domingo, 31 de dezembro de 2023

MINHA RETROSPECTIVA DE 2023

Pediram que eu fizesse um apanhado do meu ano de 2023. Foi quando eu percebi que eu não tinha certeza do que eu havia feito (pelo menos cronologicamente falando) durante o ano. Eu tive que buscar vestígios para muito além da minha memória para fazer esta retrospectiva, e nem tenho certeza se está completa.  Um exercício de memória difícil, pois o ano de 2023, para mim, foi complexo de várias formas. 


Eu comecei o ano fazendo uma longa viagem de férias. Fiquei mais de um mês fora de casa. Foi ótimo, mas me consumiu muito. Não faria novamente. Acredito que isso tenha sido resultado dos anos de pandemia. Eu, de repente, senti um impulso de cair na estrada e romper com aquele longo isolamento. Fui para Portugal, Suíça e França. Fiquei na casa de amigos, revi pessoas queridas e fui a lugares nos quais eu ainda não tinha ido e revi alguns que eu já conhecia.

Fechei as férias participando do Festival Internacional Quadrinhos de Angoulême, na França, de onde enviei algumas notícias para o Mina de HQ (minha primeira experiência do tipo). 

Em fevereiro, de volta, eu gravei um podcast com o Quadrinheiros, que foi lançado em março. Foi bem interessante. Não tenho o habito de gravar podcast, acho que tinha feito no máximo dois antes deste. Mas gostei da experiência e do resultado. Estou ficando mais articulada para falar.  Retomei meu trabalho nas duas escolas nas quais eu leciono. Recebi este ano 4 turmas novas, com alunos para os quais eu ainda não havia lecionado. Foram turmas ótimas, muito além da minha expectativa, e que ajudar a diminuir o fardo do trabalho porque eu me diverti muito dando aula para eles.

Fui aceita para o pós-doutorado em Letras, na UEMS, no final do ano de 2022 e já comecei 2023 ligada à universidade. Ao longo do ano eu me vi envolvida nas atividades do curso. A primeira delas foi o encontro "Quadrinhos e o fim do mundo: utopias e distopias". Eu participei de uma mesa junto com os amigos Octavio Aragão e Elidiomar Ribeiro, no dia 07 de abril, pela manhã. Primeiro evento acadêmico do qual eu participei no ano.

Em maio, saiu minha primeira publicação do ano, um a artigo na Revista Cajueiro. Aliás, um dos artigos que eu mais gostei de escrever nos últimos anos: Entre a vida e a morte - apropriação da linguagem dos quadrinhos e o tema do suicídio em W: Two Worlds. Aliás, eu escrevi muita coisa em 2022 e em 2023 que só vai ser publicado em 2024, o que me deixa um pouco confusa. Ao fazer esta retrospectiva eu me dei conta de que fiz muita coisa mas para fins de registro ainda não posso divulgar. Percebi, também, que tenho que atualizar meu Lattes e meu Orcid.

Maio, por sinal, fui um mês absurdamente corrido e cheio de eventos. Eu viajei para Campo Grande, MS, para cumprir minhas tarefas do pós-doutorado e ministrei um curso para os alunos do mestrado em letras. Aproveitei para conhecer a Gibiteca de Campo Grande e fazer contatos com professores e alunos da Universidade. Foi quando realmente caiu a ficha de que eu estava de nova na universidade, só que meu papel agora é outro: eu que estou ministrando as aulas. Foi meio assustador no início, mas foi, está sendo, divertido.

No final do mês tivemos o VI Entre ASPAS, encontro da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (ASPAS), em Leopoldina, MG, evento do qual fui uma das organizadoras. Participei ainda como mediadora de uma mesa sobre quadrinhos e pesquisa na História, com a participação de Mary Del Priore e apresentei comunicação ao lado da amiga Alessandra Senna. Durante o evento houve a eleição para a nova gestão da ASPAS, da qual eu agora faço parte, junto com mais três outros colegas, até 2025.

Tirei 10 dias das férias de julho para passear. Fui para Campos do Jordão, com a amiga Ana Cristiana e, depois, fui para São Paulo, rever meu amigo sueco/brasileiro, Ricardo Gonçalves. Fomos ao show da Marisa Monte e aproveitamos para fazer alguns pequenos passeios. Foi ótimo. Voltei das férias revigorada.

No final de agosto eu participei da banca de qualificação do doutorado da amiga Daniela Marino, na USP e pude aproveitar para pegar o final das Jornadas Internacionais e Quadrinhos da USP e rever  muitos amigos queridos. Foi em agosto, também, que fiquei sabendo que um artigo que eu escrevi junto com a Daniela seria publicado no International Journal of Comic Art, uma revista estadunidense especializada em quadrinhos. O artigo foi The Boom of Female Comics in the 21st Century in Brazil, que nós fizemos para um evento em 2021, mas que não havia sido publicado. Daniela submeteu o texto e ele foi aprovado.


