quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

JOSÉ DOS SANTOS GARCÊS E AS CABINES DE ARTE

Biblioteca e Bedeteca de Amadora
Uma vez por ano, desde 2016, vou à cidade de Amadora, em Portugal, para visitar a Bedeteca, equivalente à nossa Gibiteca, que fica localizada no segundo andar do prédio onde se encontra a Biblioteca de Amadora. A Bedeteca um espaço maravilhoso, com um acervo rico e diversificado, tanto de quadrinhos quanto de originais doados por artistas. 
Capa do guia da exposição.
Além de quadrinhos e obras de referência  sempre é possível encontrar uma bela exposição de quadrinhos, tanto de autores estrangeiros quanto de autores portugueses. Este ano, por exemplo, eu visitei a exposição "Parabéns Garcês", em homenagem aos noventa anos do quadrinista lusitano José dos Santos Garcês, a partir de originais doados pelo autor.  
A Lenda dos Montes Pálidos (1952),
por José dos Santos Garcês.
Nascido em 1928, José dos Santos Garcês frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde fez o curso de Artes Gráficas e começou sua carreira nos quadrinhos em  1946 no jornal infanto-juvenil O Mosquito. Para esse periódico o quadrinista produziu o "O Inferno Verde", a sua primeira HQ aos dezoito anos, tendo posteriormente colaborado com outras publicações, voltadas para o público infanto-juvenil. Produziu uma imensa obra durante sua carreira, com destaque a quadrinhos históricos e de aventura, numa de mais de carreira de 70 anos.
Inscrição feita no muro em frente à Bedeteca de Amadora chama atenção para a importância da Leitura.

O espaço da Bedeteca de Amadora permite que se realizem exposições durante o ano, o que fortalece tanto a instituição quanto a divulgação do trabalho de artistas, algo que pode e deve ser replicado aqui no Brasil. Sempre há algo novo e interessante a ser descoberto naquele amplo espaço para leitura, que valoriza não apenas os livros mas, também, os quadrinhos. Não é a toa  que Amadora se deu o título de "cidade dos quadrinhos.

Cabines de arte.
Em 2017 eu tive a oportunidade de conhecer o projeto das cabines de leitura. São cabines de telefone desativadas que foram transformadas em pequenas bibliotecas onde as pessoas pegam livros para ler e fazem doações.
Cabines de arte.

Este ano eu me deparei com as "cabines de arte", que são cabines telefônicas transformadas em expressão artística. Projeto encantador que me remeteu a duas coisas, à arte do grafite e do fanzine. Eu observava as cabines, por exemplo, e via um fazine nelas, com textos poéticos e imagens que se harmonizavam.
Cabines de arte.

Algo que também pode ser pensado para o Brasil, talvez não com cabines, que não fazem parte da nossa cultura, mas com armários, geladeiras e outro tipo objeto que por ventura tenha sido descartado mas que pode ser transformado em uma obra de arte ou num pequeno espaço de propagação da cultura.


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