Não me considero exatamente uma pessoa qualificada para fazer
a análise artística de uma obra em quadrinhos. Mas, como consumidora de cultura
e com base em uma experiência sensorial e emocional eu sou capaz de construir
minha própria definição de beleza. Neste ponto, eu sou muito eclética. Gosto de
clássicos da mesma forma que gosto de traços inovadores, que foi a impressão
que me deixaram, num primeiro instante, os quadrinhos do sueco Knut Larsson.
No caso específico, a História em
Quadrinhos Cidade do Crocodilo (City of crocodiles), editada pela www.eletrocomics.com, em 2012. O álbum narra as
aventuras de um caçador de crocodilos em um mundo distópico e pós-apocalíptico.
Larsson iniciou a sua carreira em 1996
na revista Galago # 45. A Galago foi fundada em 1979 e tornou-se um
fórum para cartunistas e artistas suecos. De lá pra cá o autor contribuiu com várias outras revistas, publicou álbuns de quadrinhos e expôs seus trabalhos em galerias da
Suécia e outros países europeus. Seus quadrinhos e suas ilustrações têm como
principal marca o estilo surrealista e filosófico. Em Cidade dos Crocodilos
isso é muito evidente.
São centenas de quadros que apresentam
uma narrativa sequencial perfeita sem o uso de nenhuma palavra. Sim, é um álbum
de quadrinhos onde não há diálogos, recordatórios e nem mesmo onomatopeias. No
máximo, o letreiro de um estabelecimento comercial. É o que eu chamo de
uma narrativa universal, onde qualquer pessoa, em qualquer idioma pode traduzir
as imagens e mergulhar na história.
Mas não é tão simples assim. A leitura de imagens pode ser muito
mais complicada do que a de palavras. É preciso que o leitor esteja
familiarizado com a linguagem dos quadrinhos. Cidade dos Crocodilos tem um
"quê" de existencialista e, em muitas passagens, leva o leitor a
fazer reflexões. É um quadrinho para adultos que fala de sentimentos e envolve dramas psicológicos.
Enfim, foi um leitura agradável, envolvente e um bom exemplo de criatividade e talento artístico. Quem sabe, futuramente, materiais como este possam vir a ser publicados no Brasil?
Enfim, foi um leitura agradável, envolvente e um bom exemplo de criatividade e talento artístico. Quem sabe, futuramente, materiais como este possam vir a ser publicados no Brasil?
Um comentário:
Também não me considero um crítico de Arte no exato sentido da palavra, muito menos desse tipo de Arte Sequencial (quadrinhos), mas acredito que sua "tradução" do trabalho desse artista, Natania Nogueira, muito bem o define e qualifica.
É uma análise extremamente cuidadosa, baseada em seu vasto conhecimento como pesquisadora de quadrinhos e que contextualiza o desenhista dentro de um estilo estético e uma proposta filosófica.
Parabéns pela análise. Creio que Larsson ficaria muito satisfeito se pudesse, também, lê-la.
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