Em setembro eu retornei a São Paulo para participar de um evento e lançamento de livro, com a autora francesa Chantal Montellier no Sesc/SP. Foi mediadora de um bate-papo com a autora que ocorreu antes da sessão de autógrafos. Acho que este ano São Paulo foi o lugar para onde eu mais me desloquei, seja para lazer, compromissos de trabalho ou mesmo fazendo escala em aeroporto.

Em outubro eu publiquei junto com o amigo Ricardo Gonçalves, um capítulo intitulado Gender and sexuality in Brazilian early childhood education no livro Gendered and Sexual Norms in Global South Early Childhood Education. Uma experiência muito boa, pois saí da minha zona de conforto e encarei um novo desafio, com um tema que é do meu interesse mas sobre o qual eu ainda não tinha produzido nada significativo. Foi um trabalho longo, que passou muitos ajustes. Eu agradeço a Ricardo pela convite e pela confiança.

Ainda em outubro dei início, junto com a amiga Lucilene Nunes, a um curso sobre Introdução à História Local, para 40 professores da rede municipal de ensino de Leopoldina. O curso terá três módulos. Aproveitamos para transformar o material que usamos em e-book que está disponível para download. Ainda em outubro eu retornei para Campo Grande, onde eu participei de um evento na biblioteca da UEMS, “Primeira Semana Nacional do Livro e da Biblioteca”, além de outras atividades tanto no curso de letras quanto no curso de História.

Em novembro eu recebi a notícia de que minha tese foi premiada pelo Trofeu HQ Mix. Foi uma surpresa, juro. Eu nem estava pensando que poderia ganhar. Fiquei muito grata pelo prêmio e foi muito emocionante poder ir à cerimônia receber o troféu, em dezembro.

No final de novembro e início de dezembro eu participei como mediadora de uma mesa no evento “Quadrinhos e Música”, como parte das atividades do meu pós doutorado. E, para encerrar, lançamos, no dia 02 de dezembro, o livro "Varal de Memórias" um projeto que eu realizei com meus alunos em agosto e que acabou resultando na publicação de um livro e um e-book.

 


quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

A CRIATURA DE GYEONGSEONG E OS CRIMES DE GUERRA DO JAPÃO

Nosso conhecimento sobre os crimes cometidos por nações do EIXO durante a Segunda Guerra Mundial é geralmente centrado na Alemanha e em seus campos de extermínio, que levaram milhões de pessoas inocentes à morte. Livros de história e obras e ficção trouxeram horríveis experimentos que os nazistas fizeram com pessoas de todas as idades, experimentos que começaram antes mesmo do início da guerra. No entanto, pouco estudamos ou falamos sobre os crimes cometidos pelo Japão.

 

Devo confessar que, mesmo com formação em história, foi somente por meio de quadrinhos como "Grama", cuja a narrativa gira em torno da escravidão sexual de mulheres pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, e de séries dramáticas como "Mr Sunshine", que levanta o tema da resistência armada e a luta pela independência da Coreia durante a dominação japonesa, que eu comecei me interessar e a estudar uma parte da história do Leste Asiático.  


Recentemente eu assisti a primeira parte de um o drama histórico lançado pela Netflix, em dezembro de 2023, chamado “Gyeongseong Creature” (A criatura de Gyeongseong), uma obra de suspense e de ficção científica, que fala sobre experimentos conduzidos por médicos japoneses em laboratórios secretos, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi a partir desse programa de TV que acabei conhecendo mais uma história lamentável da Segunda Guerra Mundial, cuja barbárie atualmente vem sendo enaltecida por pessoas de pouco conhecimento e nenhuma sensibilidade.

 

No drama, a população civil de regiões colonizadas era exposta a experimentos com o objetivo de criar uma mutação capaz de ser usadas na guerra contra os aliados. Monstros criados em laboratório. "A criatura de Gyeongseong" é uma obra ficcional, repleta de exageros necessários para compor a narrativa fantasiosa, mas que se baseia em fatos históricos.


Em 1935, o governo japonês fundou a Unidade 731, uma unidade secreta de pesquisa e desenvolvimento de guerra biológica e química do Exército Imperial Japonês que realizou experimentação humana letal durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa e parte da Segunda Guerra Mundial. Foi oficialmente conhecido como o Departamento de Prevenção de Epidemia e Purificação de Água do Exército de Guangdong. O nome "Unidade 731" foi oficialmente adotado em 1941.


A Unidade 731 era comandada pelo Tenente General Shiro Ishii, responsável por vários de crimes de guerra. O General Shiro Ishi era um cirurgião formado pela faculdade de medicina na Universidade Imperial de Kyoto. Ele entrou para o Exército Imperial Japonês como de Cirurgião do Exército. Antes de iniciar sua pesquisa com seres humanos na Unidade 731, Shiro Ishii viajou para a Europa para estudar armas biológicas e guerra química. Ele foi a versão japonesa de Josef Mengele, responsável pelos experimentos com prisioneiros realizados no campo de Auschwits, na Alemanha.


