Finalmente eu consegui participar do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), que aconteceu em Belo Horizonte, semana passada. Vejam bem, é a nona edição! Uma vergonha ter demorado tanto para ir, eu sei. Mas sempre tinha algo que me impedia: trabalho falta dinheiro ou compromisso familiar.
Vamos começar com as impressões sobre o
local.
De cara eu já me vi dentro da exposição da
Turma do Xaxado, organizada por Lucas Pimenta, em homenagem ao saudoso Antônio
Cedraz, criador da Turma do Xaxado. Muito linda e de muito bom gosto. O curador
está de parabéns. Gosto muito da Turma do Xaxado. São quadrinhos divertidos e
com um grande potencial pedagógico. Ao lado, havia uma exposição de
super-heróis e outra com croquis e roupas de personagens de quadrinhos.
Achei tudo muito bem organizado e as
pessoas muito receptivas. Lá estavam desde quadrinistas conhecidos,
consolidados na profissão, até iniciantes, jovens que estavam ali para mostrar
seus fanzines ou suas primeiras publicações independentes. Havia desde livrarias
e editoras conhecidas até aquelas mais simples, com material alternativo.
Trechinho da exposição em homenagem a Antônio Cedraz com ilustrações feitas por vários artistas. |
Eu me lembrei de uma passagem na biografia
de Will Eisner, quando ele visita um festival de quadrinhos e conhece a
produção underground nos Estados Unidos. Eu me senti quase que como ele,
estando no meio de novos talentos. Ao lado deles autores como André Diniz, quadrinista
consagrado, vendia seus quadrinhos, na maior descontração. Ali eram todos
iguais e todos queriam mostrar o que haviam produzido.
Eu fui com o objetivo de comprar apenas
material para meu uso profissional, mas, claro, não resisti em adquirir obras
de autores desconhecidos. E havia muitas meninas lá! Não vou dizer que foi uma
surpresa. Eu sei que o mercado tem acolhido as jovens quadrinistas e elas têm
se destacado tanto pela qualidade da sua produção quanto pela quantidade. A
cada ano temos mais mulheres perdendo a timidez e se aventurando no mercado de
quadrinhos. Algumas estão recebendo ofertas de editoras e crescendo na
profissão. Outras estão usando quadrinhos como uma forma de expressão e até de
militância.
Quadrinhos já são há algum tempo vêm sendo
um espaço para as mais diversas manifestações, afinal é ao mesmo tempo uma
forma de arte e um meio de comunicação. Nada mais natural que se tornassem um
espaço para expressão. Quadrinhos, para muitas pessoas são quase que uma forma
de terapia, de autoconhecimento. E eu vi muito disso por ali, tanto por parte
das meninas, quanto por parte dos rapazes. Havia de tudo e para todos os
gostos.
Com Ana Luíza e Germana |
O ponto alto foi poder conhecer e falar
(engasgar com meu pobre francês, que um dia já foi bom, hoje é uma vergonha),
com a autora Marguerite Abouet,
natural da Costa do Marfim. Ela é autora de Aya de Youpogon, que teve dois volumes publicados no Brasil. Ela
estava lá, sozinha, dando sopa na mesa de autógrafos. Eu imediatamente usei
minha famosa "cara de pau", me apresentei, peguei autógrafo, tirei
foto e até dei a ela meu cartão (nem eu acredito que fiz isso, que vergonha).
Achei que não ia conseguir, mas passei o
sábado inteiro lá, com uma pausa de cerca de uma hora para ir tomar banho no
hotel, que ficava a 5 minutos de caminhada do local do evento. Na volta,
encontrei com a colega aspiana (como chamamos carinhosamente os membros da
ASPAS - Associação de Arte Sequencial) Ana Luíza Koeher, que me apresentou para
a galera super simpática dos "Renegados". Fui até entrevistada, olha
que legal!
É claro, não posso deixar de registrar a
satisfação de reencontrar com amigos e conhecidos e de fazer novas amizades.
Saí de lá eram quase 22 horas, e tudo já estava sendo guardado. Enfim, tudo
muito bom, eu não tenho reclamações (fora o calor, claro). Em outra postagem
quero comentar sobre as revistas que comprei. Para agora, seria muito cansativo
tanto para mim quanto para quem arriscar ler esta postagem.
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