domingo, 2 de agosto de 2015

VOCÊ É FEMINISTA?


Participando de um Simpósio temático sobre Gênero e Feminismo esta semana, durante o XXVIII Simpósio Nacional de História, em Florianópolis (SC) eu ouvi e me fiz diversas vezes esta pergunta: você é feminista?

Nos últimos oito anos eu tenho desenvolvido um interesse particular por uma História das Mulheres. É algo que aprendi a fazer com prazer. Acredito que seja influência de uma amiga, esta sim feminista assumida, que me apresentou a algumas leituras. Mas não apenas isso. Eu gosto de saber mais sobre as mulheres que vivem ou que viveram entre nós. Elas me inspiram!

Das mais simples às mais famosas. Gosto das memorialistas, gosto das professoras, das pesquisadoras, das artistas de vanguarda, das pioneiras nas lutas pelos direitos da mulher. Repudio a ideia da excepcionalidade destas mulheres, como se elas fossem casos únicos, anomalias numa sociedade dominada pelos homens. Acredito que elas são mulheres que romperam o silêncio imposto pela sociedade e que, como elas, há muitas, obscurecidas pela História escrita pelos homens e para os homens.

Gosto de saber mais sobre a participação feminina porque isso ajuda a construir a minha identidade enquanto indivíduo. E isso foi muito positivo pra mim. Estudar sobre as mulheres, de uma forma geral, não é apenas enriquecedor, mas prazeroso. Parto do princípio de que a pesquisa deve, em primeiro lugar, gerar satisfação.

Na minha trajetória recente eu tenho, como já disse, me dedicado a estudar as diversas formas de participação das mulheres na sociedade. Mas sempre que alguém me perguntava se sou feminista eu respondia que não, que apenas faço História das Mulheres. Eu via o feminismo como um rótulo. Não gosto de rótulos. Mas refletindo sobre o feminismo durante esta semana, ouvido colegas divagarem sobre suas pesquisas e seus objetos de pesquisa eu me abri para outras perspectivas acerca do feminismo. Enxerguei nele uma pluralidade que antes eu não via e o que é plural não pode ser reduzido a um simples rótulo.

Então, acredito que eu seja feminista. Que tipo de feminista eu sou? Ainda não sei, ainda preciso descobrir. Mas acredito que estou participando de  uma  ação transformadora a partir da minha História de Mulheres e ela faz e mim uma feminista.


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