quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

QUANDO OUVIR GANHOU OUTRO SIGNIFICADO


Em tempos de pandemia a maioria de nós deixou de ver para ouvir e o som se tornou um dos grandes refúgios para os corações cada vez mais solitários. Nós passamos a ouvir amigos, colegas e desconhecidos, em podcasts, lives e reportagens. O isolamento fez com que ouvíssemos com mais atenção e tornou mais forte nossa memória auditiva. Quantos professores, por exemplo, que depois de quase um ano de aulas remotas não passaram a reconhecer seus alunos pelo som, da sua voz?

Quantos familiares não passaram a interagir mais por chamadas telefônicas ou de vídeo com outros familiares com os quais raramente conversava? Amigos distantes ficaram mais próximos e novas amizades foram nascendo de inteirações entre pessoas por meio digital. Mas mesmo que houvesse imagem, o som se tornou mais representativo. Fechar os olhos e ouvira a voz de outra pessoa passou a preencher um espaço n’alma de muitas pessoas. O som fez revistar antigas memórias e levantas novas questões.

Será que é assim com os astronautas, que ficam meses isolados em estações espaciais? Será que eles também criaram uma memória auditiva em meio ao silencia do espaço, onde o som não propaga? Contrariando muitas das projeções, 2020 foi um ano de encontros. Nos encontramos conosco e com outras pessoas, mas de forma diferente. Criamos memórias singulares que dificilmente serão esquecidas. Superamos grandes dificuldades embalados pelos sons mais diversos. Se carecemos de contato físico, nossas almas nunca estiveram tão próximas. Contrariando as leis da física o som ultrapassou a luz.

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