Estima-se que cerca de 250 a 300 mil pessoas foram submetidas a experimentos realizados pela Unidade 731, sendo que a maioria das vítimas era chinesa. Havia ainda soviéticos, mongóis, coreanos e pessoas pertencentes a países que opunham ao EIXO. Eles foram usados como cobaias para testes de armas bacteriológicas e outros experimentos. O maior número de mortes no campo de  Pingfang era de chineses (70%) e soviéticos (30%). A unidade funcionou até o final da guerra, em 1945.

 

Unidade 731 - foto atual

Os experimentos realizados envolviam armas ou procedimentos que poderiam ter uso na guerra. Por exemplo: em câmaras refrigeradoras, prisioneiros eram submetidos a temperaturas de até 50 graus celsius negativos para que os médicos pudessem descobrir a melhor maneira de tratar soldados japoneses que tivessem membros congelados durante batalhas no frio.  Para descobrir o que aconteceria a pilotos japoneses caso os aviões dessem pane os cientistas colocavam prisioneiros em centrífugas superpoderosas, onde ficavam rodando até morrer. Testavam bombas com bactérias ou com pulgas infectadas com peste bubônica ou febre tifoide foram jogadas sobre vilarejos chineses. Autópsias eram realizadas com pessoas vivas. E tudo foi minuciosamente registrado em desenhos científicos detalhados. Não foi por nada que a Unidade 732 ganhou o apelido de “Auschwitz asiática”.

Algumas dessas experiências são mostradas no drama, assim como os laboratórios nos quais pode-se ver, por exemplo, órgãos humanos, fetos e até cabeças dentro de vidros com formol. Aparecem também experiências feitas com crianças, que recebiam diariamente injeções e muitas delas desenvolviam doenças que as levavam a óbito. Muitas das experiências eram tão macabras que descrevê-las é difícil. Citei apenas algumas, mas para quem quiser saber mais, eu deixarei o link dos sites que eu consultei para elaborar este texto.

Com a derrota do Japão na guerra, Shiro Ishii encenou a própria morte para fugir do exército dos Estados Unidos, mas acabou sendo descoberto. No entanto, ele negociou sua liberdade em troca do conhecimento que reuniu em suas experiências na Unidade 731. Nem ele nem outros médicos que trabalharam na sua equipe chegaram a ser presos.

A China chegou a produzir um filme sobre a Unidade 731, “Campo 731 – Bactérias, A Maldade Humana” (Men Behind the Sun), de 1988. O diretor Tun Fei Mou que usou como locação o verdadeiro quartel general do 731, na província de Habin, na Manchúria. Em “A criatura de Gyeongseong” o campo é citado, mesmo que indiretamente. No drama, após o fechamento de um laboratório na Manchúria, as experiências teriam continuado na Coreia, que na época ainda chamava-se Joseon. De fato, o Campo 731 não foi o único local no qual experimentos eram realizados, mas ele foi o modelo seguido por outros laboratórios espalhados por outras regiões.

Por fim, uma coisa que  me chamou atenção no drama, foi a forma como os japoneses tratavam as populações dominadas. O desprezo, o ódio e a xenofobia estão presentes nas relações com outro de uma forma nauseante. Os japoneses alimentaram seu exército com homens recrutados em regiões dominadas, que eram obrigados a lutar pelo Japão e eram frequentemente vítimas de humilhando dentro do exército. Eram desprezados e ensinados a desprezar seus pares. Os japoneses reproduziam o mesmo pensamento de superioridade racial que considerava outros povos asiáticos inferiores moralmente e biologicamente. Esse tipo de comportamento que foi incentivado entre japoneses é bem representado na série, dando uma ideia de como dolorosa foi a dominação japonesa na primeira metade do século XX.


Mergulhar na cultura asiática tem sido um balde d'água fria em muitos sentidos, principalmente o histórico. Há histórias lá que deveriam ser de conhecimento de todos, há situações que merecem receber atenção mundial. Violência contra a mulheres e população LGTBQI+, xenofobia, alcoolismo, violência escolar e suicídio. O Leste Asiático está submerso em uma série de mazelas que podem ser explicadas por uma história marcada pela escravidão e pelas disputas imperialistas, que envolvem não apenas países da região mas, também, nações europeias e os Estados Unidos. Uma história marcada por violência e que reproduziu ao longo do tempo essa mesma violência.

 

Ao falar sobre os crimes de guerra do Japão não é necessariamente um ataque ao país ou a seu povo. Os japoneses também formam vítimas de seu próprio governo. Homens, forçados a servirem ao exército e a cometerem crimes horrorosos. Mulheres japonesas pobres foram escravizadas sexualmente e transformadas em prostitutas a serviço do governo. A intenção aqui é alertar para o fato de que estes crimes aconteceram e podem se repedir enquanto for alimentado um discurso belicoso e de ódio, discurso este que vem crescendo nos últimos anos. O Japão e a Alemanha da Segunda Guerra Mundial devem ser o exemplo do que não queremos para o nosso presente e, muito menos, para o nosso futuro.

