Antigo parque de Exposições de Leopoldina. |
A ideia da primeira Exposição Agropecuária e Industrial de Leopoldina nasceu
em 1933, três anos antes da primeira exposição realizada pela Coopleste, que em
2017 está na sua 81ª edição. Foi uma iniciativa da Gazeta de Leopoldina, na época dirigida pelo Dr. José Monteiro
Ribeiro Junqueira, empresário e político local.
Dentro do contexto vivido pelo Brasil, de crise da lavoura cafeeira, a ideia
de uma exposição surge como uma forma de valorizar o produtor local e
incentivar outros tipos de atividades agrícolas. Afinal, a diversificação das
atividades econômicas era, naquele momento uma forma de minimizar os efeitos da
queda vertiginosa dos preços do café e o fim do domínio político das oligarquias cafeeiras.
Segundo a
Gazeta de Leopoldina
“O lavrador Leopoldinense, na sua grande modéstia, honraria qualquer
certame a que concorresse. É inteligente e trabalhador e os nossos campos feracíssimos.
Produzimos de tudo e bom. Numa Exposição Leopoldinense, a seção de produtos
agrícolas poderá ser uma verdadeira maravilha, o mesmo aconteceria com a nossa
pecuária.[1]”
Aliás, a “demasiada modéstia de seu povo” é considerada por Agostinho
Marciano d’ Oliveira, bacharel de direito e técnico da lavoura, que cumprimenta
a Gazeta pela ideia de exposição em nota publicada naquele jornal, a explicação
para um município dos mais ricos permanecer na penumbra[2].
Segunda Gazeta, todos deveriam ser contemplados, do pequeno ao grande
produtor. Mas o café, nesta época, ainda aparece em lugar de destaque.
"O nosso município produz, me média, 100.000 sacas de café e é
preciso que se consiga pelo menos 30% de cafés "doces". Estamos
certos de que o Departamento técnico fará também o seu mostruário facilitando o
paralelo e o conhecimento da cor, aspecto e seca mais preferidos"[3]
É bom esclarecer que em meio à crise provocada pela quebra da bolsa de
valores de Nova York, em 1929, a já abalada produção cafeeira foi duramente
afetada. Mas nem produtores, nem o próprio governo, desistiram do café. Ele
ainda era um produto importante e todo o esforço foi realizado para se salvar a
produção. Tanto que até inícios dos anos de 1950 a lavoura cafeeira ainda
resistia em Leopoldina.
A Gazeta fala de outras culturas, como o milho "o mais popular e
indispensável dos nossos cereais,"[4] e que aparece com sendo um
dos produtos mais exportados pelo município. Fala-se ainda do arroz, do feijão,
da cana, da mandioca, usada na fabricação de polvilho e da produção de fumo,
com destaque par ao município de Tebas.
"Ao distrito de Tebas caberá papel importante, expondo o seu famoso
fumo, quer preparado, quer em suas belíssimas folhas, assim como mel que se
extrai desse fumo, destinado a ser um dos mais belos inseticidas.[5]"
A matéria ainda enaltece a prática da horticultura, da citricultura e
pecuária. A Gazeta fala ainda das "promissoras indústrias" locais.
A economia Leopoldinense é enaltecida e há um discurso otimista com
relação ao seu crescimento e desenvolvimento. De fato, este discurso é corrente
na época e serve como norte para que os municípios possam estabelecer
estratégias para minimizar os efeitos da crise dos anos de 1930. Afinal,
segundo a Gazeta de Leopoldina, “nosso município é apontado como terra de
ordem, da paz e do trabalho”[6]
[1] GAZETA
DE Leopoldina. Leopoldina, 20 de julho de 1933, ano XXXIX, n. 76, p. 01
[2] GAZETA
DE Leopoldina. Leopoldina, 19 de julho de 1933, ano XXXIX , n. 75, p. 01
[3] GAZETA
DE Leopoldina. Leopoldina, 22 de julho de 1933, ano XXXIX , n. 78, p. 01.
[4] Idem.
[5] Idem.
[6] GAZETA
DE Leopoldina. Leopoldina, 20 de julho de 1933, ano XXXIX, n. 76, p. 01
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