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Capa da publicação brasileira (2019) |
Leitura da semana, "Uma breve história do feminismo
no contexto euro-americano", foi uma grata surpresa. Obra em quadrinhos,
sob o traço da quadrinista Patu e roteiro da cientista política Antje Schrupp,
lançada originalmente na Alemanha, em 2015, narra a história do feminismo de
forma sintética, mas sem abrir mão da qualidade acadêmica. Ou seja, apresente o
feminismo para leigos, mas não deixa a desejar a livros teóricos sobre o tema.
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Capa da publicação alemã (2015) |
Não é uma HQ para crianças,
mas indicada para alunos do ensino médio. Não é um
quadrinho apenas para mulheres, mas para todos, uma vez que entendermos que o feminismo representa um posicionamento social que independe da origem biológica. Aliás, um dos pontos fortes da obra é esclarecer muito bem o que são relações de gênero e como elas são construídas. Em tempos em que os estudo de gênero esbarram em muito preconceito e em ideias deturbadas do que são papeis de gênero, é uma obra necessária.
Na breve introdução da HQ, chamou-me a atenção um trecho escrito pela autora, quando ela fala do conceito de humanidade e busca sua raiz no livro do Gênese, no Antigo Testamento:
Na breve introdução da HQ, chamou-me a atenção um trecho escrito pela autora, quando ela fala do conceito de humanidade e busca sua raiz no livro do Gênese, no Antigo Testamento:
(...) a
palavra hebraica “Adam”, não é um nome masculino, mas significa simplesmente “ser
humano”. Adão não tinha um sexo. Com a criação de Eva, portanto, não foi só a
mulher que veio ao mundo, mas muito mais do que isso, a distinção entre os sexos:
o ser humano de sexo neutro “Adam” tornou-se mulher e homem.
A equiparação
de Adão com o homem já mostra, no entanto, onde está o problema: em muitas
culturas os homens são confundidos com o ser humano em si.
A introdução nos prepara para uma obra
que pretende desmistificar o feminismo e as relações de gênero, dentro do
contexto histórico/cultural/intelectual do ocidente, conforme remete o próprio
título.
A introdução
nos prepara para uma obra que pretende desmistificar o feminismo e as relações
de gênero, dentro do contexto histórico/cultural/intelectual do ocidente,
conforme remete o próprio título.
A HQ se divide
em pequenos capítulos que pontuam aspectos históricos e teóricos do feminismo
de forma didática. Por exemplo, no que diz respeito à história, apresenta o
feminismo na Antiguidade, na Idade Média, em momentos importantes da história
do pensamento como o iluminismo. Sempre partindo de uma ou mais figuras
femininas, como a filósofa Ptolemaida, a matemática Hipátia, de Alexandria, a
abadessa alemã Hidelgarda de Bingen e a escritora Mary Wollstonecraft.
Ao abordar o
movimento feminista, apresenta ao grande público nomes como Simome de Beauvoir
Luisa Muraro, e Judith Butler, assim como temas como transversalização de
gênero e feminismo Queer. Um livro tão completo que fica difícil apontar algo
que, por acaso, esteja faltando.
A obra é feliz
em trazer para o palco principal mulheres que se destacaram ao longo da
história, rompendo barreira impostas pelas relações de gênero e em defesa da
participação das mulheres em campos da sociedade nos quais elas estavam
alienadas.
Destaque para a habilidade da autora de realizar um história das
mulheres e do feminismo e que dialoga com o caso específico alemão, oferecendo outras perspectivas dentro do contexto europeu. O único ponto negativo foi a opção do formato da obra, pela editora
Blucher (14x21), que dificultou sua leitura, pois a fonte do texto ficou muito
pequena, assim como desvalorizou a arte de Patu.
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