Aproveitei
as minhas pseudoférias (porque quem me conhece sabe que eu não consigo
realmente ficar parada em casa sem inventar alguma coisa pra fazer) para
organizar meu material de trabalho, escrever textos para o blog da minha
orientadora (visitem o História Hoje, tem ótimos textos diariamente), entre
outras coisas. Aproveitei, também, para ler alguns livros de ficção, porque eu
mereço um pouco de lazer, né.
Dentre
os livros lidos (falarei de outros em outras postagens) eu encerrei a série
"Instrumentos Mortais", de Cassandra Clare. Eu confesso que há cerca
de um ano atrás eu não conhecia a autora. Já tinha visto seus livros dispostos
na livraria da Rodoviária Novo Rio, mas não me chamaram atenção.
Numa
conversa rápida, que eu nem sei como começou, uma ex-aluna, Barbara Pontes, me
indicou a série para ler. Eu falei que ia pensar. Então, em setembro do ano
passado, eu estava em uma péssima fase. Cansada por conta das viagens semanais
para Niterói, onde faço mestrado e lendo muito material denso. Além disso eu
estava lidando com turmas muito difíceis na escola e isso estava me
desgastando.
Um
belo dia, desanimada e rodando pela livraria da rodoviária peguei o primeiro
livro da série, "Cidade dos Ossos" e, num ato de rebeldia, comprei e
comecei a ler. Foi um balsamo na minha vida e um injeção de ânimo daquelas que
vem na hora certa. Li avidamente, como há muito tempo eu não lia.
Gosto de coisas criativas. Acho que nada é mais criativo do que um livro que consegue prender o leitor e fazer com que ele procure soluções para enigmas, querendo antecipar o que o autor reserva para seus personagens, independentemente do estilo do livro (romance, ficção científica, fantasia, etc.). Gosto porque esse tipo de literatura deixa a mente afiada e torna o dia a dia mais fácil. Cassandra Clare fez isso comigo, num momento que eu precisava (e olhe que quem lhes fala é uma mulher de meia idade).
Gosto
do jeito que ela escreve, da forma como envolve os personagens e da forma como
introduz citações de clássicos da literatura em meio a aventuras de adolescentes (que
algumas vezes parecem mais maduros do que os personagens adultos). Até viciei
alguns ex-alunos na série.
Tenho
alguns amigos que caçoam de mim: isso é livro que se leia? Vá ler algo
"melhor" no seu tempo livre. Sobre isso me veio à memória
um livro que li há muitos anos atrás, cujo título eu acho que era "O que é arte". No livro o autor diz ia que quem decide se uma obra é boa ou ruim é o observador. As diversas formas da arte, os diversos gêneros
artísticos, afetam as pessoas de diferentes formas. Por exemplo, eu adoro a
obra do espanhol Joan Miró, mas não me pergunte detalhes sobre o estilo das pinturas dele, porque eu não vou saber responder. Eu simplesmente gosto. Assim foi com os livros
da Cassandra Clare.
Joan Miró - "Femmes et oiseau dans la nuit" |
E voltando aos livros,
sem querer tirar a surpresa de quem ainda não leu, o que eu posso adiantar
sobre eles é o seguinte: são fluidos e ao mesmo tempo são densos; fazem a gente
mergulhar num universo de fantasia que nos deixa encantados,
curiosos e ansiosos para saber mais. Eu particularmente gosto da relação que
ela cria entre os personagens, que erram, acertam, erram de novo, não são
perfeitos e são cheios de dúvidas e inseguranças.
O primeiro livro de Instrumentos
Mortais é quase introdutório e se por um lado responde a algumas perguntas, por
outro deixa muitos questionamentos em aberto. O segundo livro, "Cidade de
Cinzas" é um dos meus preferidos, apresenta novos personagens e traz
mudanças radicais à trama. Em "Cidade de Vidro", que fecha todo um
arco de histórias, a gente tem muitas respostas, passa por momentos de
ansiedade e nervosismo e emoção. O final deixa um gancho para uma sequência,
que vai ser "Cidade dos Anjos Caídos". Uma nova trama, e mais três
livros, cujo último, "Cidade do Fogo Celestial" foi lançado final do
mês passado.
Entre um arco de histórias e outro,
Cassandra escreveu a trilogia "Peças Infernais". Também muito boa,
envolvendo alguns personagens conhecidos de Instrumentos Mortais, mas ocorrendo em outra época:
final do século XIX. É uma série de ação e fantasia mas que fala muito de amor.
Não apenas daquele amor romântico que a gente está cansado de ver, mas de um
amor que é quase espiritual, da força de uma amizade que pode superar todas as dificuldades.
O último livro, "A Princesa Mecânica" é arrebatador. Uma dica: para
entender e aproveitar melhor a segunda trama de Instrumentos Mortais, leia
primeiro Peças Infernais.
Cassandra Clare encerrou este ano
Instrumentos Mortais mas já introduziu no último livro os personagens que vão fazer
parte da série nova que lança em 2015, "Os
artifícios das Trevas” (The Dark Artifices) e abriu a possibilidade para a
participação de outros personagens, que já são conhecidos das séries
anteriores.
Por fim, fica uma declaração de fã: o que ela escrever eu vou ler. Vou ler Chartier, Boudieur, Le Goff e outros atores teóricos, também, claro. Mas não vou abrir mão de um bom livro de ficção e agradeço imensamente à primeira alma criativa que descobriu que inventar histórias poderia ser uma forma de libertar o espírito das pressões da vida diária.
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