quinta-feira, 23 de maio de 2019

ASHES OF LOVE - 香 蜜 沉沉 烬 如霜


Quem acompanha o blog percebeu que também tenho trocado resenhas de livros por resenhas de filmes. O fato é que eu tenho lido pouca ficção e muito texto e livro teórico (em breve postarei alguma coisa relacionado a isso). Escrever sobre o que eu gostei é a forma que eu concontrei de relaxar relaxar um pouco e dar ma pausa na rotina de estudo e trabalho.

Deng Lun, Xu Feng, deus do Fogo
Desta vez eu vou comentar sobre uma série que assisti recentemente. Ela se chama A Ashes of Love (2018), em chinês :香 蜜 沉沉 烬 如霜. Sim, é uma série chinesa, a primeira que eu assisto e possivelmente não será a última. Não me lembro de já ter feito resenha de séries aqui no blog. Se for o caso, será a primeira vez. Tentarei não dar spoilers, na medida do possível.

Eu tenho uma história com filmes chineses, que remonta meus tenros oito anos de idade, quando ia ao cinema com meu irmão nos fins de semana. Na minha cidade só havia um cinema e, nos anos de 1970, as opções eram ou filmes chineses ou filmes nacionais. Então, é natural que assistir Ashes of Love sido uma experiência nostálgica.

Yang Zi, como a fada Jin Mi. 
A série foi baseada no romance Heavy Sweetness, Ash-like Frost, de Dian Xian (procurei e não encontrei nada sobre o(a) autor(a), pelo menos não em inglês ou outro idioma).  Os principais protagonistas são os atores  Yang Zi  (Jin Mi), atriz que tem feito sucesso entre as da sua geração, e Deng Lun (Xu Feng), que ganhou notoriedade com seu papel na série.  Ashes of Love estreou na TV Jiangsu em de 2 de agosto de 2018 e atingiu a marca de 15 bilhões visualizações até janeiro de 2019. 

Run Yu, Deus da Noite
Ashes of Love se passa num tempo muito antigo, quando o mundo era dividido em seis reinos, sob a supremacia do Reino Celestial, morada dos Imortais. Não entendo de mitologia chinesa, mas creio que a narrativa se baseia nela. Uma coisa com a qual se tem que acostumar na série é a questão da contagem do tempo. Três anos para deuses, fadas e demônios são como três dias para nós. Então fala-se em um século como se não fosse nada e a maioria dos personagens possuí muito mais de 4 mil anos. 

A história começa com o nascimento de  Jin Mi, filha da Deusa Floral, Zifen, que assim que a criança nasce toma uma medida drástica. Dá a ela uma pilula enfeitiçada que vai impedir que a menina conheça o amor romântico. Ou seja, ela nunca vai se apaixonar. A deusa tem um visão na qual prevê o futuro de Jin Mi, que irá sofrer uma grande provação de amor. A Deusa, cujo coração havia sido quebrado, não desejava o mesmo destino para a filha. Em seguida a Deusa Floral morre, deixando as filha sob os cuidados das fadas do Reino Floral, que deviam criá-la em segredo. 

Deusa Floral, Zifen, preparando a pílula mágica para a filha.
Ao longo da série vamos descobrindo as razões que levaram a deusa Floral a agir dessa forma e acabamos compreendendo o desespero da mãe após o nascimento da filha. Ela realmente quer poupá-la do sofrimento. Ela ordena ainda que a filha fique confinada durante 10.000 anos no reino Floral, protegida por uma barreira de água mágica, para impedir que ela se envolvesse com pessoas estranhas. O isolamento fez com que Jin Mi, com seus 4.000 fosse uma moça ingênua, sem maldade ou qualquer traquejo social, como uma criança. 

Jin Mi e sua mãe adotiva, a Fada Floral.
Mas Jin Mi não é completamente desprovida de sentimentos, ela nute afeto por seus amigos e pelas fadas que a criaram. Ela é bondosa e generosa, só não conhece o amor romântico. Daí, dá para para perceber que a série gira em torno de Ji Mi, que vai descobrindo aos poucos sua origem e aprendendo a amar. 

Tudo muda quando o filho caçula do Imperador Celestial, Xu Feng, o Deus do Fogo, sofre um atentado e vai parar no Reino Floral, sendo socorrido por Jin Mi, que o confunde com um corvo. O príncipe, na verdade era uma Fênix. Mais tarde, outros personagens de envolvem na trama, como o irmão mais velho do deus do fogo, o Deus da Noite, Run Yu.