 

REFERÊNCIAS

BROLIA, MARCOS(2014). 550 – Campo 731 – Bactérias, A Maldade Humana (1988). Disponível em: <https://101horrormovies.wordpress.com/2014/10/23/550-campo-731-bacterias-a-maldade-humana-1988/>. Acesso em 27 dez. 2023.

DRUMMOND, Pedro (2021). Uma Auschwitz Na Ásia: O Japão E Sua Macabra Unidade 731. Disponível em <https://historiamilitaronline.com.br/index.php/2021/03/25/uma-auschwitz-na-asia-o-japao-e-sua-macabra-unidade-731/>. Acesso em 27 dez. 2023.

LIMA, Claudia de Castro e (2016). Os terríveis experimentos japoneses com prisioneiros chineses. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/os-terriveis-experimentos-japoneses-com-prisioneiros-chineses?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=eda_super_audiencia_institucional&gad_source=1&gclid=CjwKCAiAs6-sBhBmEiwA1Nl8szaLjur5cAhvqZa2Qh_JYx61FHbUcPHbIxPuDh92DPHM3tWzLgSA5RoCi38QAvD_BwE>. Acesso em 27 dez. 2023.

PISSURNO, Fernanda Paixão. Unidade 731. <https://www.infoescola.com/historia/unidade-731/#google_vignette>. Acesso em 27 dez. 2023.

PREVIDELLI, Fábio. Unidade 731: o antro japonês de experimentos em humanos durante a 2ª guerra. Disponível em: < https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-o-que-foi-a-unidade-731.phtml>.

UNIDADE 731. Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidade_731>. Acesso em 27 dez. 2023.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

INTRODUÇÃO À HISTÓRIA LOCAL: LEOPOLDINA, OCUPAÇÃO E POVOAMENTO

 


Este ano comecei um projeto com a amiga e colega de trabalho Luciene Nunes Silva. Preparamos um curso, dividido em três módulos, para professores e professoras do ensino fundamental, primeiros anos, do município de Leopoldina. O primeiro módulo foi oferecido em outubro. O curso consiste numa formação básica para o ensino de história local. O objetivo é, não apenas, oferecer informação para os e as docentes mas, sobretudo, introduzi-los no uso de conceito relacionados à história e de documentos que podem ajudar a complementar o ensino da história loca.

Para isso elaboramos um material inédito sobre a História de Leopoldina, que foi oferecido na forma de e-book.  O primeiro e-book (serão 3 volumes) se ocupou de questões ligadas à ocupação e formação da Zona da Mata e ficou divido nos seguintes tópicos:

1.  Os primeiros habitantes de Leopoldina: características dos Puris e dos Coroados e  sugestão de atividades em sala de aula.
2. O mito de origem: a Lenda do Feijão Cru.
3. A ocupação do território: a criação do município; trabalhando história a partir de mapas.
4. Quem foi a Princesa Leopoldina? -  Trabalhando a biografia e a escrita de si nas aulas de história
5.  O jornal como fonte para aulas de história

Para os próximos módulos, que vão acontecer nos meses de abril e agosto (datas ainda não definidas) iremos explorar outros aspecto da história local como política, sociedade, arte, cultura, educação e saúde, procurando trazer material inédito que possa não apenas atualizar conteúdo como, também, permitir aos professores e professores a oportunidade de ter acesso a informações que dificilmente serão encontradas de forma ordenada na internet.

Diferente do que muita gente acredita, não é fácil e muitas vezes nem é possível, encontrar material sobre conteúdos relacionados à história local na internet. Isto porque trata-se de temas específicos que são condicionadas à um produção historiográfica que pode não estar disponível na rede ou mesmo  não existir. Tendo isso em mente, oferecemos o curso para a Secretaria Municipal de Educação de Leopoldina e fomos prontamente atendidas. Esperamos que nos próximos módulos passamos aprofundar junto aos professores.

Quem tiver interesse pode acessar o livro clicando aqui!

sábado, 23 de dezembro de 2023

COMENTANDO O K-DRAMA "OS OUTROS NÃO"


Sou fã de dramas coreanos desde 2019, mas assisto também produção asiáticas de outros países como China, Tailândia e Vietnã. Gosto muito de alguns tipos específicos de dramas, principalmente aqueles que fogem ao lugar comum e, mesmo tendo alguns clichês, muitas vezes necessários, trazem histórias envolventes. É o caso de "남남 (NamNam)", "Not Others", em português "Os outros não".  O drama conta a história de mãe e filha que dividem juntas uma vida cheia de altos de baixos. 

