domingo, 28 de abril de 2019

ALICE: UMA HISTÓRIA DAS MULHERES QUE LUTAM CONTRA O CÂNCER



Já há algum tempo estou para resenhar a HQ "Alice num mundo real", mas devido aos compromissos de trabalho e do doutorado eu acabei protelando e cabei sendo engolida pela rotina. Mas vamos lá!

O quadrinho é uma produção espanhola publicada em Portugal não estando, portanto, disponível para compra no Brasil. Uma pena, porque ele trata de um tema de interesse de todas as mulheres, penso eu: o câncer de mama, ou como é chamado por lá, cancro da mama.

Alice é uma jornalista com um ritmo de vida agitado e frenético, que um belo dia se dá conta de que está com câncer de mama e sua vida vira de pernas para o ar. Tanto o trabalho, que ocupava boa parte do seu tempo, e sua vida pessoal tiveram que ser adaptados a uma nova realidade. Nessa realidade, Alice fica durante um tempo perdida, sufocada pela atenção muitas vezes opressora dos amigos e passa a se sentir vulnerabilizada por conta da doença.

Alice num mundo real é um quadrinho que faz refletir sobre a fragilidade do corpo humano e de como o estado psicológico de uma pessoa reflete essa fragilidade. A HQ fala da superação não com o objetivo de trazer uma grande lição moral sobre a perseverança e a força da mulher que luta contra o câncer. 



Ela mostra o dia a dia dessa luta, que não é glamorosa, nem se pode traduzir a partir de frases de efeito. Por vezes é tão trágica que chega a ser cômica. Isabel Franc usa muito do recurso humorístico em toda a narrativa, mas sem que ela perca a seriedade devida.


Esta HQ de Isabel Franc poderia ser considerada autobiográfica, embora a autora esclareça desde o início que, apesar dela de basear na sua própria experiência, é uma história de muitas pessoas, que vivenciaram fisicamente ou acompanharam amigos, parentes e parceiros (e a autora faz questão de frisar que isso envolve homens e mulheres) no drama que é a batalha contra a doença, da descoberta à recuperação.

Alice poderia ser qualquer pessoa, homem ou mulher, que passa por uma experiência que muda sua percepção acerca de várias coisas, que a joga no fundo de um poço do qual ela precisa sair para recuperar o controle da sua vida, que não será jamais a mesma, claro, mas que pode ser uma boa vida, a depender do direcionamento que ela lhe der.

A autora, Isabel Franc, é espanhola, nascida em Barcelona, assim como a ilustradora, Susanna Matín. Alice num mundo real foi publica em Portugal pela editora Levoir, em 2011.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

THANOS, MEU VILÃO FAVORITO (SEM SPOILERS)!


Eu não pretendo escrever uma resenha, longe disso. Hoje o texto será de uma fã em estado de êxtase absoluto! 

Pretendia assistir Ultimato, o último filme dos Vingadores, no domingo, mas não resisti. Pouco antes de almoçar eu me decidi, joguei uns livros na minha bolsa e fui para Cataguases (cidade vizinha, porque aqui em Leopoldina lamentavelmente não tem cinema) disposta a encarar fila e ficar sentada no corredor estudando até conseguir um ingresso.

Não cheguei a tanto. De cara eu peguei a primeira sessão, das 14h20min. Foram três horas que eu gostaria de reviver várias vezes. Sério, quando eu levantei minha perna estava dolorida porque eu não consegui mover um músculo. Sem falar que estou com um sorriso bobo congelado no meu rosto já há quase duas horas.

Foi um fechamento maravilhoso. Não chorei, mas vibrei muito, ri muito e fiquei até emocionada em alguns momentos. A Marvel se superou. Sinto muito DCnautas, vocês não vão jamais conseguir atingir a perfeição que foi Ultimato. Porque, na verdade, não foi apenas um filme, mas a culminância de 22 filmes! Acho que nunca houve um projeto cinematográfico tão ambicioso. E se a Capitã Marvel rendeu uma fortuna, aposto que Ultimato vai ultrapassar todas as expectativas. 

E Thanos? Melhor vilão de todos os tempos! Não haveria Vingadores sem ele, isso é fato. Ele correspondeu a todas as minhas expectativas. Eu amo Thanos, porque ele fez com que a Marvel levasse para as telas um grupo de personagens que, certamente, vai marcar gerações. O filme valeu cada minuto das três horas de duração. Valeu eu me deslocar de ônibus pra outra cidade, valeu cada tostão que gastei, e eu gastaria mais.

Talvez possa parecer até risível ler este relato feito por uma mulher de 48 anos, que lê quadrinhos desde os seis anos e é fã da Marvel desde os nove. Mais uma a alimentar uma indústria bilionário e a contribuir com os salário milionários de atores que nem sabem que eu existo. Pois essa empresa capitalista que lucra às minhas custas me deu, na infância, o alento de poder me refugiar nos quadrinhos. Eu não tinha amigos, mas tinha meus super-heróis. E os amigos vieram depois, muitos deles justamente por conta dos quadrinhos, pessoas lindas que fazem parte da minha vida. Foram os quadrinhos, também, que me deram o prêmio de melhor professora do Brasil, em 2008. Foram eles que abriram as portas para mim na universidade, no mestrado e agora no doutorado.