Xu Feng, Deus do Fogo, com sua armadura de guerra.
Não há como contar mais sem dar alguns, na verdade, muitos spoilers. Mas posso adiantar que a série tem alguns elementos que prendem o expectador e é quase impossível assistir apenas a um episódio. Ela começa leve e muito divertida, depois fica mais intensa, principalmente à partir do episódio 35. Para os mais sensíveis ela vai tirar risos e muitas lágrimas. É impossível não torcer pelos protagonistas nem ficar ansioso para saber o que vem depois. 

Palácio Real, no reino Celestial. Adorei a cenografia e os figurinos.

É uma série de fantasia, que usa de muitos recursos visuais, mas não achei que houve exagero, pelo menos dentro do que a temática sugere. A atuação dos atores também é muito boa, tanto dos mais jovens quanto dos veteranos. Os figurinos são lindos e a trilha sonora é maravilhosa. Além disso, podemos encontrar na série elementos tradicionais da cultura chinesa, assim como muitas pérolas da filosofia oriental.

Ótima pedida para o fim de um dia de trabalho ou um final de semana em família. Ashes of Love está disponível no  Netflix, com 63 episódios.

Ouça a trilha sonora!

quinta-feira, 16 de maio de 2019

VI CONCURSO LITERÁRIO DA ALLA


Terão início no dia  1º e junho e seguirão até dia 15 de junho de 2019 as inscrições para o VI Concurso Literário da ALLA, evento promovido anualmente pela Academia Leopoldinense de Letras e Artes.

O Concurso Literário  da ALLA receberá inscrições de poesias, cartuns, charges, contos, crônicas, resenhas e relato de experiências educativas, sendo essa última categoria exclusiva para docentes. O tema do concurso é livre. As inscrições devem ser feitas exclusivamente online no blog da ALLA (clique aqui)

Poderão se inscrever alunos matriculados em instituições de ensino públicas ou privadas, o público em geral e professores.  Para saber mais acesse o regulamento clicando aqui! Para outras informações, envie sua dúvidas para o e-mail: concursoliterario.alla@gmail.com

A ALLA é uma instituição literária e artística da cidade de Leopoldina (MG). Foi fundada em 13 de fevereiro de 2008 e tem como patrono o poeta Augusto dos Anjos. A ALLA é formada por um grupo de 30 acadêmicos, nascidos ou ligados à cidade de Leopoldina. Ao número de membros corresponde igual número de cadeiras, cujos patronos foram representantes das artes de Minas Gerais e de Leopoldina. 

O Concurso Literário da ALLA  é o principal evento anual promovido pela instituição, que também organiza mensalmente um sarau poesia e música, no Museu Espaços dos Anjos, aberto para membros da comunidade e visitantes. 

A divulgação dos finalistas será feita no dia 15 de agosto de 2019 e a cerimônia de premiação acontecerá no dia 23 de agosto de 2019. Estudantes inscritos nas categorias destinas às educação básica, classificados em primeiro ligar receberão convite para integrar a Academia Jovem da ALLA, que reúne jovens amantes das letras e das artes e desenvolve diversas atividades culturais.


segunda-feira, 13 de maio de 2019

A FICÇÃO, O ESQUECIMENTO E A REESCRITA DA HISTÓRIA

Imagem capturada em: https://www.aficionados.com.br/thanos-melhor-vilao-marvel/
Um dos grandes acontecimentos midiáticos do ano de 2019 foi o lançamento do filme "Vingadores, Ultimato", que arrastou multidões para os cinemas. Ao assisti-lo pela segunda vez, chamou-me a atenção uma parte bem no final na qual o vilão Thanos afirma que pretende refazer o universo e apagar a memória de todas as criaturas vivas, pois segundo ele, enquanto houver quem se lembre de como era, haverá aqueles que não aceitarão a perda e resistirão.

De todas as cenas apoteóticas mostradas durante a mega produção cinematográfica, esta ficou gravada na minha mente e arrisco dizer que ela vale por todo o filme. Thanos está certo, pois enquanto houver a memória, haverá a resistência. Por isso o tirano desejava apagá-la definitivamente.  

Mas não é isso que os tiranos fazem? 