 

Eu confesso que me interessei pelo drama por conta de uma das protagonistas Jeon Hye-jin, uma atriz muito talentosa, que na casa dos quarenta anos continua trabalho em muitos projetos numa indústria que privilegia as mulheres jovens. Não é uma comédia romântica, embora exista interesses românticos para as protagonistas, os homens apenas estão lá para reforçar a força das mulheres, que deles nada dependem, muito pelo contrário. 

A história começa quando a estudante do ensino médio Kim Eun Mi (interpretada por Jeon Hyejin), descobriu que estava grávida. Determinada a criar sua filha, Jin Hee (interpretada pela cantora Choi Sooyoung), a jovem mãe enfrenta muitos desafios. O primeiro foi a família do namorado, que proibiu o relacionamento, o segundo foi sua própria família, com um pai alcoólatra do qual a moça era vítima constante de violência doméstica. sozinha, as duas enfrentam juntas todas as adversidades da vida.

Ao longo dos 12 episódios da série vamos conhecendo um pedacinho do passado destas duas mulheres e entendendo melhor sua relação, que muitas vezes parece muito mais a de duas irmãs (sendo a mãe a irmã caçula e rebelde) do que de mãe e filha. Jin Hee durante toda a narrativa deixa claro que, apesar das brigas constantes com a mãe, ela é sempre sua prioridade. As duas não falam de relacionemos externos, vivem de dependem uma da outra numa relação quase simbiótica e não querem mudar isso.

Eun Mi já com quase 50 anos trabalha como fisioterapeuta, Jin Hee, de 29 anos, tem uma carreira como policial. Nem mesmo o aparecimento do pai biológico muda a conexão entre mãe e filha. Mais do que falar dos desafios da maternidade enfrentados por uma jovem num país conservador e machista como a Coreia do Sul, o drama traz temas atuais e sensíveis como a violência contra as mulheres, a opção por uma vida de solteira, tanto da mãe quanto da filha e o próprio conceito de família, já que as duas tiveram que construir uma família não parental, ao longo de sua trajetória. Amigos que as colheram ganharam um status de família enquanto que aqueles com os quais Jin Hee compartilha laços consanguíneos são pessoas completamente estranhas à sua realidade.

Esta parte, em especial, foi que me prendeu à trama e me fez levantar questões com relação ao conceito que temos e que reproduzimos mesmo que inconscientemente de família. Acredito que, dentro da realidade sul coreana, esse debate seja ainda mais acalorado, uma vez que essa sociedade se alicerçou dentro de uma filosofia confucionista, baseada no dever fundamental dos filhos cuidar e obedecer aos seus pais e honrar os ancestrais. 

O respeito pela autoridade e pela autoridade familiar também é uma característica importante do confucionismo. Uma família hierarquizada em todos os sentidos. Muito diferente do núcleo familiar criado por Kim Eun Mi e sua filha. Enfim, para quem tiver interesse numa história engraçada e, ao mesmo tempo comovente, eu recomendo. Este drama está disponível no VIKI para assinantes, mas acredito que pode ser encontrado gratuitamente nos fansubs.

 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

PROJETO VARAL DE MEMÓRIAS


Este ano eu emplaquei vários projetos mas não consegui separar tempo para registrar, em palavras escritas, nenhum deles. Vou aproveitar o final do ano para fazer isso. Projetos, resenhas de livros e de quadrinhos, pretendo colocar tudo em dia em dezembro e janeiro. 

Vou começar com o projeto que eu desenvolvi recentemente na E. M. Judith Lintz Guedes Machado, Leopoldina (MG) e que recebeu o nome de "Varal de Memórias". Trata-se de um  projeto que começou a ganhar corpo em agosto de 2023, justamente na semana do estudante (semana em que comemoramos o dia do estudantes, 11 de agosto, com atividades extras na escola) . Eu resolvi, na inspiração, pedir para que cada aluno/a escrevesse pelo menos meia filha de caderno contanto uma lembrança/experiência relacionada à escola.  As experiências seriam transcritas e faríamos um varal no qual cada um colocaria seu texto. Daí o nome de "Varal de Memórias".

Era para ser uma atividade apenas para minhas turmas do oitavo ano, mas acabou se tornando um projeto maior, que envolveu 8 salas e alunos do 7º ao 9º ano. Os textos eram tão interessantes que acabei abandonando a ideia original e resolvi transcrever os 110 texto que recebi e transformar em um livro. Com isso eu manteria o registro daquelas memórias e os alunos/as que participaram do projeto poderiam ter consigo o fruto do seu trabalho e compartilhar suas memórias com outras pessoas.

Foi assim que nasceu o livro "Varal de Memórias" que foi lançado oficialmente no dia 02 de dezembro, numa cerimônia que teve a participação de alguns alunos que participaram da atividade, além de pais, professore e autoridades ligadas à educação e à cultura, de Leopoldina (MG) e até de outros municípios da Zona da Mata. Foi emocionante. 




