Talvez
o título desta postagem possa parecer exagerado, mas venhamos e convenhamos:
não estaríamos aqui sem a tal da criatividade. Criar possibilitou ao ser humano
superar os desafios impostos à sua sobrevivência. De todas espécies que
habitam ou já habitaram este planeta não somos lá os mais fortes, pelo menos no
aspecto físico, mas superamos os demais na nossa criatividade.
A
tal da criatividade é uma coisa da qual se fala muito, às vezes bem, às vezes
mal. Alguns pais usam a criatividade para elogiar os filhos pequenos:
-
Ele(a) é tão criativo e aprende tudo tão rápido!
Outros
vêem na criatividade um problema.
-
Fulano(a) é criativo demais, tem energia demais, deveria fazer alguma coisa
útil, já passou da idade de ficar "inventando moda".
Na
escola a criatividade costuma ter idade: se é uma criança, ela deve ser
criativa; se for um adolescente deve ter uma criatividade direcionado ao
aprendizado formal, rotineiro e repetitivo. Neste último caso, mata-se a criatividade
que se desenvolve na infância. Tudo passa a ser rotulado: o que uma pessoa gosta de
desenhar, o tipo e livro que lê, suas atividades sociais, etc. Revista em
quadrinhos então, nem pensar! Coisa de criança.
Mas
criatividade tem idade? Eu regularmente repito que não sou tão criativa quanto gostaria de ser,
mas nunca digo que não sou nada criativa. A criatividade é parte do que todos
nós somos. Ela não desaparece com a idade, mas pode ser sufocada pelo entendimento que algumas pessoas possuem acerca do que é ser criativo.
Eu,
particularmente, tenho por mim que uma pessoa criativa é aquela que, desde bem
cedo, é estimulada a descobrir novos mundos, reais e imaginários, e a expor suas
ideias sem constrangimento. É aquele aluno que desenvolve a arte de forma livre
sem o professor lhe dizer que cor deve usar, que formato um desenho tem que
ter; é aquele jovem que tem ideias e mais ideias e que não tem vergonha de
mostrá-las ou demonstrá-las; é aquele adulto que, em um estalo, encontra soluções
para seus problemas profissionais e cotidianos, enxergando muito além daquilo
que a sociedade ou o próprio mercado de trabalho padroniza como sendo o ideal,
o normal. A pessoa criativa transforma a tal da normalidade em alguma coisa
interessante, nova e estimulante.
Num
mundo onde ser criativo tem sido mais difícil, pessoas criativas tendem a se
destacar. Por exemplo, eu li ontem uma reportagem muito interessante sobre uma
menina de 11 anos de idade que inventou uma caneca para pacientes com Mal de Parkinson. Foi uma solução caseira para
ajudar o avô que possuí essa doença. A menina começou a trabalhar no projeto
quando tinha 9 anos. Criatividade direcionada para uma tarefa simples mas que
resultou numa grande inovação.O que, diga-se de passagem, é muita coisa num mundo em que nos acostumamos com a repetição
ou a imitação daquilo que já existe.
É a criatividade em ação. É o talento que cada um de nós tem
se manifestando por meio de uma ação, ou melhor de uma ideia transformada em ação. De
nada adianta ser criativo se não se faz uso da criatividade. O ideal seria
desenvolver uma criatividade ativa, ou seja uma ideia seguida de ação.
Escrevi tudo isso para dizer a estudantes e professores: não tenham medo
de serem criativos e, principalmente, não tenham medo de críticas. O
que vocês devem temer é perder essa capacidade maravilhosa de criar coisas
novas, de inventar, de inovar. Ser criativo foi o que nos manteve vivos até
hoje e é o que irá nos salvar de sermos uma sociedade embotada, apática e que
não tem respostas para os desafios que o futuro nos prepara.
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