Para um tirano a história e a memória são suas inimigas. A memória por dar suporte à experiência coletiva, ao vivido, já que memória é vida. A história por ser não apenas o registro dos fatos mas, acima de tudo, promover o debate e a reflexão acerca deles. Os tiranos vão sempre atacar a memória e a história e vão impor o esquecimento. Mas esquecer não é suficiente, é preciso reescrever a história, uma história baseada em "achismos" e não no conhecimento legítimo. 

A reescritura da história se baseia na negação do fato, no ocultamento do papel da coletividade, na marginalização de grupos inteiros e da minimização do papel de atores sociais importantes pelo seu engajamento em lutas. O apagamento das lutas e o sentido das conquistas realizadas ao longo dos anos pelo povo, pois o cidadão comum, é ele que os tiranos temem, pois é dele que tiram seu poder.

Neste processo, todos aqueles capazes de questionar, todos aqueles que são portadores de conhecimento, se tornam inimigos do Estado autoritário. Professores, filósofos e cientistas são comparados a terroristas. São acusados de doutrinação, de ensinar inverdades, de serem tendenciosos. A verdade é monopólio dos tiranos, que a tomam como sua e absoluta. Uma verdade que se impõe pela força, pela violência moral e física, pela vulgarização, banalização e abandono das ciências e de seus templos, escolas e universidades.

A ficção nos oferece uma representação do mundo que estamos vivendo, no qual grupos radicais têm  como um projeto global reescrever a história e apagar a memória. Essa reescritura se faz necessária para que não haja  a tão temida crítica, o questionamento da sociedade com relação aos rumos que estão tomados na direção da construção de uma sociedade que privilegia a poucos e segrega a muitos. Se não há memória e história não há resistência e os tiranos triunfam e deixamos de ser cidadãos para nos tornarmos súditos cuja própria existência é desejo (ou não) do Estado.  

sábado, 4 de maio de 2019

FAZER PESQUISA E VIRAR NOITES ESTUDANDO É FARRA?


Eu fiquei pensando se escreveria ou não escreveria algo sobre os cortes no orçamento das universidades públicas. Estou cansada e desanimada com tanta demonstração de ódio e ignorância. Mas uma das primeiras coisas que eu li hoje pela manhã foi uma mensagem justamente fazendo isso: disseminando ódio.  Aí não aguentei, tive que escrever.

Para começar, independente da sua orientação política, é inconcebível que uma pessoa defenda e comemore o fim da universidade pública. É essa universidade que forma há décadas os profissionais que fazem esse país funcionar. É dela que saem médicos, engenheiros, professores, cientistas que trabalham na descoberta da cura de doenças quem matam milhões em todo o mundo. E não acredite em tudo que lê nas redes sociais ou ouve em programas de rádio e televisão. Trabalha-se muito nas universidades e muitas vezes de forma precária. 

É completamente falsa a afirmação de que as faculdades públicas não produzem pesquisas, e sim as privadas. Das 100 universidades brasileiras que publicaram artigos científicos, entre 2014-2018, apenas 17 são particulares e a com melhor colocação é a PUC/Paraná. em 37º lugar (clique aqui para conferir). Em 2017 o Brasil era o 23º país no ranking global de qualidade científica. São falsas, também, muitas notícias de orgias em universidades que estão circulando nas redes sociais. Aliás, algo deplorável. Fico imaginando o que passa na cabeça de quem cria esse tipo de notícia e de quem acredita nela.

Muitos governos negligenciaram o ensino e a pesquisa, mas nenhum colocou ambos em risco. O Brasil hoje é um país no qual a pesquisa praticamente está sendo extinta. Com os cortes nas verbas das universidades públicas o que ainda resistia está com os dias contados. Milhões de estudantes em todo o país certamente serão prejudicados se a situação não se reverter. Então, não me peça para ser paciente com quem comemora tal coisa, sob a desculpa de que "é hora de acabar com a farras nas universidades". Que farra?

Eu me lembro, quando fiz especialização na UFJF, é das noites sem dormir, estudando. Dos fins de semana sem sair. Frequento o ambiente universitário há 30 anos, conheço vários universidades, tenho diversos amigos que são professores, em várias áreas. Alguns deles até com pesquisas citadas e premiadas no exterior. A carga horária dos professores não é pequena e eles não recebem reajuste salarial há cerca de dois anos. Queria que alguém me explicasse onde está a farra nisso tudo!

Ah, mas que o reitor X desviou verba da universidade. Ora, então isso justifica acabar com tudo? Punir quem age mal? Justo! Acabar com todo os sistema de educação pública superior por conta da má gestão de alguns? Tenha paciência!