O livro foi literalmente impresso na escola. A diretora imprimiu e encadernou pessoalmente exatos 110 unidades e também fizemos uma versão e-book. Estamos levantando a possibilidade de conseguirmos verba para imprimir em gráfica 100 unidades do livro, para serem distribuídas para escolas do munícipio, mas isso é projeto para 2024. 

Fazendo um apanhado geral, a experiência de organizar um livro de memórias foi um desafio e um prazer. Um desafio pois trabalhar com jovens requer certos cuidados e eu meio que pisei em ovos com relação aos relatos, porque eu estava trabalhando com menores. O primeiro passo foi pedir autorização dos pais/responsáveis e garantir o anonimato dos participantes. Sim, não nomeei os alunos/as, por questão de ética com pesquisa envolvendo seres humanos. Fui orientada a proceder desta forma.  Outro desafio foi de organizar o livro da forma devida.

Prometi aos alunos que eles teriam tratamento de autor. Não deveriam se preocupar com a escrita pois todo o material seria revisado antes de publicado. Para isso eu contei com a ajuda da equipe do professor Nataniel Gomes do curso de letras UEMS, que se voluntariaram para fazer a revisão. A diagramação foi realizada juntamente com o professor Amaro Braga, da UFAL, amigo de longa data. A capa foi criada por duas aluna da escola, Lívia e Vivian, e tratada digitalmente pelo designer e quadrinista Hamilton Kabuna. O prefácio foi realizado pela professora Fabiana Rubira, da FEUSP. Enfim, foi um trabalho coletivo, envolvendo pessoas de dentro de fora da escola.

O prazer veio na reação dos/as estudantes que participaram do projeto tanto durante o processo de produção do texto quanto no lançamento do livro. Aqueles que não puderam estar presentes no lançamento buscaram seus exemplares e foi muito recompensador ver como liam com interesse e comentavam entre si sobre os textos.

Para quem tiver interesse em conferir o trabalho basta clicar aqui e baixar gratuitamente o e-book. Se quiser deixar suas impressões, faça um comentário. Irei compartilhar com os alunos/as da escola.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

COMENTANDO A HQ COLABORAÇÃO HORIZONTAL

 

Eu gosto de Histórias em Quadrinho produzidas em contextos históricos específicos e que trazem reflexões sobre questões importantes, muitas vezes desconhecidas do grande público pois não contam dos livros de História. É  o caso  de "Colaboração Horizontal" publicada no Brasil em 2022, pela editora Nemo. Esta HQ estava na minha lista de leitura já havia um tempo. Colaboração horizontal é um termo (que particularmente eu não gosto) aplicado às relações românticas e sexuais entre mulheres e soldados nazistas durante o período de ocupação da França pela Alemanha durante a II Guerra Mundial. 

Contextualizando, em 1940 a França caiu nas mãos do EIXO, sendo invadida pelo exército italiano e Alemão. O governo francês foi derrubada e o país foi divido. Surgiu a França de Vichy, um regime francês que colaborou com os nazistas ao longo da guerra, enquanto a outra parte do país foi ocupada por tropas alemães e, ao sul, formou-se um governo de resistência liderado por Charle de Gaulle.

Apesar do movimento de resistência e da ação de civis dentro das áreas ocupadas e das áreas livres, uma grande parte da população se calou frente a ocupação e se omitiu no que dizia respeito à perseguição de judeus e outros grupos pelos nazistas. Pode-se dizer que uma parte significativa da população francesa fez vista grossa ou declarou sua simpatia ao nazismo nestes 4 anos e ocupação. Alemães e franceses viviam e conviviam de forma despreocupada. 

Mas, com o fim da guerra, aqueles que declararam favoráveis à resistência subitamente aumentou assim como surgiu a necessidade de encontrar alguém a quem punir e responsabilizar. As mulheres foram o alvo perfeito, em particular aquelas que mantiveram qualquer tipo de relacionamento afetivo e físico com alemães, independentemente de ser consensual ou não. Essas mulheres foram humilhadas publicamente, presas e mesmo mortas, consideradas traidoras da França.

Fonte: Quora

Elas foram alvos de linchamentos morais públicos e da purga, que consistia consistia na raspagem de seus cabelos e no desfile público pelas ruas das cidades, vilas ou aldeias. Muitas das mulheres eram também despidas e marcadas com a suástica nazista através de tintura ou mesmo com ferro quente. Além de toda a humilhação, elas foram condenadas a penas de seis meses a um ano de prisão em decorrência da suposta colaboração com o inimigo. Cerca 20.000 mulheres foram alvos das purgas legais na França.[1]

Esse o tema explorado pelas autoras Carole Maurel (arte) e Mademoiselle Navie (roteiro) nesta HQ. Elas trazem no centro na narrativa a história de uma jovem mulher, casada, Rose, cujo marido era prisioneiro guerra, que vive um romance com um soldado alemão, Mark. A história começa a ser contada pela protagonista, já idosa, e acaba envolvendo muitas outras mulheres, presente nos entorno de Rose.

