Vou aproveitar a chamada para o debate a
ser promovido pelo GT de Ensino de História para deixar claro meu
posicionamento. O projeto de lei Escola sem Partido é um dos maiores absurdos
que eu já tive o desprazer de presenciar. Gostaria de saber que história é essa
de fim da doutrinação ideológica nas escolas. Até onde eu sei não existe tal
coisa. Eu dou aula de História há 22 anos e eu tenho alunos e ex-alunos que
concordam comigo e discordam de mim em vários assuntos. Cada um tem a sua
cabeça, cada um sabe chegar às suas próprias conclusões. Isto se chama
aprendizagem, construção do conhecimento.
E é isso que a escola ensina, ela ensina a
ter pensamento crítico. A tal doutrinação à qual muita gente desinformada se
refere parece uma lavagem cerebral em larga escala que eu não sei onde
acontece, mas na escola é que não é. Não produzimos fanáticos, produzimos
cidadãos. Se eles vão ser esquerdistas, se vão virar políticos que lançam
projetos que querem acabar com a liberdade de pensamento pra transformar a
população em gado de manobra, eu não tenho nada a ver com isso!
Explica para mim: como eu vou ensinar
História sem falar de conflito, de guerra, de revolução? Sou de esquerda por
que digo que na pré-história havia posse coletiva dos bens? Como vou falar de
Guerra de Canudos sem levantar questões político-sociais? Vou ser criminosa por
fazer meu trabalho?
Acabem de uma vez com as Faculdades de
História e Filosofia, Sociologia, já que é para acabar com o ensino crítico.
Eni Orlandi já afirmava: não existe discurso sem ideologia. Oras, e o que há de
errado nisso? Quantas ideologias essa gente acha que existem? Meia dúzia?
Será que eles se acham seres sem ideologia? Tá de brincadeira comigo? Isso não existe!
Logo que tudo isso começou veio-me a mente
a máxima iluminista (Iluministas não eram socialistas, socialismo nem existia
naquela época) que dizia, em miúdos, que a razão era a única forma de se chegar
ao conhecimento e que a ignorância era responsável pelo atraso da humanidade.
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