domingo, 28 de outubro de 2018

SOBRE O IV COLÓQUIO SUL DE ARTE SEQUENCIAL

Nos dias 12 e 13 de outubro do ano corrente ocorreu na EST - São Leopoldo (RS), o IV Colóquio Sul de Arte Sequencial, sob coordenação do Professor Doutor Iuri Andreas Reblin, ex-coordenador Geral e sócio fundador da ASPAS. O evento reuniu, pela quarta vez, pesquisadores do Rio Grande do Sul e regiões vizinhas que se dispuseram a abrir mão do feriado de 12 de outubro e do sábado para participarem de atividades acadêmicas sobre quadrinhos.

A EST, seu campus oferece uma estrutura fantástica para receber encontros acadêmicos. Além de ceder salas e mesmo prédios inteiros para as atividades ainda há a possibilidade de se hospedar dentro da Universidade na Casa Matriz de Diocesanas, que oferece acomodações superconfortáveis e um ambiente tranquilo para quem quer descansar depois de um dia todo de trabalho/estudo.
Campus da EST - São Leopoldo - RS.
Apesar de ser um evento derivado da ASPAS, esta foi a primeira vez que eu participei do Colóquio Sul de Arte Sequencial e pretendo participar novamente nos próximos anos. É um encontro bem típico da ASPAS, intimista, possibilitando debater mais a fundo com colegas, um ambiente descontraído e super proveitoso. Muito diferente dos encontros monumentais onde somos bombardeados de informações e o aproveitamento é muito pequeno. 

Conferência de abertura do IV Colóqui Sul de Arte Sequencial.
É o que acontece, por exemplo, nos encontros da ANPUH, principalmente os nacionais. O tempo é subaproveitado, pois geralmente ficamos atados a simpósios temáticos, obrigados a e escolher entre centenas de salas. Muita oferta e um risco ainda maior de não fazer uma boa escolha. Tenho preferido, por isso, os encontros pequenos. Acho-os mais produtivos, tanto no aproveitamento do tempo quando na qualidade dos debates.

Em linhas gerais eu posso dizer que foi revigorante poder estar junto aos meus pares nestes dois dias e, também, muito produtivo. Além de reencontrar amigos, nasceram novas amizades e novas ideias para projetos futuros.
Livros e canecas comercializados durante o IV Colóquio Sul de Arte Sequencial.
Outro encontro da ASPAS, que aconteceu nos dias 25 e 26 de outubro, foi o I ASPAS Norte, na Universidade Federal do AMAPÁ. Foi o primeiro encontro realizado na região norte e, assim como o Colóquio Sul de Arte Sequencial, lançou a bases para novos eventos envolvendo quadrinhos e cultura pop, tão importantes para entendermos a dinâmica social do século XXI. 

domingo, 21 de outubro de 2018

O CORREIO DE LEOPOLDINA E OS BONDS A VAPOR


A Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional tem disponibilizado outros jornais de Leopoldina, além da Gazeta de Leopoldina e O Leopoldinense. Um destes jornais, do qual constam apenas 02 exemplares digitalizados, é o Correio de Leopoldina - Semanário noticioso. Resolvi dar uma olhada no jornal para verificar se havia alguma curiosidade sobre a cidade, já que eu não escrevo nada sobre Leopoldina já faz algum tempo. 

Acho pertinente fazer uma breve introdução sobre o periódico, a partir dos dados que ele nos oferece. O Correio de Leopoldina - semanário noticioso, foi fundado no final em 1894, entre novembro e dezembro daquele ano. Em seu primeiro número, não há data específica, apenas o ano e o local. Mas como um das suas publicações é a transcrição do discuso de posse do Presidente da República Prudentes de Moraes, datado de 15 de novembro de 1894, é de se supor que o periódico tenha sido publicado pela primeira vez entre a segunda quinzena daquele mês e o mês de dezembro.

Ele era de propriedade da Empresa Editora Mineira, cuja gerência ficava a cargo de Antônio Luiz Delandes, tendo como redator-chefe Henrique Cancio. O jornal atendia exclusivamente aos interesse da lavoura, comércio e indústria do município e aceitava colaborações, desde que se fizesse um "bom uso da linguagem", que não poderia ser insultuosa. Uma curiosidade: o jornal oferecia brindes a seus assinantes, na forma de composições musicais, como pode ser visto na figura abaixo. 

