domingo, 20 de julho de 2025

L’ATELIER DES SORCIERS: LA PLUME ENCHANTÉE DE KAMOME SHIRAHAMA


Uma das exposições mais concorridas em todos os dias do 52º Festival International de Bande Dessinée de Angouleme foi “L’atelier des Sorciers : La Plume Enchantée de Kamome Shirahama”, no Hôtel Saint-Simon, uma construção que remonta ao ano de 1540, localizado no centro da cidade. Este mesmo espaço foi dedicado, em 2023, para uma exposição com a obra de a Julie Doucet, vencedera do Grand Prix de 2023. Duas mulheres com estilos diferentes mas que marcaram história em Angoulême.

Kamome Shirahama  pode não ter sido  premiada pelo festival, mas sua popularidade é inegável. A fila, todos os dias, enquanto a exposição estava acessível, parecia não ter fim. Muitos jovens, crianças e adultos, usando chapéus de cone, alguns, apesar do frio, fantasiados. Para quem não sabia o que estava acontecendo, aquela aglomeração de pessoas em uma rua estreita, esperando sua vez para entrar no Hôtel Saint-Simon poderia causar estranhamento. Comparadas as outras grandes exposições esta, possivelmente, foi uma das que teve o maior público do festival.

Kamome Shirahama se formou em Design na Universidade de Artes de Tóquio . Ela começou a fazer capas variantes e outras ilustrações e trabalhos conceituais para a Marvel Comics , DC Comics e Star Wars em 2015, depois que sua arte foi notada na New York Comic Con , trabalhando em títulos como Star Wars: Doctor Aphra , Deadpool e Batgirl and the Birds of Prey . Ela ganhou e foi indicada para vários prêmios, incluindo o Eisner Award , o Harvey Award , o Kodansha Manga Award , o Manga Taishō , o Daruma d'or manga no Japan Expo Awards , o Mangawa Award e o Prix Babeliom, sendo que em 2019 o mangá foi indicado para o prêmio de Melhor Quadrinho Jovem, no 46º FIBD de Angoulême.

Não levou o prêmio, em 2019, mas ganhou uma exposição fantásticas em 2025. O reconhecimento do público ao trabalho de Kamome Shirahama  e seu trabalho como mangaká é mais do que merecido. A exposição traz a magia da série em mangá , L’Atelier des Sorciers  (Witch Hat Atelier), iniciada pela autora em 2016 e publicada no Brasil pela Panini. O mangá de fantasia tem seu universo inspirado em Ghibli e na fantasia britânica (O Senhor dos Anéis, Harry Potter, Nárnia, etc.) revisitando seus arquétipos.


Hôtel Saint-Simon, Angoulême.

No cenário escolhido para a exposição, o hotel Saint-Simon, ajuda a mergulhar ainda mais no mundo fantástico criando por Kamome Shirahama. A entrada, as escadas de pedra em caracol e a própria disposição na qual as imagens selecionadas e as informações sobre a obra foram distribuídas, faz com que o visitante possa entrar dentro da própria história. Há rascunhos, desenhos inéditos e muito material tanto para quem é fã quanto para quem está conhecendo a obra de Shirahama.

É um mangá de muito sucesso entre os jovens, pois traz para o centro da narrativa questionamentos do papel que os jovens, em sua pluralidade, podem ter na sociedade e sobre a emancipação com relação aos adultos. Fala sobre o amadurecimento e tomada de responsabilidades sobre suas próprias ações. Por atrair um público plural, o mangá se tornou um sucesso tão grande que em julho de 2024 havia de cópias em circulação 5,5 milhões. Witch Hat Atelier é, também, um mangá apreciado pela comunidade LGBTQ+, com personagens usando roupas neutras e possuindo o casal queer. A diversidade de representações que a obra traz faz com que seus leitores sejam plurais.É um é um mangá seinen, para o público masculino jovem adulto, mas que acabou atingindo segmentos variados da sociedade.


Por fim, vale ressaltar o mangá lidera atualmente mais de 50% das vendas de quadrinhos em na França, segundo dados divulgados pelo FIBD, relativos a 2023/2024, com milhões de exemplares vendidos anualmente. Pelo menos duas grandes exposições, em espaços nobres, são reservadas para homenagear mangakás e é existe um enorme complexo dedicado ao gênero dentro do festival, a Mangá City, com 2000² dedicados ao mangá. No entanto, em 52 anos de festival, apenas dois mangakás forma receberam  o Grand Prix (prêmio máximo do festival): Katsuhiro Otomo, criador de Akira, em 2017 , e Rumiko Takahashi, conhecida pelo personagem Inuyasha, dentre outros, em 2019.

Fotos da exposição – 29 de janeiro de 2025

 
















 


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