domingo, 6 de julho de 2014

SÉRIES DE FANTASIA: INSTRUMENTOS MORTAIS E PEÇAS INFERNAIS


Aproveitei as minhas pseudoférias (porque quem me conhece sabe que eu não consigo realmente ficar parada em casa sem inventar alguma coisa pra fazer) para organizar meu material de trabalho, escrever textos para o blog da minha orientadora (visitem o História Hoje, tem ótimos textos diariamente), entre outras coisas. Aproveitei, também, para ler alguns livros de ficção, porque eu mereço um pouco de lazer, né.

Dentre os livros lidos (falarei de outros em outras postagens) eu encerrei a série "Instrumentos Mortais", de Cassandra Clare. Eu confesso que há cerca de um ano atrás eu não conhecia a autora. Já tinha visto seus livros dispostos na livraria da Rodoviária Novo Rio, mas não me chamaram atenção. 

Numa conversa rápida, que eu nem sei como começou, uma ex-aluna, Barbara Pontes, me indicou a série para ler. Eu falei que ia pensar. Então, em setembro do ano passado, eu estava em uma péssima fase. Cansada por conta das viagens semanais para Niterói, onde faço mestrado e lendo muito material denso. Além disso eu estava lidando com turmas muito difíceis na escola e isso estava me desgastando.

Um belo dia, desanimada e rodando pela livraria da rodoviária peguei o primeiro livro da série, "Cidade dos Ossos" e, num ato de rebeldia, comprei e comecei a ler. Foi um balsamo na minha vida e um injeção de ânimo daquelas que vem na hora certa. Li avidamente, como há muito tempo eu não lia. 


Sem exageros, eu simplesmente comprei e li oito livros da autora em praticamente 40 dias. E a leitura não me atrapalhou os estudos, pelo contrário, minha mente ficou mais receptiva. Alternava a leitura dos livros da Cassandra com minhas tarefas do mestrado e tirei nota máxima com o professor mais exigente do curso. Enfim, eu me tornei uma devota da autora.

Gosto de coisas criativas. Acho que nada é mais criativo do que um livro que consegue prender o leitor e fazer com que ele procure soluções para enigmas, querendo antecipar o que o autor reserva para seus personagens, independentemente do estilo do livro (romance, ficção científica, fantasia, etc.). Gosto porque esse tipo de literatura deixa a mente afiada e torna o dia a dia mais fácil. Cassandra Clare fez isso comigo, num momento que eu precisava (e olhe que quem lhes fala é uma mulher de meia idade).

Gosto do jeito que ela escreve, da forma como envolve os personagens e da forma como introduz citações de clássicos da literatura em meio a aventuras de adolescentes (que algumas vezes parecem mais maduros do que os personagens adultos). Até viciei alguns ex-alunos na série. 

Tenho alguns amigos que caçoam de mim: isso é livro que se leia? Vá ler algo "melhor" no seu tempo livre. Sobre isso me veio à memória um livro que li há muitos anos atrás, cujo título eu acho que era "O que é arte". No livro o autor  diz ia que quem decide se uma obra é boa ou ruim é o observador. As diversas formas da arte, os diversos gêneros artísticos, afetam as pessoas de diferentes formas. Por exemplo, eu adoro a obra do espanhol Joan Miró, mas não me pergunte detalhes sobre o estilo das pinturas dele, porque eu não vou saber responder. Eu simplesmente gosto. Assim foi com os livros da Cassandra Clare. 

Joan Miró - "Femmes et oiseau dans la nuit"

E voltando aos livros, sem querer tirar a surpresa de quem ainda não leu, o que eu posso adiantar sobre eles é o seguinte: são fluidos e ao mesmo tempo são densos; fazem a gente mergulhar num universo de fantasia que nos deixa encantados, curiosos e ansiosos para saber mais. Eu particularmente gosto da relação que ela cria entre os personagens, que erram, acertam, erram de novo, não são perfeitos e são cheios de dúvidas e inseguranças.

O primeiro livro de Instrumentos Mortais é quase introdutório e se por um lado responde a algumas perguntas, por outro deixa muitos questionamentos em aberto. O segundo livro, "Cidade de Cinzas" é um dos meus preferidos, apresenta novos personagens e traz mudanças radicais à trama. Em "Cidade de Vidro", que fecha todo um arco de histórias, a gente tem muitas respostas, passa por momentos de ansiedade e nervosismo e emoção. O final deixa um gancho para uma sequência, que vai ser "Cidade dos Anjos Caídos". Uma nova trama, e mais três livros, cujo último, "Cidade do Fogo Celestial" foi lançado final do mês passado.


Entre um arco de histórias e outro, Cassandra escreveu a trilogia "Peças Infernais". Também muito boa, envolvendo alguns personagens conhecidos de Instrumentos Mortais, mas ocorrendo em outra época: final do século XIX. É uma série de ação e fantasia mas que fala muito de amor. Não apenas daquele amor romântico que a gente está cansado de ver, mas de um amor que é quase espiritual, da força de uma amizade que pode superar todas as dificuldades. O último livro, "A Princesa Mecânica" é arrebatador. Uma dica: para entender e aproveitar melhor a segunda trama de Instrumentos Mortais, leia primeiro Peças Infernais. 


Cassandra Clare encerrou este ano Instrumentos Mortais mas já introduziu no último livro os personagens que vão fazer parte da série nova que lança em 2015, "Os artifícios das Trevas” (The Dark Artifices) e abriu a possibilidade para a participação de outros personagens, que já são conhecidos das séries anteriores.

Por fim, fica uma declaração de fã: o que ela escrever eu vou ler. Vou ler Chartier, Boudieur, Le Goff e outros atores teóricos, também, claro. Mas não vou abrir mão de um bom livro de ficção e agradeço imensamente à primeira alma criativa que descobriu que inventar histórias poderia ser uma forma de libertar o espírito das pressões da vida diária.

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