Quem costuma
fazer esse tipo de postagem é a amiga Valéria Fernandes (imagino que ela vá
comentar, se já não comentou sobre a novela), mas eu não tive como resistir.
Não sou noveleira e não assisti a novela tanto quanto eu gostaria, pois
trabalho a noite. Mas procurei me informar sempre que possível, nos dias que eu não pude assistir.
Lado a Lado foi um presente pra todas as mulheres. Nada mais justo que terminasse no dia Internacional da Mulher. Tanto pelos personagens, quanto pela
forma como abordou alguns temas e chamou atenção para passagens da história
como a Reforma Urbana do Rio de Janeiro e a Revolta da Chibata a novela mostrou que é possível divertir e ensinar. Quando isso
aconteceu antes? Não faço ideia. Eu pude ouvir meus alunos comentarem sobre
esses fatos na sala de aula! Quando eu poderia imaginar isso? Chegou a ser um
complemento para a aprendizagem deles.
Pois é algumas vezes a televisão ajuda, embora me entristeça o fato de se valorizar muito mais a baixaria das novelas das nove horas do que a qualidade e delicadeza de uma novela como Lado a Lado, que vai deixar saudade e que espero que seja reprisada várias e várias vezes.
O que não dizer de Izabel e sua busca por emancipação e pelo reconhecimento de sua importância como mulher e profissional? Ela não lembra nossa Chiquinha Gonzaga, que tanto lutou para ter sua arte e talento reconhecidos?
Podemos apontar mais uma dúzia de mulheres fortes e batalhadoras que povoaram o universo da ficção de Lado a Lado e que foram inspiradas em personagens reais. E elas estiveram lá, do início ao fim. Um exemplo de como a novela homenageou essas mulheres reais na ficção foi o caso da personagem Fátima, que ingressou agora, quase no final da trama. Uma médica pesquisadora, certamente uma homenagem a Rita Lobato Velho Lopes, a primeira mulher brasileira a se formar em medicina, no ano de 1887, outra pioneira
A inspiração de Laura é a escritora potiguar Nísia
Floresta (1810-1885), considerada a precursora dos ideais feministas no Brasil.
Em 15 livros, Nísia defendeu uma educação igualitária entre homens e mulheres,
além de ter fundado no Rio um colégio revolucionário para meninas. A Tia
Jurema é inspirada na baiana Tia Ciata (1854-1924), cozinheira e mãe de
santo que chegou ao Rio aos 22 anos e montou seu tabuleiro na Rua Sete de
Setembro, no Centro. Além de grande quituteira, ela promovia em sua casa festas
dançantes, frequentadas por compositores como Donga, João da Baiana e Sinhô.
Eu poderia falar aqui, também, do resgate da cultura afro-brasileira, do racismo e muitos outros assuntos polêmicos, mas fica para outra oportunidade. Hoje é dia da Mulher e, apesar de tanta coisa ruim que tem acontecido com as mulheres, no Brasil e no Mundo, pelo menos hoje eu quero escrever só para nós e sobre nós.
Enfim, a um belo trabalho de pesquisa, um elenco maravilhoso, uma novela de época para marcar época. Uma pena que o horário das 18h não seja "nobre" e o público um tanto limitado (a gente sabe que muitas pessoas chegam em casa do trabalho depois das 19h e acaba não assistindo novela, isso acaba fazendo o Ibope cair em relação às outras novelas). Lado a Lado já está deixando saudades. Que venho outras novelas, tão boas e tão ricas em detalhes e cultura.
Enfim, a um belo trabalho de pesquisa, um elenco maravilhoso, uma novela de época para marcar época. Uma pena que o horário das 18h não seja "nobre" e o público um tanto limitado (a gente sabe que muitas pessoas chegam em casa do trabalho depois das 19h e acaba não assistindo novela, isso acaba fazendo o Ibope cair em relação às outras novelas). Lado a Lado já está deixando saudades. Que venho outras novelas, tão boas e tão ricas em detalhes e cultura.
Leia mais sobre a novela nos links abaixo:
3 comentários:
Muito bom Natania! Uma outra questão que vale a pena destacar foi o resgate da linguagem da época, do ritmo da fala, do não atropelar a fala do outro, as formas de tratamento, de como as pessoas se dirigiam uma as outras. Não foi como um simples estereótipo, ou uma encenação caricaturada, percebe-se o trabalho de pesquisa. Nos levava a pensar de forma diferente o desenrolar das situações. Interessante!
Mas sem dúvida, perceber esse processo histórico da mulher abrindo seus caminhos, foi um grande destaque da novela!
Concordo com tudo, Natânia. Em gênero, número e grau. Muito a calhar esse seu post. Obrigada!Abraço!
Adorei essa novela. Ela teve tudo de bom, do roteiro aos atores. Um deferencial entre as demais.
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