Capitã Marvel não é o primeiro
filme de superaventura protagonizado por uma mulher, embora seja o primeiro do
tipo realizado pela Marvel. Confesso que estava na expectativa para assisti-lo
motivada pela curiosidade em saber como
a Marvel iria superar, ou pelo menos tentar repetir, o sucesso do filme da
Mulher Maravilha.
Mas acabei concluindo que tratam-se de dois tipos diferentes de personagens e,
portanto, é muito difícil estabelecer um parâmetro de comparação entre suas respectivas produções. Então, vou me abster no sentido de apontar qual foi o melhor, até porque não vem ao caso. Até porque, a Mulher Maravilha é um ícone dos quadrinhos. Minha mãe, por exemplo, nunca vai
ao cinema. Ela não apenas foi assistir ao filme da Mulher Maravilha comigo e
com as netas como saiu empolgadíssima.
Ontem eu a convidei novamente para ir
comigo ao cinema, desta vez para assistir Capitã Marvel, e ela disse que não
iria. Questionei - “Por que não? Você
gostou do filme da Mulher Maravilha!”. Ela simplesmente respondeu: - "Ah, mas
era a Mulher Maravilha”.
A Capitã Marvel não é um ícone. Na verdade
ela era até pouco tempo desconhecida do grande público, daquele que não lê
quadrinhos de superaventura e, portanto, não conhece toda a legião de personagens da Marvel. Neste sentido, a personagem da Marvel está em desvantagem
com relação à princesa das amazonas, que arrastou para os cinemas uma legião de
admiradores. Multidões que se empolgaram com as cenas de luta e que torceram
intensamente pela personagem.
No entanto, para muito além dos efeitos
especiais e das cenas de luta características deste tipo de obra cinematográfica,
o poder do discurso contido na narrativa é o que faz toda a diferença. E se
muitos meninos vão assistir a filmes de superaventura em busca de adrenalina, para
muitas meninas e mulheres eles têm outro significado. Tanto Mulher Maravilha e
Capitã Marvel falam sobre empoderamento feminino e superação.
Mas, no caso da Capitã Marvel, a meu ver, essa experiência foi
muito mais intensa. Ela não foi a única personagem feminina de destaque. Havia
pelo menos mais duas, que tiveram um papel determinante na trama. Personagens
que desafiam o discurso alienante que afirma que a mulher, por ser mulher, é
limitada e frágil.
No momento de retrocesso no qual vivemos,
em que a igualdade de gênero é citada como uma das causas do aumento da violência
contra as mulheres, a Capitã Marvel nos traz um exemplo de superação física e
mental. Ela nos diz que a nossa fraqueza vem dos outros e não de nós mesmas.
Que vamos cair, mas podemos nos levantar, e que nunca devemos desistir só porque os
outros dizem que não somos capazes de atingir nossos objetivos.
A Capitã Marvel é Carol Danvers, uma mulher
que viveu para superar os limites que a ela foram impostos. Nem todo o poder
universo teria feito dela a guerreira que se tornou se ela não tivesse sido a
humana que tantas vezes caiu e se ergueu e que nunca desistiu.
A Capitã Marvel não é um ícone como a
Mulher Maravilha, mas tem potencial para sê-lo, embora eu acredite que ela não
o deseje, uma vez que, palavras dela, ela não precisa provar nada para
ninguém.
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