domingo, 20 de julho de 2014

UM BOM AMBIENTE DE TRABALHO FAZ UM BOM PROFESSOR


Não adianta investir apenas na formação de professores, embora ela seja importantíssima para o êxito de qualquer profissional. É preciso, também criar bons ambientes de trabalho nas escolas. Um bom ambiente de trabalho permite que o professor desenvolva projetos, que ele alcance seus alunos e consiga tirar o máximo de proveito do seu trabalho. 

Um bom ambiente de trabalho também é importante para a saúde mental e física. E não sou eu que estou fazendo essa afirmação. Este é um dado confirmado por pesquisas, presentes em teses e dissertações que podem ser facilmente encontradas na internet. E quando falamos em ambiente de trabalho não estamos resumindo isso apenas ao ambiente físico, mas a tudo. Da organização do espaço às relações interpessoais. 

Um professor, assim como todo profissional, precisa ter segurança para exercer sua profissão. Não apenas segurança física mas saber que terá apoio de seus coordenadores, tanto para executar suas tarefas quanto para tomar atitudes enérgicas em uma sala de aula. É preciso manter sempre um ambiente de coleguismo entre os funcionários, um apoiando o outro nos seus êxitos e nos seus fracassos.

O convívio com colegas, superiores hierárquicos ou subordinados, que são fontes constantes de atrito, pode transformar a atividade laboral desprovida de significado, sem apoio e sem reconhecimento, o que se constitui uma ameaça à integridade física e/ou mental.[1]

Parece simples, mas atualmente tem sido muito difícil conjugar esses fatores.

A indisciplina na escola reflete a ausência de alguns desses fatores, aliada a uma ideia generalizada de que o aluno deve ter mais liberdade e que o professor e a escola têm limitado o uso de sua autoridade. Ora, disciplina em ambiente escolar é uma necessidade para que o trabalho possa transcorrer sem problemas. Dar limites não é tirar a liberdade, é ensinar a respeitar o outro. 

O barulho, ou ruído, na sala de aula é um dos fatores que interfere diretamente tanto no aprendizado, quanto na saúde do professor, que geralmente precisa falar alto e acaba ainda comprometendo sua audição.

O ruído é um fator ambiental que tem uma interferência elevada na qualidade de ensino em sala de aula. Diversos estudos de monitorização dos níveis de ruído em sala de aula têm sido realizados e, geralmente, os resultados apresentados estão acima dos limites estabelecidos pelas normas de referência.

A docência se realiza, normalmente, em condições nem sempre satisfatórias quanto à acústica. A presença de ruídos internos e externos à sala de aula interferem no desenvolvimento das atividades em sala de aula.[2]

Como um professor pode dar uma boa aula se a turma não consegue parar de conversar? A disciplina na sala de aula não é uma responsabilidade exclusiva do professor. A escola possuí regras e elas devem ser obedecidas. Cabe a todos os funcionário ajudem na disciplina. Cabe ao aluno entender que os diversos ambientes sociais exigem comportamentos específicos. É uma exigência da própria sociedade, um ensinamento para a vida.

Na escola o aluno pode e deve ser participativo, o que não pode é transformar a sala de aula numa área de lazer onde o professor tem que falar mais alta para ser ouvido. A sala de aula é um ambiente de trabalho que não combina com poluição sonora. Por outro lado, o docente submetido a esse tipo de estresse e diariamente corre o risco de desenvolver doenças e vícios. Ao final da sua carreira ele vai ter que lidar com as sequelas de anos de trabalho antes de poder aproveitar a aposentadoria.

Por meio de registros da literatura, as doenças consideradas de prevalência em professores são referentes ao aparelho respiratório (principalmente referente a órgãos da fonação), doenças englobadas sob a denominação por lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT), varizes de membros inferiores e distúrbios psíquicos.[3]

E essas são apenas algumas. Já presencie casos de professores que desenvolver os problemas como aumento da pressão arterial e do nível de glicose, mediante ao estresse diário e doenças gastrointestinais, por exemplo. Cuidar do profissional da educação é tão importante quanto o ato de ensinar.

E não vamos esquecer algo que talvez seja mais grave: o assédio moral. Pois é, todos aqueles que trabalham com educação já passaram por uma situação em que forma humilhados por colegas ou por superiores. Não é nada agradável, principalmente quando você cumpre com seu dever. Algumas pessoas parecem achar que tem o direito de menosprezar outras. Esse tipo de coisa tem um impacto tão negativo quanto o uso excessivo da voz ou o estresse causado pela indisciplina na sala de aula além de, claro, não ser ético.

Estamos ficando sem professores, porque ser professor está se tornando um cada vez mais um trabalho de risco, resultado da má qualidade do ambiente de trabalho. E ainda há o custo para os cofres públicos e privados: professores têm tirado licenças de saúde e se afastado o exercício do magistério, obrigando a contração de outros profissionais, onerando as folhas de pagamento. Não Há lógica que explique o descaso com o problema.





[1] Monteiro, Janine Kieling e outros. Professores no limite: o estresse no trabalho do ensino privado no Rio Grande do Sul. - Porto Alegre: Carta editora, 2012, p. 14.
[2] FARIAS, Patrícia Marins. As condições do ambiente de trabalho do professor: avaliação de uma escola municipal de Salvador – Bahia. Salvador, 2009, p. 21. Dissertação de Mestrado, Disponível em: http://www.sat.ufba.br/site/db/dissertacoes/872009120742.pdf, acesso em 20/07/2014.
[3] FARIAS, Patrícia Marins. As condições do ambiente de trabalho do professor: avaliação de uma escola municipal de Salvador – Bahia. Salvador, 2009, p. 01. Dissertação de Mestrado, Disponível em: http://www.sat.ufba.br/site/db/dissertacoes/872009120742.pdf, acesso em 20/07/2014.

Nenhum comentário: