domingo, 29 de junho de 2014

MALÉVOLA E O CAMINHO A REDENÇÃO


Ontem, finalmente, assisti Malévola (Maleficent). Hoje acordei com uma vontade enorme de escrever sobre a experiência de ter visto este filme que, tecnicamente, é infantil. Mas será que é mesmo? Deve parecer estranho eu estar postando sobre um filme. Não é bem meu perfil. Geralmente comento livros (aliás, pretendo comentar sobre alguns ainda por estes dias). Mas gostei tanto do que vi, e pretendo rever, que seria imperdoável não comentar.

Para começar, Angelina Jolie domina a cena, como é de esperar de uma protagonista, e encarna perfeitamente a personagem. Não sou uma grande entendida em cinema, como meus amigos Valéria Fernandes e Alexandre Moreira, mas a atuação de Jolie realmente me tocou. 

O enredo em si é bem amarado. Introduz a personagem, ainda bem jovem e mostra as mudanças que ela sofre à medida que conhece a violência e a ganância humanas.  

Malévola fala da perda a inocência, de uma inocência violada pela ganância.

Malévola é uma fada que conhece a traição e perde sua dignidade quando lhe arrancam as asas. Ela fecha seu coração pois nunca foi preparada para enfrentar tanta maldade. A personagem oscila entre vilã e heroína, mas não consegue ser totalmente má, embora até tente. Também não consegue se isolar completamente das outras pessoas. Ela tem um amigo, um companheiro, que age quase como se fosse sua consciência, chamando sua atenção para os erros que comete. 

Ela também não perde completamente sua ternura.

Quando lança a maldição em Aurora ela se amaldiçoa também, ao afirmar que “todos que conhecerem a jovem princesa irão amá-la”. Acaba se tornando muito mais uma protetora do que uma algoz. Através de Aurora ela recupera sua dignidade.

Além disso, como aconteceu em Frozen, o amor é abordado de uma forma diferente. Não é aquele amor romântico e idealizado, onde o jovem príncipe encanto se apaixona imediatamente pela princesa e eles vivem felizes para sempre. Fala de um amor mais palpável, mais real, que não se pauta na beleza ou na boa aparência.

Eu diria que Malévola é um conto de fadas que mostra o caminho da redenção, que mostra o linha tênue entre bem e mal. Malévola não nasce má, mas se torna má. Ela é fruto da violência. Ela erra, acerta, erra de novo e encontra o perdão. Não o perdão alheio, ela perdoa a si mesma e recomeça. 

O filme realmente me tocou. Ela me lembra outras vilãs, que muitas vezes passam despercebidas, taxadas como más e que, na verdade, são vítimas, pessoas que sofreram violência e que se perderam, que perderam sua dignidade. A redenção é um processo interno. Começa com você se perdoando pelos seus erros, pelas suas ações, e depois enfrentando seus medos.

Se um filme infantil me fez pensar sobre tantas coisas que atormentam o nosso mundo, ele não é tão infantil assim, não é?

Nenhum comentário: