quarta-feira, 30 de março de 2022

MAIS CHANTAL MONTELLIER NO BRASIL

Recentemente eu fui convidada pelos editores da Comix Zone para escrever a apresentação de um obra que traz uma coletânea de quadrinhos de uma autora que eu admiro muito, Chantal Montellier. Na verdade, a própria Chantal recomendou meu nome, o que me deixou muito emocionada. Conheci Chantal Montellier em janeiro de 2015, quando estava buscando material para compor um capítulo de livro que eu estava escrevendo.

Pesquisando autoras francesas eu caí justamente no site de Montellier e comecei a olhar os releases da suas obras. Fascinada, entrei em contato com a autora e, por surpresa, fui prontamente respondida. Daí em diante, foram muitas conversas por e-mail e encontros que ocorreram na França e mesmo aqui no Brasil, quando a autora foi convidada a participar de uma das edições da SIQ, organizadas pela ECO - UFRJ. 

A amizade com Chantal Montellier me abriu muitas portas, tanto no Brasil quanto na França. Passei a ser correspondente  de uma revista francesa, a Papiers Nickelés; comecei a me interessa por aquela que se tornou o tema da minha teses de doutorado, a revista Ah! Nana e conheci pessoas incríveis como Cecília Capuana. Eu poderia listar aqui muitas coisas mas diria que a maior delas foi meu amadurecimento como leitora e como pesquisadora. 

Por isso eu quero aqui recomendar essa obra, intitulada Social Fiction, para quem quiser ler um tipo de quadrinho que consegue romper com muitas paradigmas. São HQs adultas, que lidam com temas profundos e que nos coloca a refletir sobre aspectos da nossa realidade. Eu particularmente, estou muito feliz com essa publicação e gostaria que muitas outras viesse. Dependesse mim, todas as obras de Chantal seriam publicadas no Brasil. Então, se você gostar de algo que foge da narrativa convencional, curte quadrinhos que tratam de temas políticos e sociais, leia Chantal Montellier e descubra um estilo diferente de quadrinhos francês.

Link para a pré-venda aqui!

sábado, 19 de março de 2022

VII CONCURSO LITERÁRIO DA ACADEMIA LEOPOLDINENSE DE LETRAS E ARTES - ALLA

A  Academia Leopoldinense de Letras e Artes, sediada na cidade de Leopoldina, tornou público o regulamento do seu VII Concurso Literário. As inscrições acontecerão no período de 10/06/2022 a 30/06/2022 em no site da ALLA (clique aqui para acessar). Podem participar do concurso alunos matriculados matriculados no Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio, bem como professores que estiverem ou não vinculados a uma instituição de ensino. Também podem participar qualquer pessoa física, que  poderá se inscrever na modalidade “Público em geral”. 

O edital completo já está disponível (clique aqui). 

Quaisquer dúvidas, podem ser enviadas para o e-mail concursoliterario.alla@gmail.com 

Academia Leopoldinense de Letras e Artes (ALLA) é uma instituição literária e artística da cidade brasileira de Leopoldina, no estado de Minas Gerais. Foi fundada em 13 de fevereiro de 2008.

domingo, 6 de março de 2022

AS MULHERES ESTÃO DOMINANDO ANGOULÊME?

 O título dessa postagem talvez pareça exagerado, mas reflete um sentimento de satisfação ao saber que, depois de tantos anos, as mulheres estão ocupando espaço e competindo lado a lado com os homens num dos eventos mais importantes, relacionado aos quadrinhos, na Europa e no mundo. 

O festival de Angoulême, que está em sua 49ª edição, tem como finalistas para o Grand Prix, pela primeira vez, três mulheres: Penélope Bagieu, Julie Doucet e Catherine Meurisse. O fato é tão significativo que a própria organização do evento reconhece sua importância. 

Em quase meio século de existência o Festival Internacional de Bande Dessinée de Angoulême havia premiado apenas três mulheres, Claire Bretécher (1983), Florence Cestac (2000) e Rumiko Takahashi (2019). Para 2022, pela primeira vez, já sabemos por antecedência que uma mulher será escolhida. Mas a questão toda não é sobre quem recebe o prêmio, mas a forma como as indicações eram realizadas, privilegiando os homens em uma enorme lista na qual poucas ou nenhuma mulher aparecia. Isso mudou, e os resultados estão aqui.

Em 2016, a ausência completa das mulheres entre a lista de indicados levou a protestos, gerou controvérsias e fez com que o Festival de Angoulême repensasse a forma como autores e autoras eram tratados. No ano de 2017, por exemplo, diversos coletivo de mulheres quadrinistas se reuniram e promoveram debates. As mulheres foram sendo gradativamente acolhidas e, em 2019, depois de um hiato de 19 anos, uma mulher novamente é premiada. Trata-se aqui de um reconhecimento conquistado a partir da pressão de grupos feministas e de coletivos de mulheres, apoiados por autores que também se sentiam incomodados com o sexismo que criava barreiras para o reconhecimento do trabalho de autoras talentosas. 

Claro, elas receberam prêmios em outras categorias, mas a categoria principal ficava invariavelmente nas mãos dos homens. Faltava talento? Claro que não! O talento das mulheres nos quadrinhos podia ser visto, por exemplo, na seleção do Prêmio Artemísia, criado para dar visibilidade ao trabalho de autoras que publicam na França.  Obras lindas, sensíveis e profundas foram selecionadas e premiadas ano a ano, mostrando que elas estavam lá, e seus pares as reconheciam. Já era a vez de Angoulême mudar. E parece que está mudando.

Nessa véspera do Dia Internacional da Mulher essa conquista, que pode parecer distante para a maioria de nós, tem um grande significado. A indicação de três mulheres, a premiação de uma, reflete uma mudança de postura e de pensamento que pode impactar positivamente futuras gerações de autoras.