domingo, 20 de abril de 2014

ANALFABETISMO DIGITAL?

Eu ando angustiada com uma questão que tem se tornado um problema para mim, ultimamente. Eu quero usar TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) para trabalhar com meus alunos, mas tenho esbarrado com um questão inesperada: eles não sabem usar o básico da internet, como ferramentas de pesquisa simples, e-mail e mesmo os recursos de um chat.

É angustiante, quase desesperador, porque estes, em especial, são alunos de classe média, que têm computador e internet em casa. Daí eu me questiono: e toda aquela expectativa que se tinha acerca desta geração? 

Pela conversa que tive com eles, individualmente e em grupo, eles sabem postar fotos, conversar em chat e jogar. Fora essas atividades frívolas, a internet não tem nenhuma outra utilidade para meus alunos de 13 anos. 

Não os culpo. Quem sou eu para isso? Acho que eles foram deixados para aprenderem sozinhos coisas que eles não entendem. Eles não entendem que certos recursos que o computador oferece podem facilitar sua vida, ajudar no seu aprendizado e até em questões profissionais que, no futuro, vão exigir certas habilidades que quanto mais cedo aprenderem melhor.

Eu me vi ensinando a enviar um e-mail, a anexar um documento, a pesquisar no google, coisas que eu imaginava, na minha inocência, que eles saberiam fazer. Sempre acreditei que o problema maior fosse a edição de textos, uso do Word e até do PowerPoint, mas é muito pior do que eu imaginava. 

De que vale as escolas (e daí eu me refiro a escolas públicas e particulares, sem discriminação) terem laboratórios de informática se os estudantes não estão sabendo fazer o básico?

Eu sou uma pessoa prática. Acho que a escola deve ensinar para a vida. Saber usar bem os meios de comunicação é uma coisa que deveria fazer parte do dia a dia do aluno. Quanto mais o estudante sabe lidar com a internet e com os demais recursos que um computador oferece maiores as opções dele de crescer tanto em conhecimento quanto em experiência. 

Vejam bem, sou leiga no assunto, mas se eu fosse priorizar conteúdo em aulas de informática eu começaria ensinando como se usar o e-mail, depois como utilizar ferramentas de pesquisa, edição de textos e de sítios como blogs. Eu gostaria de ter tempo para levar meus alunos ao laboratório e fazer isso, mas estou presa ao currículo. Por mais que digam que o professor tem autonomia, o conteúdo tem que ser dado na íntegra e com o número limitado de aulas de história semanais, é um milagre que eu ainda consiga tempo para trabalhar algum projeto com meus alunos.

Há muita coisa boa que não é aproveitada. Um computador ou um tablet são, acima de tudo, recursos. Infelizmente, eles têm sido tratados como brinquedos por uma geração que prometia tanto, mas parece estar mal direcionada.

Enfim, este post é mais um desabafo. Talvez o que esteja acontecendo comigo seja uma exceção à regra. Talvez eu esteja sendo pessimista eu esteja tendo expectativas para muito além da minha realidade de trabalho. Talvez eu possa suprir essas deficiências com o tempo e usar mais os recursos da escola nesse sentido. Enfim, são muitas possibilidades, espero que prevaleçam as melhores.

Um comentário:

Anônimo disse...

Aí está o X da questão amiga! Sempre defendi o uso educacional do computador e internet desde a educação infantil. por formação de hábitos de estudo. Mas tem gente que até debocha e acha que estou querendo "ensinar informática" para criancinhas... A formação de bons hábitos de estudo, vem desde a educação infantil, onde a criança já tem, por si só, a curiosidade científica, tão estrangulada pela sala de aula tradicional que vai colocando numa forma, toda sua criatividade ao chegar no ensino fundamental!