Participando de um
Simpósio temático sobre Gênero e Feminismo esta semana, durante o XXVIII
Simpósio Nacional de História, em Florianópolis (SC) eu ouvi e me fiz diversas
vezes esta pergunta: você é feminista?
Nos últimos oito
anos eu tenho desenvolvido um interesse particular por uma História das
Mulheres. É algo que aprendi a fazer com prazer. Acredito que seja influência
de uma amiga, esta sim feminista assumida, que me apresentou a algumas
leituras. Mas não apenas isso. Eu gosto de saber mais sobre as mulheres que
vivem ou que viveram entre nós. Elas me inspiram!
Das mais simples às
mais famosas. Gosto das memorialistas, gosto das professoras, das
pesquisadoras, das artistas de vanguarda, das pioneiras nas lutas pelos direitos
da mulher. Repudio a ideia da excepcionalidade destas mulheres, como se elas
fossem casos únicos, anomalias numa sociedade dominada pelos homens. Acredito
que elas são mulheres que romperam o silêncio imposto pela sociedade e que,
como elas, há muitas, obscurecidas pela História escrita pelos homens e para os
homens.
Gosto de saber mais
sobre a participação feminina porque isso ajuda a construir a minha identidade
enquanto indivíduo. E isso foi muito positivo pra mim. Estudar sobre as mulheres,
de uma forma geral, não é apenas enriquecedor, mas prazeroso. Parto do
princípio de que a pesquisa deve, em primeiro lugar, gerar satisfação.
Na minha trajetória
recente eu tenho, como já disse, me dedicado a estudar as diversas formas de
participação das mulheres na sociedade. Mas sempre que alguém me perguntava se
sou feminista eu respondia que não, que apenas faço História das Mulheres. Eu
via o feminismo como um rótulo. Não gosto de rótulos. Mas refletindo sobre o
feminismo durante esta semana, ouvido colegas divagarem sobre suas pesquisas e
seus objetos de pesquisa eu me abri para outras perspectivas acerca do
feminismo. Enxerguei nele uma pluralidade que antes eu não via e o que é plural
não pode ser reduzido a um simples rótulo.
Então, acredito que
eu seja feminista. Que tipo de feminista eu sou? Ainda não sei, ainda preciso
descobrir. Mas acredito que estou participando de uma ação transformadora a partir da minha História
de Mulheres e ela faz e mim uma feminista.
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