Hoje eu recebi na
minha casa algumas ex-alunas e um agregado (que poderia ter sido meu aluno).
Vieram para assistir a um clássico do cinema de ficção científica Guerra
nas Estrelas (Star Wars), episódio IV. Eles tinham um conhecimento prévio do enredo (em maior ou menor escala), mas não
tinham visto ainda o primeiro filme.
Para quem é da minha
geração (e da geração anterior a minha) não tem como não conhecer a famosa trilogia, lançada em 25 de maio em 1977
e que, muito tempo depois, em 1999, foi estendida ganhando mais três filmes.
Fonte: http://goo.gl/bJW69x |
O que é interessante
nesses filmes é que eles não perdem o encanto. Hoje, por exemplo, eu vi a
garotada levar até susto e se admirar com a qualidade dos efeitos especiais. É difícil encontrar quem não conheça a série ou já ouviu falar dos filmes, ou que não conheça Darth Vader, o
vilão.
De Guerra nas Estrelas foram (e ainda são) produzidos jogos, animações, brinquedos e uma série de produtos que fazem sucesso e rendem rios de dinheiro.
De Guerra nas Estrelas foram (e ainda são) produzidos jogos, animações, brinquedos e uma série de produtos que fazem sucesso e rendem rios de dinheiro.
E olhe que se passaram
36 anos!
"Efeitos surpreendentes para a época,
simplesmente fantástico. Star Wars sempre será incrível, até mesmo daqui a 100 anos" (Darlan Mariano,
16 anos)
“O filme pra época tem efeitos
muito bons. É muito legal e prende nossa atenção, nos deixa querendo ver os outros pra ver o
que ira acontecer” (Clara Fioresi, 15 anos).
Mais do que uma revolução nos efeitos especiais, sua mensagem também
atravessou o tempo. É uma saga épica, uma odisseia no bom estilo grego e possui,
também, um enredo recheado de mensagens de fundo religioso.
Ser Jedi é incorporar
e passar uma mensagem religiosa. Existe em Guerra nas Estrelas (e
me corrija Iuri Reblin, se eu falar alguma besteira nesse sentido), a ideia de
conversão e de salvação.
Por exemplo, Han Solo,
a princípio, é um cético, alguém sem fé. Durante a trilogia, ele muda, se
converte e passa a acreditar na "força". Luke Skywalker se
entrega desde o início, como se abraçar a filosofia Jedi fosse algo
predestinado. No final do episódio IV o espírito de Obi-Wan Kenobi
lhe dá uma ordem: "Desligue o computador e confie nos seus
sentimentos". Ele o faz, mesmo que isso contrarie a lógica. Um salto de
fé, como muitos outros que acontecerão até que a trama se encerre, no episódio
VI.
Fonte: http://goo.gl/Inuz4L |
Aquele pequeno grupo,
que se une pela fé, que enfrenta um inimigo que não pode, teoricamente, ser
vencido pois é militarmente e numericamente mais forte, oferece esperança,
oferece salvação. Luke Skywalker assume o lugar do pai, Anakin, como salvador.
Há também o arrependimento e o perdão. O perdão do filho pelos pecados do pai, o arrependimento do pai pelas ações que
levaram à morte da esposa, de amigos e inocentes. Eu diria que o conteúdo
teológico é imenso e não tem como não ser abordado numa sala de aula sem que se
produza aí um material riquíssimo.
Aliás, criou-se uma igreja inspirada na série que, em países como Austrália, República Checa e Inglaterra, possui
quase 100 mil de adeptos (cavaleiros Jedi).
O filme em si, se
tornou atemporal, mas os atores que interpretaram os protagonistas
envelheceram. E é um choque quando se percebe isso. A imagem que está no filme
é aquela que se fixa na nossa mente.
Logo após assistir ao
filme de 1977, eu busquei imagens dos atores atualmente e, mesmo racionalmente
sabendo que eles estavam diferentes, não deixei de me espantar.
Fonte: http://goo.gl/b1a89d |
Fonte: http://goo.gl/KG9Wqg |
Reconheço meu próprio envelhecimento (tinha seis anos quando o filme foi lançado e só fui mesmo assistir quando tinha meus 11 ou 12 anos), mas perceber essa mudança em ícones da cultura pop que marcaram minha juventude, parece mais difícil. Mostrei as imagens para os meus convidados e registei suas reações:
"Eles mudaram muito, mas ainda tem
um pouco dos personagens em cada um deles." (Luisa Arantes, 16
anos)
A idade chega para todos, porém seus personagens serão eternos! (Darlan Mariano, 16 anos)
A idade chega para todos, porém seus personagens serão eternos! (Darlan Mariano, 16 anos)
Eles mudaram muito! Alguns
(atores) nem são mais fisicamente reconhecidos. (Clara Fioresi, 15
anos).
Não devemos esquecer, também a
questão do contexto histórico em que a série foi originalmente produzida. Em
plena Guerra Fria.
A ideia de Império Galáctico, de tirania, de revolução tem
tudo a ver com o que acontecia naquele momento. Países imersos em conflitos,
rebeldes que recebiam apoio dos Estados Unidos ou da antiga União Soviética.
Outra questão que ganha destaque é a da tecnologia, muito presente nos anos de 1970 e 1980. É a época da corrida
espacial, da criação de novas armas de destruição em massa (no filme temos a estrela da morte), a expansão dos meios de comunicação, da robótica, etc. É
quase impossível dissociar tudo isso do material que era produzido nos Estados
Unidos para consumo, seja ele tecnológico ou cultural.
Fonte: http://goo.gl/FvwlJT |
É fascinante como um
produto, destinado para o consumo em massa acaba, assumindo um papel mítico
dentro do imaginário social. Um artefato cultural que gerou e ainda gera
reações diversas, apaixonadas e que sobrevive num tempo em que conhecimento
parece tão volátil e efêmero, em constante mudança.
Eu consigo enxergar aqui tema para aulas e história, sociologia, teologia, filosofia, ciências, física e até robótica. Mania de professora.
Mas são apenas alguns
devaneios inspirados possivelmente pela experiência de dividir com a garotada
uma experiência de infância. No mais, que a força esteja com você.
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