sexta-feira, 29 de março de 2019

HQ: MULHERES & QUADRINHOS


A editora Skript está com um projeto muito legal, do qual eu estou fazendo parte. Trata-se do livro "HQ: MULHERES & QUADRINHOS", organizado pelas pesquisadores Dani Marino e Laluña Machado. Trata-se de uma obra inédita no Brasil, reunindo trabalhos de 100 mulheres, entre elas escritoras, desenhistas, editoras, revisoras, letristas, pesquisadoras, que vai contar com mais de de 500 páginas.

Uma obra que mistura quadrinhos, ensaios e entrevistas, feitas por mulheres mas, nas palavras das organizadoras, não apenas para elas. É uma obra importante tanto em termos de representatividade mas, também, como contributo para aqueles que leem e pesquisam quadrinhos no Brasil.

O projeto foi lançado no Catarse e estão sendo oferecidas recompensas exclusivas para os primeiros apoiadores (não perca tempo!). Para saber mais, é só clicar aqui  e visitar a página do projeto no Catarse.

quarta-feira, 13 de março de 2019

MULHERES NA LUTA: QUADRINHO NORUEGUÊS PUBLICADO NO BRASIL

Livro: Mulheres Na Luta -  150 anos em busca de liberdade, igualdade e sororidade. De  Jenny Jordahl e Marta Breen
Páginas: 128 -  Editora: Seguinte.

A Seguinte, selo jovem da Companhia da Letras, tem sido uma agradável surpresa. Em 2018 publicou o prestigiado quadrinho "A origem do mundo: uma história da vagina ou a vulva vs. o patriarcado", da autora sueca Liv Strömquist. Agora, em 2019, lançou "Mulheres na Luta - 150 anos em busca de liberdade, igualdade e sororidade", das autoras norueguesas Marta Breen e Jebby Jordahl.
Fragmento da HQ que representa o
patriarcalismo de séculos anteriores
.
Marta Breen é jornalista e autora de não-ficção com várias publicações, dentre elas  os livros "Born Feminist" e o bestseller "60 Women You Should Know About", criado também em colaboração com a ilustradora Jenny Jordahl, designer formada pela Academia de Artes de Oslo, Noruega.

O álbum, que por sinal está com um excelente acabamento, faz uma apanhado sobre os 150 anos do movimento feminista, destacando mulheres que lutaram pelos direitos das mulheres em diversos lugares do mundo, do século XIX ao século XXI.
Fragmento da HQ que fala sobre
as reivindicações inciais do
movimento feminista.

Não consegue reunir, claro, toda a história do feminismo ou do movimento feminista, mas aborda temas como a luta pelo direito ao voto e questões ligadas à contracepção, aborto, religião e política que causaram e ainda causam grande polêmica. Um material muito rico, que pode inclusive ser usado, em sua totalidade ou em fragmentos, nas aulas de história.

Fragmento da HQ que conta a
história de Malala.
A autora fez uma minuciosa pesquisa e conseguiu colocar nos quadrinhos, de forma simples e didática, a história de mulheres, das mais variadas origens que lutaram e ainda lutam por igualdade, pelo direito sob seu corpo e pela liberdade de expressão.

Uma leitura indica da meninas e mulheres, em geral privadas do conhecimento acerca da história das mulheres, que tanto pode ajudar na formação de um pensamento mais claro sobre a sociedade que desejamos construir. O Livro ainda livro nos brinda com um posfácio escrito pela socióloga e professora Bárbara Castro, sobre a luta das mulheres brasileira por direitos civis e políticos ao longo da nossa história.

Assista uma entrevista feita com a autora Marta Breen, pela Seguinte, para divulgação da HQ.




domingo, 10 de março de 2019

A CAPITÃ MARVEL E O EMPODERAMENTO FEMININO


Capitã Marvel não é o primeiro filme de superaventura protagonizado por uma mulher, embora seja o primeiro do tipo realizado pela Marvel. Confesso que estava na expectativa para assisti-lo motivada pela  curiosidade em saber como a Marvel iria superar, ou pelo menos tentar repetir, o sucesso do filme da Mulher Maravilha.

Mas acabei concluindo que tratam-se de dois tipos diferentes de personagens e, portanto, é muito difícil estabelecer um parâmetro de comparação entre suas respectivas produções. Então, vou me abster no sentido de apontar qual foi o melhor, até porque não vem ao caso. Até porque, a Mulher Maravilha é um ícone dos quadrinhos. Minha mãe, por exemplo, nunca vai ao cinema. Ela não apenas foi assistir ao filme da Mulher Maravilha comigo e com as netas como saiu empolgadíssima.

Ontem eu a convidei novamente para ir comigo ao cinema, desta vez para assistir Capitã Marvel, e ela disse que não iria. Questionei  - “Por que não? Você gostou do filme da Mulher Maravilha!”. Ela simplesmente respondeu: - "Ah, mas era a Mulher Maravilha”.

A Capitã Marvel não é um ícone. Na verdade ela era até pouco tempo desconhecida do grande público, daquele que não lê quadrinhos de superaventura e, portanto, não conhece toda a legião de personagens da Marvel. Neste sentido, a personagem da Marvel está em desvantagem com relação à princesa das amazonas, que arrastou para os cinemas uma legião de admiradores. Multidões que se empolgaram com as cenas de luta e que torceram intensamente pela personagem.

No entanto, para muito além dos efeitos especiais e das cenas de luta características deste tipo de obra cinematográfica, o poder do discurso contido na narrativa é o que faz toda a diferença. E se muitos meninos vão assistir a filmes de superaventura em busca de adrenalina, para muitas meninas e mulheres eles têm outro significado. Tanto Mulher Maravilha e Capitã Marvel falam sobre empoderamento feminino e superação.

Mas, no caso da  Capitã Marvel, a meu ver, essa experiência foi muito mais intensa. Ela não foi a única personagem feminina de destaque. Havia pelo menos mais duas, que tiveram um papel determinante na trama. Personagens que desafiam o discurso alienante que afirma que a mulher, por ser mulher, é limitada e frágil.

No momento de retrocesso no qual vivemos, em que a igualdade de gênero é citada como uma das causas do aumento da violência contra as mulheres, a Capitã Marvel nos traz um exemplo de superação física e mental. Ela nos diz que a nossa fraqueza vem dos outros e não de nós mesmas. Que vamos cair, mas podemos nos levantar,  e que nunca devemos desistir só porque os outros dizem que não somos capazes de atingir nossos objetivos.

A Capitã Marvel é Carol Danvers, uma mulher que viveu para superar os limites que a ela foram impostos. Nem todo o poder universo teria feito dela a guerreira que se tornou se ela não tivesse sido a humana que tantas vezes caiu e se ergueu e que nunca desistiu.

A Capitã Marvel não é um ícone como a Mulher Maravilha, mas tem potencial para sê-lo, embora eu acredite que ela não o deseje, uma vez que, palavras dela, ela não precisa provar nada para ninguém.