Correio de Leopoldina, n. 01, p. 03.
O Correio de Leopoldina apresentava-se como um jornal "patriótico" e recebia a colaboração de diversos representantes da comunidade, como José Monteiro Ribeiro Junqueira, Ernesto Lacerda e José James Zip Zag, além de correspondentes no Rio de Janeiro, Capital Federal do Brasil durante a Primeira República. Era, portanto  um jornal a serviço das oligarquias locais. A colaboração de José Monteiro Ribeiro Junqueira corrobora com esta afirmação, uma vez que os Monteiro Ribeiro Junqueira exerceram por décadas seu poder na região. 

No primeiro número do jornal chamou-me a atenção uma pequena nota que falava sobre uma proposta que supostamente seria apresentada à Câmara Municipal de Leopoldina: uma linha de bonde a vapor ligando os distritos de Tebas e Piedade (atual Picatuba).

Bonde a vapor, construído por volta de 1870 pela Metropolitan Railway Carriage & Wagon Company, em Birmingham, na Inglaterra, para trafegar em São Vicente - Imagem e dados disponíveis em: http://www.novomilenio.inf.br/santos/trilho24.htm. Acesso em: 23 set. 2018.

Era uma nota, visivelmente especulativa, com pouco mais de 10 linhas, não contendo nenhuma informação concreta sobre o assunto, apenas a intenção de "alguém". Leia a transcrição na íntegra

"Alguém tenciona apresentar à Câmara Municipal um projeto que ligará Piedade a Tebas e e esse distrito à Leopoldina por meio de bonds a vapor. São destes melhoramentos que há muito carecemos, visto serem eles portadores de enormes benefícios, tanto pra os três distritos, como também para o de Rio Pardo e arredores. Não desejamos ser aves agoureiras, porém, é nos permitido fazer esta pergunta:

Onde se encontra o apoio à grandes ideias levantadas neste município?" 


Correio de Leopoldina. Bonds a vapor. p. 04, 1894. 
Fonte: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

Duas coisas chamam a atenção neste pequeno fragmento. A primeira é a referência aos bondes. Esta é a primeira vez que encontro a menção a este assunto em um jornal de Leopoldina. Nas muitas vezes que visitei o Leopoldinense ou mesmo a Gazeta de Leopoldina, não me deparei com nada do tipo. O único meio de transporte mencionado é a ferrovia, pelo menos no século XIX e início do século XX, a não ser por algumas rápidas menções em folhetins.

Outra coisa intrigante é ideia de usar o bonde para interligar distritos. O bonde é um meio de transporte tipicamente urbano e que possui um número limitado e passageiros, se comparado aos vagões de um trem. No Brasil, o primeiro bonde começou a circular em 1859, por tração animal. Em 1862 vieram os bondes a vapor. Em 1892 os bondes elétricos já haviam sido introduzidos no Brasil, mas Leopoldina só viria a ter acesso à energia elétrica em 1905, com a criação da Companhia Força e Luz Cataguases-Leopoldina (atual Energisa). Daí a menção aos bonde a vapor e não aos bondes elétricos.

Para saber se houve realmente a apresentação do projeto à Câmara se faz necessário uma análise documental que não tenho intenção de fazer no momento por indisponibilidade de tempo. De todo modo, vale prazer de especular um pouco sobre a história de Leopoldina e, quem sabe, inspirar outras pessoas a se aprofundarem nela?


INSCRIÇÕES PARA O 30º SIMPÓSIO TEMÁTICO DE HISTÓRIA DA ANPUH


O 30º SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA ocorrerá na cidade de Recife, entre os dias 15 e 19 de julho de 2019. O encontro é organizado a cada dois anos pela ANPUH (Associação de História) e conta com a participação de historiadores e professores de todo o país.

O tema para 2019 é de extrema importância, uma vez que levanta a questão do futuro da disciplina e como devemos estar preparados para ele. Em tempos em que a emergência de um pensamento reacionário, que demoniza o ensino de história, é preciso mais do que nunca abrir para o debate e buscar formas de fortalecer a educação no Brasil. 

Curiosamente, foi em Recife que participei pela primeira vez de um Simpósio da ANPUH, em 1995 (só havia participado, até então, de encontros regionais). Foi uma experiência única, um marcador de águas na minha vida profissional, por assim dizer. É com um certa nostalgia que pretendo participar de mais este.

As inscrições para COORDENADOR(A) DE SIMPÓSIO TEMÁTICO e para COORDENADOR(A) DE MINICURSO já estão abertas. Os requisitos são: estar associado à ANPUH, com a anuidade em dia, e ter título de doutor(a).

O prazo para inscrição nas modalidades indicadas acima é até o dia 6 de novembro e 2018.

Para mais informações ou inscrever-se, clique aqui.

Participe e colabore na divulgação!

Caso haja interesse de associar-se para poder inscrever-se nas modalidades acima, indique que acesse o site da ANPUH-Brasil.