domingo, 13 de fevereiro de 2011

PROFESSOR CRIADOR OU "COPIADOR"?


Semana passada eu dei aulas sobre Renascimento. Nelas, quando falamos do ser humano, do humanista, ele é apresentado como criatura e criador. O ser humano foi dotado da capacidade de criar, logo, ele pode e dever desenvolver o que chamamos de criatividades. O professor é um exemplo disso. Para poder exercer bem suas atividades em sala de aula ele deve sempre usar de criatividade, saber não apenas criar mas reaproveitar e modificar o material utilizado em outros anos ou mesmo em outros contextos.

Acho que todo professor deve se preocupar em montar um banco de dados, onde ele pode armazenar atividades e textos que possam ser úteis futuramente. Quando eu, por exemplo, tenho uma ideia para trabalhar na sala de aula eu gosto de compartilhá-la. Quando preciso de um texto ou uma informação procuro na Internet ou nos livros que tenho em casa. Monto minhas atividades misturando um pouco do que eu encontro nessas fontes com aquilo que eu acho que será adequado para meus alunos. E assim vamos indo.

Acho que a Internet é uma ferramenta muito valiosa, mas mesmo ela precisa ser bem usada. Tenho percebido que muito professores não desenvolveram ainda esta habilidade e ficam na dependência do que outros fazem. Ora, é parte essêncial da formação e do aprendizado do professor elaborar seu próprio material e, se possível, generosamente compartilhar com outros colegas. Mas compartilhar não implica em "fazer o trabalho".

Como revelei acima, eu retiro muito material da Internet, logo me vejo na obrigação de retribuir colocando meu material à disposição. No entanto, tenho notado que com uma frequência cada vez maior pessoas entram em contato comigo não para pedir um determinado texto que postei ou um slide que usei (geralmente por não conseguirem fazer donwload), mas para que eu envie todo o meu material, indiscriminadamente. Material que eu elaborei para minhas turmas, que são de uma realidade específica e que partilha de peculiaridades próprias. Isso realmente me preocupa.

A faculdade é apenas parte da formação do professor, e uma parte pequena. Ela oferece ao futuro docente instrumentos para que ele possa buscar
seu modo próprio de ensinar. Mas para isso ele tem que criar, experimentar o sucesso e o fracasso. É assim que se forma o bom profissional, na prática diária da sala de aula, com seus altos e baixos. Fico profundamente entristecida quando percebo que temos professores que estão pulando esta fase da formação, que desejam o trabalho pronto, que não procuram encontrar seu caminho e que, portanto, serão metade do profissional que poderiam vir a ser.

Obs: Fiquem a vontade para baixar meus slides, minhas atividades e meus textos e podem entrar em contato comigo se não conseguirem. O texto acima não diz respeito a isso, mas sim ao fato de algumas pessoas se absterem do trabalho de produzir seu próprio material pela comodidade de poder pegar o de outras pessoas, sem preocupação se ele será ou não adequado à sua realidade.

2 comentários:

Pesquisadora Nilza Cantoni disse...

Será, Natania, que essas pessoas são as mesmas que escrevem pedindo "tudo sobre Leopoldina"? E que se queixam quando sugiro leituras, reflexão? E qual será a origem das msgs de alunos que fazem pedido semelhante?

Natania A S Nogueira disse...

Acho que um pouco pior: são profissionais que assumiram o compromisso de ensinar mas que não querem ter o trabalho de criar.