Uma frase que eu sempre ouço, desde
pequena, é que “ a educação vem de casa”.
Aquela educação que nossos pais nos ensinam, coisas do tipo dar "bom
dia" ou "boa noite", dizer "obrigada" e " por
favor", as tais palavrinhas mágicas que faz com que nosso relacionamento
com o próximo seja mais agradável. Aquela educação que diz que devemos
respeitar para sermos respeitados e que não devemos "perder a linha"
diante de uma provocação. Enfim, a tal educação que permite que eu frequente
espaços públicos e privados de forma pacífica e harmoniosa. Aquela tal educação
que me diz que quando vou a culto religioso eu não posso ficar conversando com
a pessoa que está ao meu lado, que diz que eu devo respeitar os mais velhos.
Também tenho ouvido, e já me peguei
repetindo, a frase "Essa criançada de hoje não tem educação".
Pois bem, depois do que eu vi nesta última
quinta-feira e dos comentários que tenho lido desde então, sou forçada a
afirmar que se muitas crianças e jovens não têm educação, é porque os pais não
estão tendo também. O Brasil está virando o país em que tudo se resolve pelo
xingamento.
Eu li reportagens que diziam que o
comportamento da classe média alta que estava na abertura da copa (aquela que
pode pagar os melhores colégios para seus filhos, mas que deu um péssimo
exemplo em rede mundial) foi um comportamento machista e misógino, porque a presidente
da República é mulher. Não concordo com isso. É simplemente o comportamento de
uma elite que elegeu o palavrão como seu vocabulário básico. Foi puramente
falta de educação e, claro, respeito.
E não estou dizendo isso porque sou
petista ou porque sou a favor do governo. Sinceramente? Não tenho uma opinião
nem positiva nem negativa do atual governo. Quero dizer, não sou cega para o
que vem acontecendo, e vejo muita coisa errada na política que me aborrece. Mas
não sou burra de achar que tudo vai ser culpa de uma só pessoa.
A história do Brasil nos mostra que
estamos reproduzindo e alimentando uma política cheia de vícios e recheada de
impunidade há séculos. Cabe à população reivindicar uma mudança, mas de forma
legítima. Não acho que aqueles brasileiros que vaiaram e xingaram a presidente
sejam representantes das mudanças sociais que precisamos, mas acredito que eles
presentem uma geração de mal educados que está formando uma nova geração de mal
educados.
Enfim, eu precisava escrever sobre isso,
porque me incomoda muito. Quem segue meu blog já deve ter lido postagens onde
ou falo sobre como nossos jovens estão perdendo valores morais, respeito pelo
outro e comprometendo a própria capacidade de dialogar e se fazer ouvir. Quanto
mais se xinga, menos se tem voz, essa é a verdade. Quem leva a sério alguém que
usa de vocabulário chulo e de agressão moral para se fazer ouvir?
2 comentários:
É isso aí minha amiga! Eis a grande questão!!!
Se nos reportarmos aos alunos das escolas públicas de periferia na qual trabalhamos, poderíamos falar que é pela condição social, que aquelas famílias não educam seus filhos porque também assim se constituíram sem uma "formação" de valores. Mas considerando principalmente as condições sócio-econômicas da grande massa que achincalhou a Presidente da República diante de uma platéia mundial, há de se preocupar ainda mais. Qual seria então a justificativa para a falta de educação, de respeito...
Creio que o que temos assistido - e você vive bem esses dois lados, a escola pública e a particular - é que independente da condição social, as pessoas renegaram a maior parte da tarefa de "ser pai e mãe", de educar e formar uma pessoa. A sociedade parece estar a cada geração substituindo cada vez mais o "ser" pelo "ter"; o ato de "criar" um filho parece estar diretamente ligado ao que os pais e responsáveis podem comprar ou adquirir pra eles, no mais, é... o "resto", que talvez não seja mais encarado como importante. E para os que não podem "ter" fica a frustração do não ter, a revolta e a mesma falta de educação, pois ninguém mais se compromete com a tarefa educativa...
Claudia, estou para te dizer que encontro mais respeito e educação entre aqueles que tem menos condições. Pensa bem, o camarada xinga a maior autoridade do país ao vivo e a cores, imagina o que o filho(a) não deve fazer com o professor, o atendente de uma loja ou qualquer outra pessoa que encontre?
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