sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Guerra nas Estrelas, educação, cultura pop, religião e tecnologia

Hoje eu recebi na minha casa algumas ex-alunas e um agregado (que poderia ter sido meu aluno). Vieram para assistir a um clássico do cinema de ficção científica Guerra nas Estrelas (Star Wars), episódio IV. Eles tinham um conhecimento prévio do enredo (em maior ou menor escala), mas não tinham visto ainda o primeiro filme.

Para quem é da minha geração (e da geração anterior a minha) não tem como não conhecer a famosa trilogia, lançada em 25 de maio em 1977 e que, muito tempo depois, em 1999, foi estendida ganhando mais três filmes.

Fonte: http://goo.gl/bJW69x 

 O que é interessante nesses filmes é que eles não perdem o encanto. Hoje, por exemplo, eu vi a garotada levar até susto e se admirar com a qualidade dos efeitos especiais. É difícil encontrar quem não conheça a série ou já ouviu falar dos filmes,  ou que não conheça Darth Vader, o vilão. 

De Guerra nas Estrelas foram (e ainda são) produzidos jogos, animações, brinquedos e uma série de produtos que fazem sucesso e rendem rios de dinheiro.

E olhe que se passaram 36 anos!

"Efeitos surpreendentes para a época, simplesmente fantástico. Star Wars sempre será incrível, até mesmo daqui a 100 anos" (Darlan Mariano, 16 anos)

“O filme pra época tem efeitos muito bons. É muito legal e prende nossa atenção, nos deixa querendo ver os outros pra ver o que ira acontecer” (Clara Fioresi, 15 anos).

Mais do que uma revolução nos efeitos especiais, sua mensagem também atravessou o tempo. É uma saga épica, uma odisseia no bom estilo grego e possui, também, um enredo recheado de mensagens de fundo religioso.

Ser Jedi é incorporar e  passar uma mensagem religiosa.  Existe em Guerra nas Estrelas (e me corrija Iuri Reblin, se eu falar alguma besteira nesse sentido), a ideia de conversão e de salvação.

Por exemplo, Han Solo, a princípio, é um cético, alguém sem fé. Durante a trilogia, ele muda, se converte e passa a acreditar na "força". Luke  Skywalker se entrega desde o início, como se abraçar a filosofia Jedi fosse algo predestinado. No final do episódio IV o espírito de Obi-Wan Kenobi lhe dá uma ordem: "Desligue o computador e confie nos seus sentimentos". Ele o faz, mesmo que isso contrarie a lógica. Um salto de fé, como muitos outros que acontecerão até que a trama se encerre, no episódio VI.

Fonte: http://goo.gl/Inuz4L

Aquele pequeno grupo, que se une pela fé, que enfrenta um inimigo que não pode, teoricamente, ser vencido pois é militarmente e numericamente mais forte, oferece esperança, oferece salvação. Luke Skywalker assume o lugar do pai, Anakin, como salvador.

Há também o arrependimento e o perdão. O perdão do filho pelos pecados do pai, o arrependimento do pai pelas ações que levaram à morte da esposa, de amigos e inocentes. Eu diria que o conteúdo teológico é imenso e não tem como não ser abordado numa sala de aula sem que se produza aí um material riquíssimo.

Aliás, criou-se uma igreja inspirada na série que, em países como Austrália, República Checa e Inglaterra, possui quase 100 mil de adeptos (cavaleiros Jedi).
O filme em si, se tornou atemporal, mas os atores que interpretaram os protagonistas envelheceram. E é um choque quando se percebe isso. A imagem que está no filme é aquela que se fixa na nossa mente. 

Logo após assistir ao filme de 1977, eu busquei imagens dos atores atualmente e, mesmo racionalmente sabendo que eles estavam diferentes, não deixei de me espantar. 

Fonte: http://goo.gl/b1a89d
Fonte: http://goo.gl/KG9Wqg

Reconheço meu próprio envelhecimento (tinha seis anos quando o filme foi lançado e só fui mesmo assistir quando tinha meus 11 ou 12 anos), mas perceber essa mudança em ícones da cultura pop que marcaram minha juventude, parece mais difícil. Mostrei as imagens para os meus convidados e registei suas reações:

"Eles mudaram muito, mas ainda tem um pouco dos personagens em cada um deles." (Luisa Arantes, 16 anos)

A idade chega para todos, porém seus personagens serão eternos! (Darlan Mariano, 16 anos)

Eles mudaram muito! Alguns (atores) nem são mais fisicamente reconhecidos. (Clara Fioresi, 15 anos).

Não devemos esquecer, também a questão do contexto histórico em que a série foi originalmente produzida. Em plena Guerra Fria. 

A ideia de Império Galáctico, de tirania, de revolução tem tudo a ver com o que acontecia naquele momento.  Países imersos em conflitos, rebeldes que recebiam apoio dos Estados Unidos ou da antiga União Soviética. 

Outra questão que ganha destaque é a da tecnologia, muito presente nos anos de 1970 e 1980. É a época da corrida espacial, da criação de novas armas de destruição em massa (no filme temos a estrela da morte), a expansão dos meios de comunicação, da robótica, etc. É quase impossível dissociar tudo isso do material que era produzido nos Estados Unidos para consumo, seja ele tecnológico ou cultural.

Fonte: http://goo.gl/FvwlJT

É fascinante como um produto, destinado para o consumo em massa acaba, assumindo um papel mítico dentro do imaginário social. Um artefato cultural que gerou e ainda gera reações diversas, apaixonadas e que sobrevive num tempo em que conhecimento parece tão volátil e efêmero, em constante mudança. 

Eu consigo enxergar aqui tema para aulas e história, sociologia, teologia, filosofia, ciências, física e até robótica. Mania de professora.

Mas são apenas alguns devaneios inspirados possivelmente pela experiência de dividir com a garotada uma experiência de infância. No mais, que a força esteja com você.

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