Amo os quadrinhos, amo os filmes de superaventura e se hoje estou emocionada e exultante só por ter ido ao cinema assistir a um dos filmes que mais vai marcar a minha vida, só tenho a agradecer. Afinal, neste mundo cada vez mais tomado pela intolerância, pelo desamor, o egoísmo, o egocentrismo e a animosidade entre as pessoas, Ultimato aqueceu meu coração com cenas onde o melhor que a humanidade pode oferecer estava presente.

domingo, 21 de abril de 2019

MENSAGEM (QUASE) DE PÁSCOA


Nessa Páscoa eu decidi que não quero ficar postando mensagens de "Boa Páscoa", mas compartilhar meus sentimentos com quem possa se interessar. Eu quero falar sobre a renovação constante que tem sido a minha vida e, acredito a vida de muitas pessoas. 

Não postando tanto no blog quanto eu gostaria. Mas para não perder o hábito tenho feito resenhas de quadrinhos e de filmes. Só que não é a mesma coisa. Tenho sentido falta de produzir conhecimento, falar sobre a história de Leopoldina, sobre a história de forma geral. Imagino que isso seja uma fase, uma daquelas pelas quais a  gente sempre passa e que servem para reorganizar a nossa vida, pessoal e profissional. 

Sendo assim, acredito que tudo que tenho feito ou deixado de fazer nos últimos meses seja parte de mais um período crescimento pessoal do qual eu devo tirar alguma lição valiosa que irá me equipar para enfrentar os novos desafios que a vida certamente deve me apresentar em breve. Imagino que o fato de eu estar tirando alguns minutos para escrever sobre isso seja um indicativo de que esta fase  esteja terminando.

Não acredito em nada que seja permanente, as coisas estão sempre mudando, pois faz parte da vida ser dinâmica. Sei que existem pessoas que escolhem permanecer em ciclos viciosos e estão sempre arrumando uma desculpa para não seguir em frente. A psicologia explica isso, eu não tenho bagagem para tanto, portanto, falo apenas por mim.

Penso que passamos por momentos ruins, fases pouco produtivas e relacionamentos tóxicos por conta das nossas escolhas e pela necessidade de experimentar, de arriscar. Há algum tempo atrás eu tinha muito medo disso, mas hoje eu tento encarar como uma forma de crescimento. Descobri que cada experiência ruim, cada decepção que tenho no meu relacionamento com outras pessoas muito mais agrega do que tira.

Deixe-me explicar melhor: aquelas situações que fizeram, no passado, eu me sentir angustiada e até duvidar de mim mesma ao mesmo tempo me ensinaram a enfrentar melhor situações semelhantes. Elas também me mostraram como devo valorizar o que eu tenho e a ver a felicidade em coisas muito simples, como um sorriso caloroso, um abraço apertado, um olhar afetuoso ou um gesto de generosidade. 

Além disso, percebi que tenho tido maturidade para encarar situações que antes me levavam a uma tristeza profunda. A tristeza ainda vem, mas ela passa tão rápido, que quase não a noto. E isso é muito bom. Não que eu tenha me tornado uma pessoa insensível, mas eu estou aprendendo a pesar e medir o impacto que algumas coisas precisam ou não ter na minha vida. 

Não choro nem sofro mais do que o necessário e, embora eu ainda não saiba exatamente o que quero para o meu futuro, uma vez que a vida é cheia de incertezas e tudo é tão mutável, eu pelo menos já sei o que eu não quero.

Por fim, eu sinto uma necessidade muito grande hoje de agradecer tanto aquilo que me foi dado quanto o que me foi tirado, pois na minha matemática de professora de história, até o que eu perdi de certa forma eu ganhei. Agradeço os momentos felizes, os sustos, as angústias que, ao invés de afastar, me aproximaram mais das pessoas. 

Agradeço os muitos e leais amigos que eu tenho, aos alunos afetuosos e até aqueles que me olham atravessado; aos colegas de trabalho, parceiros do dia a dia nessa luta que é ser professor no Brasil. Agradeço minha família, que como todas as famílias têm seus altos e baixos, mas continua seguindo em frente. Agradeço às oportunidades que tenho e à confiança de quem as me ofertam. Enfim, agradeço à vida, que é mãe mas também é madrasta, que é a grande escola na qual até o fracasso pode ser uma vitória.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

O MENINO QUE DESCOBRIU O VENTO NOS AJUDA A ENCONTRAR VALOR NAS PEQUENAS COISAS


Alguns filmes trazem grandes lições em pequenas coisas. Acho que essa frase resume o que eu senti ao assistir à produção britânica "O menino que descobriu o vento" (2019), dirigida por Chiwetel Ejiofor, ator de origem nigeriana, que também é uma das estrelas do filme. 