Na verdade, a HQ trata justamente da forma como essas mulheres viveram este momento sombria da história da França e da humanidade. Elas são submetidas á violência por parte dos homens, seus maridos e/ou vizinhos, e tentam se defender e sobreviver num ambiente hostil no qual são objetificadas e inferiorizadas. Mulheres forçadas a se prostituírem para continuar vivendo e, ao mesmo tempo, perdendo a vontade de viver quando abrem mão da sua dignidade; mulheres que lutam para ajudar a libertar a França e proteger judeus; mulheres que tentam se aceitar e se defender do olhar preconceituoso do outo.

Colaboração horizontal fala de família, de resistência, de amor, de ódio, de sentimentos múltiplos e antagônicos que se misturam num ambiente belicoso, numa sociedade com relações desestruturadas pela guerra.

Uma leitura agradável, uma obras bem produzida com arte impecável.


domingo, 17 de dezembro de 2023

MINHA TESE FOI PREMIADA NO HQ MIX

 

Finalmente consegui fôlego para falar sobre a minha premiação no 35º HQ MIX, que ocorreu no dia 06 de dezembro, no SESC 24 de maio, em São Paulo. Pois é, minha tese de doutorado, que analisa a revista francesa Ah! Nana e o movimento feminista na Franca, na década de 1970 recebeu o prêmio de melhor tese, por unanimidade (palavras de Sônia Luyten durante a premiação). 

Pois é, a ficha ainda não caiu totalmente. 

Eu olho para o troféu e me questiono: "É meu mesmo?".

Com Dani Marino
Isso tudo porque meu doutorado foi muito diferente do meu mestrado. O mestrado foi relativamente fácil e eu estava muito segura do que eu queria realmente fazer. Tanto que, quando fiz minha qualificação minha dissertação estava praticamente pronta. Já no doutorado foi diferente. Foi tenso, eu passei por bloqueios criativos, troquei de orientadora no meio do caminho, fiquei insegura e me questionava sobre minha escolha de tema. Mas meti a cara e corri atrás do prejuízo. 

Com Sabrina da Paixão

Já que eu tinha me decidido sobre falar sobre a história e os quadrinhos na França, eu não iria recuar. Não é da minha natureza deixar uma coisa pela metade. Mas parece que o universo conspirou a meu favor. Eu conheci muita gente que me ajudou e  motivou. Pessoas se aproximaram de mim para oferecer ajuda, olha que coisa! Rompi barreiras de idioma e consegui o máximo que eu pude dentro dos limites que eu tinha. Sinceramente, as pessoas acreditaram mais do que eu. 

O doutorado foi sofrido mas o resultado foi maravilhoso. Ao ver minha tese pronta eu me senti recompensada  pelo meu esforço e pelo meu trabalho.

Com Sônia Luyten
Receber o prêmio foi muito mais do que eu poderia esperar, de várias formas. Eu me emocionei com a alegria dos amigos. Não sabia que era querida por tanta gente. Vi pessoas comemorando como se elas tivessem ganhado.  Minha diretora, assim que soube, disse que iria comigo receber o prêmio do meu lado. Ela e uma outra amiga querida da escola, Elizandia, cobriram os gastos com a viagem (que não foi pequeno) para poder estar do meu lado no dia da entrega. Muitos amigos e  familiares largaram o estavam fazendo, para comparece à entrega do troféu. E não foi pouca gente. 

Com Claudia e Elizandia
Isso foi o maior prêmio: o reconhecimento por parte dos meus pares e o carinho recebido dos amigos, amigas e familiares, antes, durante e depois da premiação. Por tudo isso valeram 4 anos de pesquisa e escrita. Por tudo isso valeu meu diploma, que é tanto meu quando de vocês, assim como esse prêmio que eu dedico a todos e toda que acreditam em mim, muito mais do que eu mesma.

Muito obrigada aos avaliadores que viram potencial na minha pesquisa, muito obrigada a quem acreditou e acredita em mim. É isso que motiva acordar todo dia, a ler, escrever e produzir conteúdo. Uma tese não se escreve sozinha, ela é escrita por mãos invisíveis, as mãos de quem acredita e apoia o pesquisador/a na sua jornada.

sábado, 15 de abril de 2023

ENTRE A VIDA E A MORTE APROPRIAÇÃO DA LINGUAGEM DOS QUADRINHOS E O TEMA DO SUICÍDIO EM W: TWO WORLDS

Publiquei um artigo que eu escrevi em 2020 a  partir do K-drama "W: two worlds". Foi minha primeira experiência tendo como fonte esse tipo de produção midiática. Eu particularmente adorei o resultado e, também, a experiência.

O artigo em questão acabou de sair na nova edição da revista Cajueiro,  segue o resumo.

