhou para grandes editoras como Marvel e DC
Comics, entre outros. Foi indicada ao prêmio Eisner em 2012 por seu
trabalho no título Casanova. Também participou das Graphic MSP publicadas
pela Maurício de Souza Produções Astronauta – Magnetar e Singularidade com
arte e roteiro de Danilo Beyruth, editada por Sidney Gusman.
Ana Luiza Goulart
Koehler Natural de Porto Alegre (RS), formou-se em Arquitetura e Urbanismo
pela UFRGS. Trabalha desde os 16 anos como ilustradora para o mercado editorial
impresso e digital. Atualmente dedica-se à produção de histórias em quadrinhos
e também à ilustração científica no campo da arqueologia. Entre seus trabalhos
destacam-se o ilustrações arqueológicas para exposições no Brasil (“12.000
anos: História e Arqueologia do Rio Grande do Sul”) e Alemanha (“Römermuseum
Osterburken”, “Wikinger Museum Haithabu”); os volumes 1 e 2 da BD
“Awrah” para as Éditions Daniel Maghen (França) e o tomo 2 da BD “Carthage”
para a editora Soleil (França). Atualmente, trabalha na história em quadrinhos
autoral “Beco do Rosário”.
Chantal Herskovic começou
a publicar quadrinhos e ilustrações no jornal Diário da Tarde e, atualmente,
publica a série Juventude no jornal Estado de Minas. Trabalha com
ilustrações para revistas e jornais e design gráfico, tendo já publicado
revistas com coletâneas de tiras em quadrinhos da série Juventude, além
dos livros infanto-juvenis Blog da Cacau e Ai, amigas! Ninguém
merece! Já publicou desenhos na Suíça e nos Estados Unidos e participou da
exposição Consequências Historieta Brasilenã em Madri e Barcelona.
Chantal também foi convidada do Festival de Lille de 2006, na França, e fez
parte da exposição Internacional de Cartuns pela liberdade de expressão em
Ploiesti, na Romênia. Em 2011 recebeu uma menção honrosa também na Romênia. É
doutoranda em Artes Visuais (Escola de Belas Artes - UFMG), Mestre em Artes
Visuais (Escola de Belas Artes - UFMG); especialista em Comunicação - novas tecnologias
e hipermídia (lato sensu), pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)
e bacharel em Design Gráfico na Escola de Design da Universidade do Estado de
Minas Gerais (UEMG). Atualmente leciona no curso de Design e de Design Gráfico
no Centro Universitário de Belo Horizonte - UNI-BH, e no curso de Pós-graduação lato
sensu Projetos Editoriais Impressos e Multimídia na UNA.
Germana Viana trabalha
com letreiramento e design de páginas para editoras como a Panini, a Mythos, a
Jambô. Já atuou com o agenciamento de artistas para o mercado
norte-americano, auxiliando o Joe Prado na Art&Comics. Entre ao anos de
2005 até 2007 foi colunista e coordenadora do site/blog Azul Calcinha - Cultura
Pop para Moças. Em 2013, convidada a participar do coletivo a Crau da
Ilha, só com mulheres. Desta parceria resultou a revista As Periquitas
(2014). Em 2014 começou a publicar online as HQs Lizzie
Bordello e As Piratas do Espaço, como roteirista e desenhista e Oceano de
Brumas (arte). Lizzie Bordello e as Piratas do Espaço ganhou uma
versão impressa, pela editora Jambô, que foi lançada na CCXP de 2014, sendo
indicada como finalista do troféu HQMIX por Publicação de Humor
Gráfico e Novo Talento Desenhista.
Carolina Ito nasceu
em Presidente Prudente, em 1992, e atualmente vive em Bauru, onde cursou
Jornalismo na Unesp. Em maio de 2014 criou o blog Salsicha em Conserva (salsichaemconserva.wordpress.com)
para publicar tirinhas, cartuns e histórias curtas, baseados em reflexões sobre
o cotidiano. Após desenvolver pesquisa na área de semiótica das histórias em
quadrinhos, durante a graduação, decidiu que podia dar um passo maior,
elaborando sua primeira grande reportagem em quadrinhos. "Estilhaço: uma
jornada pelo Vale do Jequitinhonha" foi seu trabalho de conclusão de
curso e a primeira história extensa. São 60 páginas em que a repórter-narradora-personagem
assume suas impressões e reflexões sobre a situação do Jequitinhonha, região
ainda tão afetada pela seca, pelo desemprego e falta de vontade política em um
dos três Estados mais ricos do Brasil.
Beatriz Lopes é feminista,
carioca, 21 anos, estudante de Gravura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Começou
a publicar suas primeiras tiras virtuais em 2012, teve seus trabalhos impressos
pela primeira vez em 2013, numa revista coletiva (´´Libre!´´) e no mesmo ano
imprimiu seu primeiro zine (´´Mofo´´). Nesse mesmo ano criou um grupo chamado
´´Zine XXX´´ que tinha objetivo unir, estimular e lançar trabalhos de
quadrinistas mulheres brasileiras. Com a ajuda de financiamento coletivo o
projeto foi impresso em 2014. Desde então, já participou de diversas mesas,
encontros sobre mulheres em quadrinhos e continua publicando zines.
Gabi Masson é estudante
de artes plásticas da Universidade de Brasília (UnB) é a autora dos volumes 1 e
2 de A ética do tesão na pós-modernidade, de tiras no Batata frita murcha e da
história em quadrinhos Garota siririca. Os projetos, publicados como zines na
internet, tocam um universo ainda desconfortável para boa parte dos leitores,
sejam homens, sejam mulheres: nudez, sexismo e erotismo femininos.
Assista o vídeo com a fala de Trina Robbins:
Assista o vídeo com a fala de Trina Robbins:
Links com reportagens e entrevistas feitas com Trina Robbins:
* Meus agradecimentos especiais às nossas convidadas, que vieram de outros Estados e toparam participar deste encontro; a Trina Robbins, que com certeza deixou parte do seu legado conosco; à Gibiteca Henfil e a direção do CCSP por ter nos cedido espaço e nos acolhido de forma tão generosa. Agradeço também a todos que ajudaram na organização, especialmente para Dani Marno e Denise Margonari.
Um comentário:
Quanta gente que eu não conhecia! Que legal!!
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