"O menino de encontrou o vento" é a história do jovem William Kamkwamba, que descobriu um método para criar energia eólica no meio das terras secas do Malawi, conseguindo dessa forma irrigar as plantações e salvar sua aldeia da fome. É um filme que mostra como a engenhosidade e a determinação podem ser ajudar a superar situações adversas com o mérito de nos apresentar uma África multifacetada: aquela que mantém as tradições, mas que deseja abraçar a modernidade.

A República do Malawi, lugar que serve de cenário para o filme, é um país da África Oriental, que faz fronteira com a Tanzânia, Moçambique e  Zâmbia. Sua capital é Lilongwe. É um dos países mais densamente povoados do mundo, e um dos menos desenvolvidos. Os idiomas oficiais são o chichewa e inglês. O país sofreu colonização inglesa, no século XIX. Tornou-se independente em fevereiro de 1963.

"O menino que descobriu o vento" enaltece o valor da escola em tempos em que estamos enfrentando uma onda conservadora que tende a diminuir a importância da educação na vida do indivíduo. O filme ainda ressalta a importância da preservação do meio ambiente, fala de direitos humanos, de política, e da sabedoria e cultura africanas.

Trata-se de uma produção midiática com potencial para ser utilizada em diversas disciplinas, como história, sociologia, geografia, ciências, língua portuguesa e ensino religioso. Um material como grande potencial multi e interdisciplinar. As possibilidades de uso são enormes e o resultado, acredito, tende a ser um aproveitamento do conteúdo muito acima da média esperada com o uso de materiais didáticos tradicionais, como livro didático, por exemplo. 

O filme, exibido no 69º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2019, é baseado no livro de memórias The Boy Who Harnessed The Wind, de William Kamkwamba e Bryan Mealer e está disponível na Netflix. Aliás, não custa repetir que a Netflix tem oferecido ao publico brasileiro a oportunidade de ter contato com belas produções, de vários países,  abrindo a possibilidade de acesso a um universo cinematográfico muito mais amplo. Eu, particularmente, já assisti filmes indianos, noruegueses, tchecos e franceses que provavelmente eu jamais teria conhecido por meio da TV aberta ou mesmo por assinatura que privilegia produções estadunidenses.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

DOCUMENTÁRIO SOBRE A CATEDRAL DE SÃO SEBASTIÃO


O jornal Leopoldinenses tem tido excelentes inciativas ao produzir pequenos documentários sobre a história de Leopoldina (MG). Este, lançando em janeiro de 2018, fala sobre a Catedral de São Sebastião, um dos monumentos mais conhecidos da cidade. Ótimo material para ser trabalhadonas aulas de história, principalmente com alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, fase em que o sentimento de pertencimento precisa e deve ser estimulado para que possa ser melhor desenvolvido nos anos finais.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

A SOCIEDADE LITERÁRIA E A TORTA DE CASCA DE BATATA


Baseado no livro da americana Mary Ann Shafer, o filme "A Sociedade Literária e a torta de casca de batata" (2018) está disponível no programação da Netflix.  
Ambientado no ano de 1946, o filme conta a história da jovem escritora  Juliet Ashton, interpretada pela atriz Lily James, que está refazendo sua vida após a trágica perda da sua família, durante os bombardeios a Londres. 

O filme chama a atenção justamente por focar na reconstrução, no recomeço após a o fim do conflito. Não apenas da reconstrução urbana em si, mas no fortalecimento dos espíritos, do desejo de um novo recomeço para aqueles que sobreviveram e tiveram seus traumas e perdas durante o conflito. E este, a meu ver, é seu maior mérito. 

Escritora de sucesso, Juliet vive um momento importante da sua vida, vendo-se prestes a fazer grandes escolhas com relação ao seu futuro profissional e pessoal.  Após receber a carta de um fazendeiro, decide visitar Guernsey, uma ilha no Canal da Mancha, na costa da Normandia que faz parte da Grã-Bretanha, invadida pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Juliet vai à Guernsey para conhecer a "Sociedade Literária e a torta de casca de batata", grupo de leitores formado durante a ocupação.

A viagem acaba se transformado não apenas numa jornada de autoconhecimento como também revela histórias de amor e coragem, protagonizadas por pessoas simples, que usaram os livros como forma de se unir e resistir à ocupação nazista. A trama gira em torno dos participantes do clube de leitura mas tem seu foco especialmente nas mulheres, sua força, sua capacidade de lutar e de resistir.

É um filme sensível, com belas paisagens e uma atuação dos autores, tanto os mais jovens quanto os veteranos. Eu particularmente tenho gostado muito da atuação de Lily James, que conheci há alguns anos na série britânica Downton Abbey. Como professora eu certamente o utilizaria na sala de aula para trabalhar o pós-guerra, para tratar de temas como o nazismo, empoderamento feminino e principalmente, trabalhar a leitura como forma de resistência e libertação.

Assista ao trailler!