"A obra W: Two Worlds, se descortina como bem cultural híbrido, criado nas mídias k-drama e manhwas, em intersemiose e dialogicidade dos enredos. O k-drama é um formato de programa criado para televisão, enquanto os manhwas são as histórias em quadrinhos coreanas. W: Two Worlds é um exemplo ímpar de hibridação, pois não apenas se apropria de alguns aspectos da linguagem dos quadrinhos, mas também, em muitos momentos, insere os quadrinhos na narrativa central. Dos efeitos especiais, que transformam páginas de quadrinhos em cenas “reais”, personagens de quadrinhos em personagens “reais”, aos debates entre os personagens acerca das regras e variáveis do mundo do manhwa, W: Two Worlds inova, ao colocar em cena a própria lógica do trabalho criativo dos autores de quadrinhos. Desse modo, este bem cultural se apresenta como mediador de leitura, não apenas pelos efeitos de animação de animação, mas a inserção do manhwa no k-drama. Esse encontro de linguagens e mídias pode ainda ser observado em outras produções e mostra como a influência da literatura ocidental está presente e se mistura com as narrativas do leste asiático.!

Quem quiser conferir o artigo completo, é clicar aqui! 

domingo, 19 de março de 2023

O ESPAÇO URBANO COMO LUGAR DE MEMÓRIA

 

O Grand Palais, em Paris, está passando por uma reforma. Para justificar essa reforma foi feito um grande painel (acho que posso chamar assim) contando um pouco da história do edifício, além de outras informações destinados ao público.

Recentemente eu viajei ao exterior e uma das coisas que me chamou atenção, e que talvez passe despercebido para a maioria dos turistas, foi a formo como o espaço urbano é transformado em lugar de memória, a partir de ações simples. Por exemplo, na França, tanto na capital como em comunas do interior, quando se faz a reforma de um prédio, coloca-se banners ou murais explicando o "por que" daquele espaço ser preservado. Conta-se, por exemplo, a história de quem morou naquele lugar, ou a história do edifício e sua importância como patrimônio. 

Não se trata apenas de dizer o que vai ser feito, mas justificar valorizando o patrimônio. Essas ação são uma forma de educação patrimonial, na qual a comunidade tem acesso a informação histórica e, ao mesmo tempo, a criação de um espaço de memória. Uma forma didática de se educar, porque não é apenas na escola que temos acesso a conhecimento, as ruas das cidades também podem nos ensinar muito. 

Em Petrópolis há placas nas calçadas assinalando a história de casarões que fazem parte do centro histórico. No bairro de Benfica, em Lisboa, há também esse tipo de sinalização, que remete à memória do bairro a partir do seu conjunto arquitetônico. Em Mafra, Portugal, temos o projeto "Caminhos da poesia" ou "Caminho de Camões", que correspondem a 10 poemas de Camões distribuídos entre o Jardim do Cerco, o parque intermodal do Alto da Vela, a Variante Sul. Tal iniciativa une literatura, história e memória por meio da poesia.

Outro exemplo, são as placas com os nomes de ruas. Em algumas cidades, como Cognac, na França, os nomes das ruas vem seguidas de alguma informação sobre a pessoa nomeada, que deixar de ser um sujeito anônimo e passa a ter uma identidade. Algo simples e muito significativo. Na cidade do Rio de Janeiro e, acredito, em outras cidades brasileiras, esse tipo de ação, que ajuda a preservar a memória, já existe.

Eu fui surpreendida no meu retorno à minha cidade, Leopoldina (MG). com uma iniciativa semelhante e, diga-se de passagem, até melhor elaborada. A prefeitura está instalando novas placas de indicação nas quais esclarece quem é a pessoa à qual se homenageia nomeado praças, ruas, avenidas. Uma iniciativa fantástica que ajuda a valorar não apenas o espaço urbano, mas a construir uma identidade local.

Placa colocada na esquina da minha rua, não apenas trazendo uma pequena biografia do personagem que a nomeia mas, inclusive, o cep, que recentemente foi alterado.

Os pesquisadores Nilza Cantoni e José Luiz Machado já haviam feito, anos atrás, em 2004, um excelente trabalho identificando os nome das ruas de Leopoldina, "Nossas ruas, nossa gente: logradouros púbicos de Leopoldina" (clique aqui para acessar). Imagino que a iniciativa da prefeitura tenha partido desse trabalho que, agora, está dando mais frutos, transformando as ruas em lugares onde a história e a memória estão presentes.

Este exemplos que trazem iniciativas brasileiras e de outros países demonstra que ações com relação à memória e ao patrimônio, em contextos diferentes, trazem similaridades. Há a preocupação em usar o espaço público de forma pedagógica, de educar e criar um sentimento de orgulho pelo espaço urbano, reforçando assim a identidade coletiva, local e/ou nacional, assim como o sentimento de pertencimento.